Sem escoar produção diária de 1500 litros de leite, produtor de Inhapim faz doação a moradores, mas grande quantidade ainda é descartada
CARATINGA- A produção é de 1500 litros diariamente. O destino nos últimos dias têm sido somente dois: doação ou descarte. Essa é a situação vivenciada em uma propriedade situada à Vila Marques, em Inhapim. Impedidos de escoar a produção, o leite fica parado no tanque de resfriamento.
Conforme a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o perigo ao parar de ordenhar um animal, é que a vaca pode desenvolver mastite, inflação da glândula mamária. Por isso, a ordenha acontece todos os dias e já é possível sentir os prejuízos. Em entrevista ao jornal O Tempo, o diretor executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios de Minas Gerais (Silemg), Celso Moreira, já havia estimado as perdas. “Cerca de 16 milhões de litros de leite são diariamente direcionados à industrialização. Todos os dias, as vacas são ordenhadas. Com a paralisação, perdemos o leite parado nas estradas, os produtores perdem porque os caminhões não chegam às propriedades rurais para carregar, e, sem matéria-prima, as indústrias ficam ociosas”.
Na propriedade de Inhapim, a situação não é diferente, conforme o encarregado Edimar. “Já temos três dias parados. Ontem (terça-feira) muitas pessoas vieram pegar leite, mas não têm onde pôr também, teve gente de Caratinga, Ubaporanga, daqui de Inhapim. Agora se encher logo e ninguém pegar tem que jogar fora. É na base de R$ 3000 reais por dia que se está perdendo. O dono veio aqui aborrecido, mas não tem o que fazer, o caminhão não pega leite, não pode estocar e o pessoal não tem o que fazer com tanto produto”, lamenta.
Conforme o funcionário, a expectativa é de que um cliente busque o produto amanhã, no entanto, o cenário ainda é de incertezas do acesso nas estradas. “O tanque está quase cheio de novo, esse é o da manhã, ainda tem o da tarde para entrar aqui. Disseram que pegam amanhã, mas também não está certo. Entregamos para uma empresa de laticínios de São João do Oriente, é perto, mas tá bloqueado lá não deixam passar”.
Ele ainda destaca que espera que a produção e escoamento voltem à normalidade nos próximos dias. “Essa greve prejudicou bem a gente aqui também. Como tinha muita ração antecipada, estocamos e deu uma aliviada. Mas, estamos esperando voltar ao normal. Vamos ver o que vai acontecer, está complicado para todo mundo. É torcer para o governo dar uma olhada pra nós também”.