Por Patrícia Nayara Estevam*
Olá, leitor!
O epidemiologista brasileiro Carlos Monteiro e sua equipe de pesquisas foram grandes visionários quando criaram o termo “alimento ultraprocessado”. Para introduzir o tema do artigo de hoje veja essa definição proposta por Carlos: “Os ultraprocessados são ruins pelo que têm e pelo que não têm. Ao mesmo tempo que são ricos em aditivos químicos, açúcar, substâncias estranhas ao nosso organismo, que mudam o microbioma intestinal, possuem composição deficiente em nutrientes, e são necessariamente desbalanceados. Por isso são tão adoecedores”.
Em um mundo onde a praticidade muitas vezes se sobrepõe à saúde, é crucial dedicarmos um momento de reflexão para os alimentos ultraprocessados que, muitas vezes sem percebermos, tornam-se parte integrante de nossa rotina alimentar. O que parece ser uma solução rápida para a correria do dia a dia pode trazer consigo consequências significativas para nossa saúde a longo prazo. O guia alimentar para a população brasileira é claro e incisivo: evite os alimentos ultraprocessados!
Os alimentos ultraprocessados, caracterizados por passarem por alterações em sua composição original para facilitar o armazenamento e consumo, frequentemente apresentam altos níveis de conservantes, corantes, açúcares adicionados e gordura trans. Esses ingredientes, apesar de conferirem sabor e durabilidade aos produtos, estão associados a uma série de malefícios à saúde. Os conservantes químicos, como o nitrito, podem formar compostos carcinogênicos durante o processamento e consumo, enquanto corantes artificiais têm sido ligados a distúrbios comportamentais em crianças. Açúcares adicionados, especialmente em excesso, contribuem para problemas como obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, além de promoverem inflamação crônica. Já as gorduras trans, frequentemente encontradas em alimentos ultraprocessados, aumentam o risco de doenças cardiovasculares ao elevar os níveis de colesterol ruim (LDL) e diminuir os níveis de colesterol bom (HDL). Além disso, a falta de regulamentação eficaz sobre o uso dessas substâncias em determinados produtos alimentícios contribui para a falta de transparência e consciência por parte dos consumidores no momento da compra.
Assim, ao optarmos por uma alimentação baseada em alimentos in natura ou minimamente processados, como frutas, verduras, legumes, cereais, leguminosas e carnes frescas, não apenas proporcionamos benefícios à nossa saúde, mas também apoiamos uma produção alimentar mais sustentável e ecologicamente responsável. Não há outra solução, uma alimentação saudável é a base para uma vida mais saudável.
Para finalizar, as dicas de hoje são: crie o hábito de descascar mais e desembalar menos, e se for preciso comprar algum alimento industrializado, leia o rótulo (quanto menos ingredientes tiver na composição, melhor para sua saúde). Se ainda ficou alguma dúvida sobre o que é um alimento ultraprocessado e como identificá-lo nas prateleiras dos supermercados, acompanhe abaixo uma lista desses produtos que está presente no guia alimentar para a população brasileira.
Vários tipos de biscoitos, sorvetes, balas e guloseimas em geral, cereais açucarados para o desjejum matinal, bolos e misturas para bolo, barras de cereal, sopas, macarrão e temperos “instantâneos”, molhos, salgadinhos “de pacote”, refrescos e refrigerantes, iogurtes e bebidas lácteas adoçados e aromatizados, bebidas energéticas, produtos congelados e prontos para aquecimento como pratos de massas, pizzas, hambúrgueres e extratos de carne de frango ou peixe empanados do tipo nuggets, salsichas e outros embutidos, pães de forma, pães para hambúrguer ou hot dog, pães doces e produtos panificados cujos ingredientes incluem substâncias como gordura vegetal hidrogenada, açúcar, amido, soro de leite, emulsificantes e outros aditivos.
Bibliografia consultada:
– Guia alimentar para a população brasileira / ministério da saúde, secretaria de atenção à saúde, departamento de atenção Básica. – 2. ed. – Brasília: ministério da saúde, 2014.