DA REDAÇÃO – Morador de Caratinga procurou a reportagem do Diário do Aço neste último fim de semana para relatar que perdeu R$ 5 mil no chamado “golpe do nude” e só não perdeu mais porque ao pesquisar na internet localizou a notícia “Homem escapa do ‘golpe do nude’, por pouco”, publicada pelo Diário do Aço no dia 28 de julho. Ele é mais uma das inúmeras vítimas de uma quadrilha, cujos membros agem a partir do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
O golpe começa quando usuários das mídias sociais, principalmente Facebook e Instagram, geralmente homens adultos, são procurados por mulheres bem jovens. Elas pedem para a vítima adicioná-las com o argumento que querem amizade. No próximo passo, há uma insistência para a troca de WhatsApp. Pelo aplicativo de mensagens o golpe evolui para um plano mais avançado. Da amizade, evolui para um namoro virtual até que ocorre a troca de nudes entre as partes. Daí o nome, “golpe do nude”.
No próximo “pulo do gato” dos golpistas entram em cena outros atores. Às vezes a vítima é procurada por um advogado e, às vezes, por um suposto delegado de polícia.
A história, em resumo é que a “menina” com a qual a vítima conversava e troca imagens nuas ou eróticas era menor de idade e, para evitar um inquérito na “Delegacia de Menores” o suposto advogado ou delegado passa a exigir dinheiro para abafar o caso. Foi numa situação dessas que o morador de Caratinga repassou R$ 5 mil. Pensou que estivesse livre dos golpistas, mas passou a receber ligações telefônicas, dia e noite, em que exigiam mais dinheiro, alegando, entre outras coisas que era para pagar psicólogo para a menor de idade “molestada” pelo adulto.
Entre segunda-feira (12) e sexta-feira (16), a editoria do Diário do Aço foi procurada por cinco vítimas, das quais, três caíram e, coincidentemente, pagaram cada uma R$ 5 mil para tentar se livrar da acusação de pedofilia.
Uma das vítimas conta que depois do primeiro valor extorquido, os criminosos queriam mais R$ 16 mil: “Me arrancaram R$ 5 mil, mas estou com eles ainda aqui no meu encalço. Pediram mais R$ 16 mil hoje (15/9). Como eu não podia sair do serviço, eles estão esperando que pela manhã de sexta-feira, eu vá no banco fazer um empréstimo. Falaram pra eu me virar, e até mesmo vender algum bem pra passar o dinheiro para o suposto tratamento da mulher… Pedi pra eles me enviarem um e-mail para que conversem com meu advogado. Eles responderam para não comprometer eles, e blá, blá, blá”, relata.
Em outro caso, a vítima, de 49 anos conta que eles encenaram um surto dos pais da suposta menor de idade e mostraram fotos de uma casa com móveis todos quebrados. Nesse caso o dinheiro que tentavam extorquir era para pagar os supostos prejuízos da família depois que o pais surtou ao ver que a filha “menor de idade” trocava nudes com um adulto em Ipatinga.
A quadrilha também usa a identidade do delegado de Polícia Civil João Carlos Pinto de Abreu. Os criminosos usam uma identidade funcional da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, totalmente fora dos padrões, mas conseguem assustar as vítimas e, por isso, muitas caem na extorsão. Usando uma conta no aplicativo de mensagens, com a insígnia da Polícia Civil, o golpista faz seguidas ligações telefônicas anunciando a abertura de inquérito por pedofilia. No desespero, já foi publicado que uma vítima do Vale do Aço perdeu R$ 90 mil para os golpistas.
Conforme já noticiado, a dinâmica é sempre essa: Primeiro uma mulher bonita faz contato com um homem, depois da troca de fotos nuas e eróticas surge um suposto policial, alega que a mulher era uma adolescente e, em seguida, vem a extorsão em dinheiro para “não dar seguimento ao inquérito”. É golpe, não pague nada e bloqueie os contatos, orienta a polícia.
Alerta
O verdadeiro comissário Abreu, da Polícia Civil de Vacaria (RS) já gravou um vídeo em que falou acerca da situação. “Estão utilizando da minha imagem e do símbolo da Polícia Civil do Rio Grande do Sul para tentar extorquir as pessoas em todo o Brasil. Usam minha foto e de outros policiais. Fiquem alertas, não caiam no golpe e registrem o boletim de ocorrência”, afirma o verdadeiro comissário Abreu.
Fonte: Diário do Aço