Minas Gerais vive um dos piores cenários de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypt em toda a história do estado. O último boletim epidemiológico, divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado, revela o registro de quase 900 mil casos prováveis de Dengue no ano de 2024 e mais de 72 mil casos prováveis de Chikungunya. Quanto ao vírus Zika, até o momento, foram registrados 154 casos prováveis.
A Dengue é uma das doenças mais prevalentes em Minas Gerais e os surtos recorrentes dessa doença afetam comunidades urbanas e rurais em todo o estado. O Chikungunya e a Zika, embora menos comuns do que a Dengue, também apresentam preocupações significativas por conta dos sintomas debilitantes e dos casos de microcefalia associados à infecção durante a gravidez, que ganharam destaque como desafio adicional para os sistemas de saúde nos últimos anos. `
Diante desse cenário, bem como da falta de tratamentos específicos para essas doenças, muitos pacientes recorrem à automedicação e ao uso indiscriminado de medicamentos, na tentativa de aliviar os sintomas e acelerar a recuperação. No entanto, essa prática pode ocasionar complicações severas e até mesmo agravar o quadro clínico dos pacientes. O paracetamol, medicamento frequentemente utilizado para reduzir a febre e aliviar a dor, embora seja considerado seguro dentro das doses médicas recomendadas, pode ser um grande causador de danos no fígado em doses excessivas, principalmente nos pacientes com Dengue, que já podem apresentar um comprometimento hepático devido à doença. Outra preocupação, talvez a maior delas, está relacionada ao uso indiscriminado de antiinflamatórios não esteroidais (AINE’s), como o ibuprofeno, diclofenaco, entre outros. Esta classe de medicamentos tem propriedades anticoagulantes e antiagregantes plaquetários que, por sua vez, podem aumentar o risco de sangramento e favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas em pacientes acometidos pela Dengue.
É necessária a compreensão da população de que a eficácia dos medicamentos só é garantida quando usados de acordo com as instruções médicas, seguindo a dosagem prescrita e as orientações de administração do fármaco. Além disso, é uma medida que evita riscos de intoxicação e efeitos colaterais, inclusive fatais.
Antes de iniciar qualquer tratamento, a orientação médica ou farmacêutica é indispensável e, diante dos sintomas persistentes, a busca por atendimento médico hospitalar é crucial para uma avaliação precisa e, também, para um tratamento adequado. A prevenção, por meio do controle de mosquitos, e medidas de proteção pessoal, tal como o uso de repelentes, continuam sendo as melhores abordagens para o combate da disseminação dessas doenças, além do incentivo ao uso consciente e responsável de medicamentos, que evita sérias complicações adicionais.