Margareth Maciel de Almeida Santos
Doutora em Sociologia Política
Membro do Instituto Nacional dos Advogados do Brasil (IAB)
Falar de Caratinga é falar dos meus antepassados, das minhas filhas, de profissionalismo, de aprendizagem; enfim, da minha vida, da minha alegria, da minha tristeza, laços profundos com essa cidade. Quando percebi que uma formiguinha, tão frágil, carrega folhinhas para passar o inverno, com sua persistência e força, descobri que sou capaz de escrever um livro sobre a minha vida. Em breve, lançarei! Será o meu primeiro “Best Seller”.
Neste artigo, apresentarei um pequeno comentário desse livro, que está sendo criado com muito amor, mas ainda sem um nome definido. Penso em colocar “Irei começar pelo depois”.
Senti muito por ter saído de Caratinga, devido a motivos pessoais, e ir para o Rio de Janeiro fazer um doutorado; ao mesmo tempo, levei experiência de vida, lembranças gostosas, amizades verdadeiras e eternas. A minha permanência no Rio por quase quatro anos foi celebrada por muitas conquistas, era uma “estrangeira”! No entanto, ter ido morar com a minha filha Gabriela foi um consolo, alegria e apoio nas minhas escolhas. Aliás, poder contar ainda com Carolina e Isadora, minhas outras filhas, não tem preço. São três obras de arte que Deus me deu! O diálogo profundo de mãe e filha acalmava meu coração e minhas decisões. Mãe é mãe, nem tenho palavras para agradecer à Everilde Maciel de Almeida, minha mãezinha, sempre ao meu lado. Para não dizer que “só falei de rosas”, carrego comigo muita saudade de tudo o que eu vivi, em Governador Valadares, no Rio e principalmente em Caratinga. O meu vínculo com a Catedral São João Batista, onde muitas vezes me ajoelhava para suplicar muita sabedoria, fortaleza para viver cada momento que se apresentava, era o ponto crucial, pois no Grupo da Sagrada Face de Jesus, Sagrado Coração de Jesus, onde cada uma orava pela outra, o calor humano era fantástico! Agora, depois de tudo que eu vivi, posso dizer: – Sou uma formiguinha! – Eu venci!
Minha ligação com Caratinga é antiga, meus antepassados viveram nessa terra. Meus avós paternos são Marçal de Almeida Soares, que era de Dom Lara; e Anair Lopes de Almeida, conhecida com D. Fiita. Vovô Marçal tinha uma mercearia com o seu nome, “Mercearia Marçal”, na rua João Pinheiro 130, que hoje é a Med Center, onde profissionais, me recordo do Dr. Aluísio Mauro e sua esposa Marisa, Pedro Bonfim, Dr. Miguel. O prédio ocupou o terreno da casa e mercearia dos meus avós.
Dora Bonfim, comadre de meus avós, pois é madrinha da minha tia Elizabeth Soares de Almeida, me conta que, no pequeno quintal da casa, havia um abacateiro maravilhoso, que dava para pegar os abacates. A mercearia era ao lado da casa da D. Dulce Moura, casada com o Sr. Tizil, que faleceu em janeiro desse ano, com mais de 100 anos.
Meu pai, Nierzi Lopes de Almeida, grande advogado e funcionário público da Receita Federal em Governador Valadares, era o mais velho dos doze filhos, sendo sete homens e cinco mulheres. Agora são somente seis. Meu pai se formou em direito em Juiz de Fora e foi para Governador Valadares, onde passei a minha infância e me casei, mas finais de semana eram em Caratinga, férias e feriados divididos com o Espírito Santo. Após a morte dos meus avós paternos, todos os que ainda residiam em Caratinga se mudaram para Belo Horizonte, mas relembram com muita felicidade os momentos maravilhosos vividos nessa “ santa terrinha”.
Comentando sobre meus avós maternos, me recordo que meu avô, Dr. José de Paula Maciel, criado pelos tios em Ipanema e que depois foi morar em Caratinga, onde se elegeu prefeito da cidade. Primeiramente como vice de 1959 do Dr. Euclides Etiene Arreguy, pelo Partido Social Democrático (PSD), e depois em 1971 a 1973, pela Arena Renovadora Nacional. Foi ele quem construiu o Posto de Saúde Municipal e a Farmácia Municipal de Caratinga, que fornecia medicamentos para toda a população carente. Meu avô tinha muita confiança no médico Dr. Manoel Geraldo, que atendia no referido posto.
Lendo o Diário de Caratinga, publicado no dia 24 de junho do corrente ano, me deparei com a reportagem do Dr. Iônio de Souza, onde citou a “localização do Cento de Saúde, na rua Princesa Isabel, na administração do José Alemão” como era conhecido meu avô. Obrigada, Dr. Souza, por se lembrar de meu avô!
Posso citar várias obras, como o IBC, Instituto Brasileiro do Café, que na época foi notável; a Escola Polivalente, e posso dizer com orgulho que Caratinga foi calçada com pedras portuguesas que meu avô encomendou para abrilhantar ainda mais a Cidade que tanto amava. Foram muitas obras, mas não terei espaço para citá-las aqui neste artigo. A escritora Marilene Godinho escreveu em seu livro, Dr. Maninho, o prefeito do povo em 2017, sobre o Dr. José de Paula Maciel, qualificando–o como “pessoa simples, honrada e dinâmica na condução da vida empresarial, política e profissional”. A escritora também citou que o Zé Alemão que “realizou um trabalho excelente voltado para a classe menos favorecida, no qual realçava o seu poder de gestão”. Obrigada, querida Marilene!
Minha tia Biba, Maria do Carmo Maciel, conta com orgulho, pois me disse que tem o documento de que foi construído – 25 casas no Imbé, em 1985, época em que “Zé Alemão já não era prefeito e não compareceu para entregá-las para a população carente. Pediu a um vereador do Imbé, Altair Ferreira, que essas casas fossem sorteadas e distribuídas para os mais pobres. As pessoas ficaram tão encantadas com as casas que alegavam não ter mobílias apropriadas, o que motivou a ida do meu avô a uma loja em Caratinga e comprar móveis para os sorteados. A loja ficava no lugar do Caratinga Palace Hotel. No momento em que ela me contou sobre esse fato, não estava de posse do documento e não se lembrava do nome do referido estabelecimento comercial. Esse hotel que citei acima ficava na rua Doutor José de Paula Maciel, nome dado em homenagem ao “Zé Alemão”. Nesse mesmo ano, 1985, meu avô faleceu.
O Jornal de Caratinga, A verdade dos Fatos, publicado em 24 de junho de 1980, relata a ida do governador Francelino Pereira dos Santos a Caratinga, para lhe “mostrar suas obras, seus personagens que formam sua história, seus problemas, num plano mais elevado, o seu povo, esse povo que tudo que de bom e de melhor pudermos fazer”, escreveu Erich Gade, diretor administrativo do Sistema Caratinga de Comunicação (memoria.bn.br/pdf/847429).
A visita aconteceu na administração de João da Costa Mafra, prefeito que sucedeu o Zé Alemão, que o apoiou e ajudou a elegê-lo. Minha tia conta que o Sr. Humberto Luiz Salustiano Costa sabe contar a história de meu avô, e que inclusive o Sr. Humberto passou a noite toda no velório do Zé Alemão. Ele e o Ernani Freire, já falecido. As palavras dela revelam muita gratidão por ambos. Ela me conta também que na política o Sr. Robson Leite era um grande amigo e aliado de vovô. Cito ainda o Sr. Manoel Ribeiro, pai de Nelson Ribeiro, Antônio Fonseca, Dr. Márcio Cerqueira Lúcio Tomé, Benito Porcaro, Dário Grossi, Francisco Lopes Evangelista, Augusto Braga Filho, Pedro Cabral. Os cinco últimos eram seus sócios-proprietários na Viação São Geraldo. São tantos nomes, que prometo que em meu livro os citarei, pois sei da importância na vida do Zé Alemão.
Eu me recordo do grupo de políticos, que sempre estavam juntos de José de Paula Maciel, e esse tinha grande admiração e amizade. Posso citar Dênio Moreira de Carvalho, Murilo Badaró, José Augusto Ferreira Filho, Milton Chagas, Euclides Etiene Arreguy, que faleceu em 1959, e meu avô assumiu a prefeitura, pois era o seu vice, Dr. Eduardo Daladier, Milton Chagas, Antônio de Araújo Cortes, Narcélio Mendes, Mauro Lopes e outros que não me vêm à memória neste momento. Peço desculpas.
A minha avó materna se chamava Custódia Teodoro Maciel, mulher forte, guerreira e muito católica. Eu aprendi com a minha avó a rezar, a ter amor por Nossa Senhora e em Nosso Salvador Jesus Cristo. Saudade, muita saudade de ir com ela à missa da manhã na Catedral São João Batista e à Adoração no Santuário, às 14 horas, às segundas-feiras.
Após falar do meu vínculo com a cidade de Caratinga, em meu livro também ire falar sobre o Diário de Caratinga e não posso deixar de prestar uma pequena homenagem a esse veículo de comunicação que neste ano completou 25 anos. Eu tenho a oportunidade de fazer parte dessa equipe e gostaria de citar um fato.
Desde que escrevo para o Diário, me comunico com José Horta da Silva Barros, editor, mas nunca o conheci pessoalmente. Inclusive quero parabenizá-lo, pois dia 26, sexta-feira, foi o seu aniversário. Sempre, quando me atraso para enviar o artigo, lhe peço que me espere a terminá-lo, ou seja, que não feche a edição sem mim (grande ousadia da minha parte), e ele pacientemente me diz “sim”.
José Horta me contou que “sobre ser jornalista, gosto da forma como a profissão é chamada nos países onde se fala espanhol, periodista”. Ele conta que sua missão “é contar o que aconteceu de relevante em Caratinga e região nas últimas 24 horas” e que tem o “principal desafio de “não deixar que as minhas convicções ideológicas falem mais alto, ser isento”. Conta que “é um editor realizado”. Disso eu não tenho dúvida, pois o Diário tem o seu lugar, e José Horta me apresenta como uma pessoa sempre pronta para registrar os fatos. Parabéns, Diário!
Também lhes contarei como foi minha vida em Governador Valadares, as amizades de infância que ainda permanecem, os vínculos afetivos, as farras de juventude no Colégio Ibituruna. Primeiramente, no Colégio Imaculada Conceição e depois que o colégio dos padres, passaram a aceitar as “meninas”, com muito custo, meus pais me deixaram ir para lá.
A minha vida no Rio de Janeiro também será revelada. Foi lá que eu me fortaleci, penso que o doutorado que fiz foi como uma válvula de escape, que me abasteceu e ajudou-me a preencher os vazios, o luto que eu estava vivendo naquela época em que deixei Caratinga. Minha casa nessa cidade que eu amo, arquitetada pela Dra. Ana Marta Ligeiro, é linda, e hoje está alugada. Posso dizer que todos que passaram por ela, tiveram muito zelo em preservá-la. Muito obrigada!
Como eu lhes disse, minha saída de Caratinga foi muito dolorosa, mas deixei grandes amigos, que em meu livro os citarei, contando sobre suas trajetórias. Falarei de cada um com muito zelo, pois os solicitei para me contar sobre a história de suas vidas. Se nasceram em Caratinga ou se foram para lá em busca de oportunidades? Porque estão até hoje nessa cidade maravilhosa? Quero agradecer de antemão à Vânia Félix, ao Jésus, Lêda e Aparecida, ao Rogério Frade, à Marluci, ao Dudu Fraga, por quem tenho uma admiração por sua garra e coragem, e tantos outros que falarei em meu Best Seller.
Eu irei terminar com uma estrofe que ouvi por meio da rádio Alvorada em Belo Horizonte, quando estava indo do Bairro de Lourdes para a orla da Lagoa da Pampulha, onde estou residindo com o meu namorado Rodolfo Starling: – Jesus, Tu és bom o tempo todo, o tempo todo Tu és bom!
PAZ e BEM!