Ter uma formação distinta pode ser de grande influência na sociedade. Mais do que nunca a oportunidade se abre diante de nós em todos os recantos do nosso Brasil. Vivemos tempos em que a necessidade de líderes com um coração desprendido e verdadeiramente abnegado é imprescindível – e é por isso que estou compartilhando essas ideias [neste livro].
Venho de uma experiência dentro de comunidades com língua, cultura e confissão diferentes. Inclusive no ramo de negócios, nos quais dediquei quase vinte anos de forma muito intensa. Nas comunidades de fé tenho visto maravilhas – na verdade, sempre fui apaixonado pela igreja. A pergunta, porém, que ficava latejando desde meus primeiros dias de reflexão mais dedicada era: “Mas por que há pobres na igreja?” Em diversas ocasiões pude participar do início de um processo de verdadeiro envolvimento entre irmãos, a ponto de presenciar doações com características de milagres. Aí vinha um impedimento, problemas – às vezes o próprio líder tinha que recuar…
Não deixei de sonhar, porém. Principalmente porque descobri que o nosso Criador tinha um plano definido para nossa vida em conjunto – um sonho cujas bases se encontram no Livro, e que em alguns momentos conseguiu transparecer de forma muito real. Se lermos a Bíblia buscando características que destacaram o povo de Deus, ficamos convencidos que podemos trazer mais justiça na sociedade se pudéssemos transformar as pequenas congregações locais. E mais: que o líder pode ter uma influência decisiva e benéfica entre e sobre os seus irmãos de fé.
Seguindo nessa lógica, levantamos, na primeira parte [do livro], perguntas sobre a forma como se prepara as lideranças de uma forma geral. Estamos com um critério na mão: como podemos influenciar a liderança a tender sempre para o lado generoso, e trazer soluções para os menos favorecidos, mas que são muito especiais aos olhos de Deus.
Estamos convencidos de que é o tipo de atitude que Jesus e os apóstolos tinham, e ela é necessária para fazer mover as ‘águas’ da indiferença social em sua própria comunidade. Hipoteticamente falando, achamos que há uma carência ou lacuna na formação da liderança cristã. Em outras palavras, falta a generosidade.
Na parte 2 a pergunta é o que Deus diz sobre esta nossa preocupação com os pobres? Três perguntas ficaram rondando a minha mente:
1) O Criador tinha um plano inicial de constituir uma sociedade justa?
2) Segundo o nosso Senhor Jesus, temos alguma coisa a ver com o irmão que está sofrendo falta e escassez?
3) Que significado o ‘Ide’ (Mt 28.19-20) tinha para os apóstolos, e que exemplo eles deram quanto ao apego às coisas materiais?
Para nossa alegria, os resultados desta busca no texto bíblico são grandemente reveladores.
Na terceira parte [do livro] estamos levantando implicações básicas decorrentes destas descobertas: quanto a ‘Pontos de consenso’ entre os que dirigem a escola de liderança, a uma ‘Linha Vermelha’ das diversas ‘Estações’ que o educando deverá passar, quanto às ênfases das ‘Disciplinas’, e, sobretudo, como, através deste processo, plano e metodologia de ensino, os aprendizes serão marcados com a marca da generosidade no exercício de sua liderança, como aconteceu na comunidade de Atos. Por fim, é reconhecida a necessidade de ‘Atos de justiça’ – projetos individuais ou coletivos, que cada egresso desenvolverá, e que poderá dar continuidade após a conclusão do curso.
O alvo é desenvolver a sensibilidade para os pobres de nossas comunidades. Mas isso não é novidade em nossos dias. É, na verdade, uma mensagem oriunda de nossas raízes, da tradição judaico-cristã, que se tornou preocupação de muitos, inclusive da ONU, como diz nos “Objetivos […] para o Milênio” (http://www.infoescola.com/geografia/metas-do-milenio/). Os dois primeiros, (1) Erradicar a extrema pobreza e a fome, e, (2) Atingir o ensino básico universal, tratam diretamente da situação dos pobres. O último, o de número oito, é (8) Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento, que, direta ou indiretamente, enfrenta os ‘algozes’, os sistemas econômicos dominantes em nossos países.
Este assunto é da maior importância e urgência. Temos, graças a Deus, um ‘protótipo’, que recebeu uma nota muito elevada do ponto de vista em consideração. Está escrito, preto no branco, que entre eles “não havia nenhum necessitado”. (Atos 4.34).
O fato é que a partir daquela célula a sociedade como um todo foi impactada. E no fundo no fundo mesmo, creio que era, é e continuará sendo o sonho de Deus!
(Extraído do nosso livro/e-book A GENEROSIDADE COMEÇA DE CIMA,
INTRODUZINDO O DILEMA DE NOSSOS IRMÃOS – Págs. 15-17)
Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – UniDoctum [email protected]