*Alex Cardoso Pereira
A qualidade da água de um rio em qualquer ponto reflete várias interferências, incluindo litologia da bacia, condições climáticas e interferências antropogênicas (TRINDADE, 2013). Segundo Oliveira et al., (2017) os corpos d’água superficiais são caracterizados como os mais vulneráveis à poluição devido à facilidade de acesso ao lançamento de águas residuárias industriais e domésticas, principalmente em bacias urbanas. Por fim, os organismos patogênicos, cuja origem em esgotos é predominantemente humana, refletem diretamente o nível de saúde da população e as condições de saneamento básico da região (VON SPERLING, 1996).
Nos ecossistemas aquáticos, a heterogeneidade da qualidade da água pode ser influenciada principalmente pela contribuição natural da bacia hidrográfica (conhecida como background, concentrações naturais afetadas pelas características geológicas e pedológicas do local) e pela magnitude dos impactos antrópicos como o consumo de água, lançamento de efluentes domésticos e industriais, escoamento superficial de áreas urbanas e rurais (KALSCHEUR et al., 2012). Do ponto de vista temporal, as oscilações de qualidade da água podem refletir as formas de uso e ocupação do solo.
Para Alves et al., (2018), o monitoramento da qualidade da água consiste na aquisição de um conjunto de dados físicos, químicos e biológicos de um determinado corpo d’água, incluindo sua variação espacial temporal. O monitoramento envolve um conjunto de procedimentos que visa a analisar certas características de um sistema, sempre o correlacionando ao objetivo estabelecido, que pode ser tanto a manutenção quanto a recuperação da qualidade da água (BRITTO et al., 2018).
A fim de ter uma gestão adequada dos recursos hídricos, o primeiro passo é o monitoramento da qualidade da água, para caracterizar parâmetros físicos e químicos que permitam diagnosticar as mudanças causadas por ações antrópicas ou naturais, no uso e ocupação do solo (BARETTO et al., 2014).
Segundo Trindade (2013), o monitoramento de corpos d’água por longos períodos e em várias estações de amostragem produz um banco de dados grande e complexo que abrange diversos tipos de parâmetros de qualidade da água. Essa complexidade dificulta a análise, a interpretação dos dados e a extração de informações úteis para a gestão adequada da qualidade da água, sendo o banco de dados muitas vezes subutilizado (TRINDADE et al., 2017).
O monitoramento das variáveis de qualidade da água pode ser considerado como um dos pré-requisitos para o sucesso de qualquer sistema de gestão das águas, já que o monitoramento possibilita a obtenção de informações necessárias, a atualização dos bancos de dados, e o acompanhamento do processo de uso dos corpos hídricos, que apresenta os efeitos sobre as características qualitativas das águas, visando a subsidiar as ações de controle ambiental (CARVALHO et al., 2015).
Um programa de monitoramento deve contribuir para esclarecer os diversos processos que afetam a qualidade da água, tanto os de origem natural quanto os resultantes de impactos antropogênicos, induzidos por fontes pontuais ou difusas de poluição. O gerenciamento efetivo da qualidade da água em grandes rios requer informações sobre a influência das atividades dentro da bacia (urbana e rural) em toda a bacia hidrográfica. No entanto, os programas tradicionais de monitoramento da qualidade da água realizados por agências individuais normalmente se referem a objetivos específicos, como o cumprimento de critérios de qualidade para descargas de águas residuais, e não fornecem informações sobre impactos na escala da bacia, especialmente em bacias hidrográficas (CHAPMAN et al., 2016).
O uso de índices de qualidade da água tem sido uma alternativa para monitorar mudanças (antropogênicas ou naturais) na qualidade da água ao longo de uma bacia ou tempo (MORETTO et al., 2012). A análise desses dados requer a aplicação de métodos estatísticos apropriados, especialmente em bacias urbanas, onde os processos que alteram a qualidade da água são diversos e produzem alta variabilidade (COELHO et al., 2017).
A utilização de métodos estatísticos multivariados como ferramentas exploratórias para a interpretação de dados sobre qualidade das águas superficiais concomitantemente com as análises de tendência proporciona um instrumento orientador para tomada de decisão a respeito dos recursos hídricos.
Alex Cardoso Pereira – Possui graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Universitário de Caratinga (2013) e mestrado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Viçosa (2017). Doutorando em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Viçosa, com ênfase em Saneamento Básico. Atualmente está como coordenador e professor titular dos cursos de Engenharia Ambiental e Sanitária e Engenharia Civil do Centro Universitário de Caratinga e atua como engenheiro ambiental e sanitarista da Fundação Educacional de Caratinga. Tem experiência na área de Engenharia Ambiental e Sanitária, com ênfase em Engenharia Sanitária, atuando principalmente nos seguintes temas: saneamento básico, salubridade ambiental, saneamento ambiental, saneamento rural, gestão ambiental, avaliação de passivos ambientais, projetos hidro-sanitários, projetos hidroambientais e gestão de projetos.
Mais informações sobre o autor: http://lattes.cnpq.br/4278514918681901