Reflexão sobre a RELIGIÃO e o estado da SOCIEDADE-3
Uma história muito conhecida na nossa tradição cristã:
… Jesus atravessava a cidade [de Jericó].
Havia ali um homem chamado Zaqueu, que era rico e chefe de publicanos [um judeu, cobrador de impostos para os romanos, e visto como traidor de seu povo].
Ele tentava ver quem era Jesus e não conseguia, por causa da multidão e porque era de pequena estatura.
Correndo na frente, subiu numa árvore [figueira] a fim de vê-lo, pois Jesus tinha de passar por ali.
Quando chegou àquele lugar, Jesus olhou para cima e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque hoje tenho de ficar na tua casa.
Então ele desceu rapidamente e o recebeu com alegria.
Ao verem isso, todos criticavam, dizendo: Ele foi ser hóspede de um homem pecador.
Zaqueu, porém, levantando-se, disse ao Senhor: Vê, Senhor, DAREI AOS POBRES METADE DOS MEUS BENS, e, SE PREJUDIQUEI ALGUÉM EM ALGUMA COISA, eu LHE RESTITUIREI QUATRO vezes mais.
Disse-lhe Jesus: Hoje a salvação chegou a esta casa, pois este homem também é filho de Abraão.
Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido. (Lucas 19.1-10)
Ao refletir sobre religião e sociedade, essa história (verdadeira!) se destaca de uma forma mágica.
Primeiro, vemos que esse judeu, de nome Zaqueu, era um homem religioso, isto é, conhecedor da lei de Moisés: a Torá (nome dado aos 5 primeiros livros da Bíblia) instrui o que fazer, inclusive quando a pessoa está bem financeiramente, ou é rica.
Ele sabia o que devia fazer: – se houve fraude, dano ao próximo, roubo, etc., deveria restituir naquilo que ele defraudou o próximo com juros e correção monetária bem clara e estabelecida: MULTIPLICAR POR 4 o que você tomou indevidamente!!!!
Mais detalhes sobre a vida dele não são revelados. COMO ELE ENRIQUECEU? Por herança, por trabalho ou pela fraude (são tantas as formas de aquinhoar bens ou dinheiro alheio).
Zaqueu, como funcionário do governo romano, cobrava os impostos de forma errada ou incoerente. A decisão que ele tomou foi acertada, justa: restituir quadruplicado a quem ele tinha roubado.
Mas a história continua: ELE era rico, talvez até por herança ou casamento com uma herdeira rica. Mas, por que ele sentiu que tinha algo errado nisso?
Ninguém – muito menos Jesus – lhe falou coisa alguma sobre o que fazer. Não houve apelo de lado nenhum. Mas lá no fundo ele sabia que isso não estava bem:
– ele vivia bem
– sua família estava bem
– e tinha reservas para enfrentar qualquer intempérie ou catástrofe futura
A pergunta crítica deve ter surgido lá no canto de seu coração:
– Mas por que preciso disso tudo?
– Será que devo construir casa maior?
– Ter mais propriedades?
– Um meio de locomoção mais moderno, mais veloz?
– Ah, já sei. No Livro está escrito em tantos lugares para cuidar dos pobres, dos desfavorecidos. É isso que vou fazer – agora, que ainda tenho saúde, que estou vivo. Vou DAR A METADE PARA ESSA CAUSA!!!
Será que esse princípio mudou?
Quando ele conheceu Jesus, tudo ficou claro.
Isso é assim até hoje.
Jesus em nossa vida clareia tudo.
E nos liberta da cegueira do dinheiro, das posses!
É tão incoerente, tão não-cristão que mesmo os líderes religiosos busquem se enriquecer.
Pior ainda: QUE NÃO SABEM O QUE FAZER COM A METADE DE SUAS RIQUEZAS!!!
Que tal se começasse essa revolução no meio dos ricos, dos poucos que colhem MUITO nos seus bolsos: de dar a METADE para os pobres?
O mundo seria muito diferente!
(As crônicas têm um podcast. Se você enviar seu e-mail, terei muito prazer em enviá-lo para você. Até – talvez você conheça alguém que não gosta de ler, mas gostaria de ouvir…)
Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – UniDoctum E-mails: [email protected] ou [email protected]