Vacinação avança nos distritos. Na área urbana, estoque se esgotou e imunização será normalizada hoje
CARATINGA- Na manhã de ontem, a procura por vacinação contra febre amarela nos postos de Caratinga continuou intensa. No entanto, por volta de 10h, a Secretaria de Saúde de Caratinga informou que o estoque de vacinas havia acabado momentaneamente, devido à grande procura pela população.
Segundo o Secretário de Saúde, Giovanni Corrêa, as vacinas estão sendo enviadas pelo estado até à Gerência Regional de Saúde (GRS) de Coronel Fabriciano e vacinas estarão disponíveis hoje nos postos de saúde do município. A Secretaria de Saúde pede a compreensão de todos os moradores, informando que todos aqueles que precisam da imunização serão vacinados no decorrer da semana.
Oitava morte suspeita
Dr. Giovanni apresentou na tarde de ontem, a atualização do número de casos suspeitos na microrregião. Até a tarde de terça-feira (10), eram 63 casos suspeitos de febre amarela silvestre, sendo 26 deles na cidade de Caratinga.
O número de óbitos evoluiu para oito, com a morte de Geraldo Neto, 30 anos, que morava na cidade de Piedade de Caratinga, mas trabalhava no Córrego dos Nogueiras. Ele estava internado no Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga. Desse modo, até às 16h de ontem o número de mortes suspeitas pela doença estava distribuído em Imbé de Minas (3), Piedade de Caratinga (3) e Ubaporanga (2).
De acordo com Maria das Graças de Oliveira, irmã de Geraldo, há alguns dias ele sentiu uma forte dor de cabeça enquanto trabalhava. O quadro evoluiu para febre e os sintomas foram se intensificando. “Ele foi medicado e voltou para a casa, mas o médico não sabia o que ele tinha. Levamos ele na sexta-feira (6) novamente, no sábado (7) já desceu com ele para Ipatinga, direto para a UTI. É um choque. Foi uma perda muito grande, não está sendo fácil, mas pedimos a Deus o conforto pra nós e aqueles que também estão passando por esse momento difícil”.
O secretário ressaltou que a situação é preocupante, mas todas as medidas necessárias já estão sendo providenciadas. Ele ainda alerta que para quem mora na zona urbana, não é preciso entrar em pânico, pois o risco principal é para moradores da zona rural. “A Secretaria de Estado de Saúde já está aqui conosco, de plantão permanente, já montamos uma força tarefa para vacinação de todo o público alvo número 1 que é a zona rural. Ressalto que todos os pacientes que vieram com suspeita de febre hemorrágica são da zona rural. O único caso de um adolescente que era de Caratinga, ele havia feito 10 dias antes um ecoturismo, depois que voltou no período de incubação de três a seis dias que começou com os sintomas. Então é febre amarela silvestre, ou seja, restrito à zona rural”.
Mesmo assim, segundo Dr. Giovanni, a vacinação també seguirá na zona urbana. “Já iniciamos esse processo que já está em pleno andamento nos postos. Ainda que tivemos um problema de falta de vacina, a Secretaria de Estado de Saúde já confirmou que vai nos enviar mais doses, então, nós acreditamos que vamos fazer a cobertura vacinal de todo o município”.
O Ministério da Saúde recomenda que as pessoas que receberam duas doses da vacina contra a febre amarela em anos anteriores já estão imunizados contra a doença por toda a vida. Quem tomou a vacina no período de 10 anos, também está protegido. Gestantes, mulheres que estiverem amamentando e crianças menores de seis meses não devem tomar a vacina.
Vacinação avança nos distritos
A Prefeitura de Caratinga deu início ao mutirão de vacinações nos distritos. O primeiro local a receber a medida foi o distrito de Santa Luzia. Segundo Clarisse Cristina Melo, coordenadora da unidade do distrito, os moradores estão conscientizados, mas são necessárias algumas recomendações. “A gente fica feliz porque a população está procurando. Mas, pedimos um pouco de paciência, porque todos irão vacinar, mas, a princípio é preciso ter calma, pois a fila está grande. Já passaram até o momento (15h), 300 pessoas se vacinando, ainda têm mais algumas na fila. No cabeceira do Jacutinga também estamos fazendo a vacinação. Pedimos que a população utilize o repelente, enquanto não recebe a vacina e também ela demora 10 dias a começar a fazer efeito. E não apavorar. A gente tem que iniciar na zona rural porque é onde pode haver a incidência da doença”.
Clarisse ainda ressalta que, por questão de prioridade, as doses dentro da cidade de Caratinga foram disponibilizadas em menor número, por isso, muitas pessoas da área urbana estão procurando a zona rural em busca de vacinação, o que não é correto. “Eles não precisam vir aqui para se vacinar, porque a vacina estará disponível para eles, enquanto isso; utilizem repelentes. Eles não têm risco, não estão próximos à área de mata, não têm profissão como lavrador e não oferecem risco, só se vierem pescar ou alguma outra situação do tipo”.
Na tarde de segunda-feira (9) foram disponibilizadas 750 doses da vacina para Santa Luiza. Ontem a unidade não fechou no horário de almoço e a vacinação ficaria disponível até a aplicação da última dose. “Amanhã (hoje) já serão disponibilizadas mais vacinas. Está sendo por ordem de chegada, há verificação do cartão, pois algumas pessoas não têm necessidade de tomar a vacina. Se o adulto já tem duas doses da vacina e foi imunizado nos últimos 10 anos não precisa tomar a vacina. No caso das crianças, é interessante o profissional verificar o cartão, pois têm algumas particularidades”.
A fila para vacinação estava enorme, mas não assustou aos moradores que vieram de longe para imunização. É o caso de Lourdes Helena Couto, moradora do Córrego dos Pedros. “Fiquei uma hora na fila, mas não acho que é muito tempo devido à gravidade da doença. Acho que todos devem enfrentar, mesmo que seja pro mais tempo e tomar a vacina. Está todo mundo preocupado, inclusive tiveram casos perto da minha casa que podem ser da doença e o que mais aflige é o medo de não ter doses suficientes para a população”.
Valdirene Soares, moradora do Córrego Rio Preto, estava na fila desde 12h30. Ela afirmou que a comunidade está apreensiva com o risco da doença. “Há uns 20 dias meu pai achou um barbado morto e achou que era um relâmpago. Agora com esse surto nós alertamos para o que poderia ser e viemos vacinar. Até então a gente achava que era uma coisa normal. Agora todos estão em alerta, porque uma coisa dessas de uma hora para outra”.
Paulo Pedro de Souza, morador do Córrego do Lage também decidiu procurar o posto cedo e garantir a vacinação. “Estou há duas horas e meia na fila e tenho que vacinar, porque preciso trabalhar. Não gosto de agulhada não, mas tem que ir. Está todo mundo preocupado, tem que buscar mesmo, porque está complicado”.