Daniel Genelhu explica causas, sintomas e fala sobre novo método para combater este tipo de queda de cabelo
CARATINGA- A queda de cabelo muitas vezes causa desconforto aos homens e às mulheres, principalmente por questão de estética. A calvície, chamada pelos médicos de alopécia androgenética, é caracterizada por uma gradual e progressiva perda de cabelos devido a fatores hereditários.
Um diagnóstico precoce e tratamento adequado são imprescindíveis para estabilização deste quadro. Muitas são as dúvidas e mitos que cercam este assunto, por isso o Diário Saúde traz entrevista com o dermatologista Daniel Genelhu. Ele explica causas, sintomas e fala sobre novo método para combater este tipo de queda de cabelo.
Daniel possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2003) e especialização em Dermatologia pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde (2005).
Observamos alguns casos de áreas de perda localizada ou queda total dos cabelos. Mas, o que caracteriza a calvície?
O que chamamos popularmente de calvície, seria a alopécia androgenética, que no homem temos essa ‘coroinha’ que aparece, tem as entradas; a mulher geralmente perde o cabelo mais difusamente, só na parte central do couro cabeludo. Mas, temos vários tipos de queda de cabelo, a alopécia areata, que é uma doença autoimune, de causa desconhecida, que dá aquelas placas de ‘pelada’; e quando se faz uso de alguns medicamentos, normalmente na quimioterapia.
Qual a idade mais perigosa para a calvície instalar-se?
Como o nome já fala, tem a ver com genética, mas acontece em uma idade mais específica. No homem vai acontecer entre os 20 aos 40 anos e na mulher a partir dos 30 anos. Tem uma época que ela tem uma piora, mas você já carrega esse gene com você desde o dia que nasce. Já nasce predisposto a ter a calvície em alguma época da vida.
A alimentação tem alguma influência?
Tem. A alimentação tem influência em tudo, talvez não diretamente com a alimentação, porém pode se ver na prática uma pessoa que faz uma cirurgia bariátrica ou que começa a fazer uma dieta, vai ter uma perda maior de cabelo. Mas, a gente falando da calvície, dessa alopecia androgenética, ela tem muito a ver com hormônio. Então, a alimentação influenciando ou não, se o hormônio estiver ali, você está geneticamente marcado para ter essa queda de cabelo, ela vai acontecer.
O uso do boné ou do chapéu contribui para este quadro de queda de cabelo?
Não. Isso podemos ver na prática, a pessoa que não tem a genética para perder o cabelo põe chapéu o dia inteiro, pode fazer o que for, que o cabelo não vai cair. E a pessoa que tem a genética para perder o cabelo cuida, não usa boné, nem chapéu e o cabelo vai cair. A etiologia é hormonal, tem os hormônios envolvidos, tanto que o tratamento é em cima desses hormônios, então não é o boné, chapéu, o cabelo molhado que vai influenciar tanto. Lógico que a pessoa ficar com o chapéu o dia inteiro pode ter o processo de uma inflamação ali por causa até de higiene, mas, a causa da calvície não.
Muitos dizem que a calvície é uma condição que afeta mais os homens. E as mulheres?
Na mulher é muito comum também. Antigamente era uma queixa mais frequente até de mulher do que de homem. O homem meio que associava ir ao médico para cuidar da queda de cabelo como se fosse algo que deixava ele menos masculino. Tinha certo preconceito de tratar de estética, hoje isso mudou, o homem procura igual à mulher. Mas, antes era a mulher procurando muito mais para tratar a queda de cabelo.
Atualmente, já se quebrou um pouco esse tabu em relação aos homens?
Sim, ninguém quer ficar calvo. Essa calvície hoje conseguimos fazer o controle só com medicamentos, tratamentos tópicos, sem ter que fazer um implante ou transplante de cabelo. Se você perder muito cabelo, não tem uma solução, vai ter que fazer implanto e mesmo fazendo-o vai ter que tratar aquele cabelo que está ali para aumentar um pouco o cabelo para depois fazer o implante numa área menor.
Tem alguma medida para a pessoa observar no dia a dia que tem alguma coisa errada com os cabelo?
Normalmente não vai se ver queda de cabelo, o cabelo vai ficando em miniatura. Esse fio, por causa da ação do hormônio, na hora dele crescer, cada ciclo o fio cresce, cai e volta outro fio naquele mesmo folículo, nesse ciclo dele vai voltando cada vez mais fino, menor. Hoje é um cabelo menor, no próximo ciclo é um cabelo menor e menor. Então, o homem vai notar que o cabelo vai ficando mais ralinho, ele não está vendo o cabelo cair, está ficando mais falho. Uma foto de dois anos atrás, ele tinha mais cabelo que tem hoje, não vê tanta queda. A mulher é a mesma coisa, quando vê a queda é porque já está bem ruim. O normal é você ver esse cabelo ficando em miniatura.
Como é realizado o diagnóstico desses casos?
O diagnóstico normalmente é clínico, então é passar no médico que faz esse tratamento, vamos fazer o diagnóstico com sinais e sintomas que ele tem, de acordo com a queixa da queda de cabelo.
Se tratando das opções de tratamento. Muito se fala que o remédio para calvície causa impotência sexual. Isso é mito ou verdade? E quais são as opções de tratamento?
O grande vilão é a finasterida. Alguns casos, tem como efeitos colaterais a diminuição de libido, impotência, ginecomastia, que são temidos. São efeitos colaterais muito pouco frequentes e que, normalmente, com a descontinuidade do medicamento tudo se normaliza. Mas, hoje existem outras opções, não usamos a finasterida só sistêmica, você não toma o medicamento, aplicamos a finasterida no couro cabeludo. Existe uma técnica chamada MMP, que é a Micro Infusão de Medicamento na Pele. Então, antes você tinha a indução percutânea de colágeno, os Rollers que faziam aqueles microfuros e ali você induzia o cabelo, depois começamos a colocar medicamento em cima dessa indução percutânea. E agora usamos um aparelho, igual a um aparelho de tatuagem, que tem uma ponteira específica para fazer o MMP, com a aplicação desse medicamento como se fosse fazer uma tatuagem mesmo, mas ao invés do pigmento, da tinta, colocamos o medicamento. Esse medicamento é bem individual, fazemos alguns exames, vemos o que precisa e ali aplicamos no couro cabeludo a finasterida, o minoxidil e a biotina, que é uma vitamina que o cabelo precisa para crescer.
Quais têm sido os resultados desta técnica?
Os resultados são absurdos. Hoje tem muito acesso à informação, quem entrar no Google, buscar MMP Capilar que é essa infusão do medicamento na pele, vai ver que o resultado é muito bom. Esse temor quanto à finasterida e a impotência, não se tem mais porque o jeito que fazemos o medicamento chegar no couro cabeludo hoje é diferente.
Para finalizar, qual importância do tratamento precoce?
Posso falar porque tenho calvície, eu já passei dos 40 e cuido desde os 15, 16 anos mais ou menos, antes de ser médico eu já cuidava. Conseguimos pelo menos manter o cabelo, para você não ficar com o cabelo só na região parietal (lateral) e na região occipital (atrás). Então, o cabelo mantém. Falamos que o cabelo é a moldura do rosto e é verdade, se você pegar um jovem de 20 anos calvo, aparenta ter muito mais idade do que ele tem. E a pior coisa que tem é você olhar no espelho e não estar satisfeito com o que vê. Depois que perde o cabelo o caminho é muito mais árduo para você ter o cabelo novamente do que fazer essa manutenção. O implante pode ou não pode dar um resultado bom, não é um tratamento muito acessível, então é melhor cuidar.