Ildecir A.Lessa
Advogado
Não há um método eficaz para se medir o tempo, nem mesmo um plano de organização do tempo que funcione. Nesse tempo de Pandemia, em que fomos obrigados a isolar socialmente, o tempo vai correndo como algo que não se pode alcançar. Cada dia vivido é terminado com uma sensação de que nada foi feito, faltou tempo para tudo.
Nos primeiros dias de isolamento houve um início de uma espécie de exercício para elaborar uma previsão da passagem do tempo, para se evitar o tédio, mas o dia continuava a passar sem percebermos. Difícil de explicar esse flagrante passar do tempo, principalmente para aqueles que exercem sua profissão em casa, seja porque o faziam antes ou porque aderiram ao home office. O trabalho exige consumo de energia constante para gerar dinheiro e bens, isso implica em processo de escassez de tempo, tudo isso porque o dinheiro e os bens são obtidos por meio de longas horas de trabalho, provocando situações que às vezes nos leva a viver no limite das nossas possibilidades muitas vezes implica viver no limite da nossa agenda.
A formação de nossa agenda diária, já provoca angústia com perda de tempo, porque muitas vezes, não sabemos elegermos nossas prioridades, nossas necessidades mais emergentes e por isso, vem a conhecida procrastinação. No texto da economista Cristina Benito, extraído do seu livro Time mindfulness, “a falta de tempo é na verdade uma falta de prioridades que tem origem na comodidade, fazendo em primeiro lugar o que é mais fácil para nós”. A economista destaca que as três leis não se aplicam apenas ao trabalho, mas se estendem à gestão do tempo livre, onde tendemos a preencher todas as horas disponíveis.
Em sua origem estaria o chamado horror vacui, expressão latina que pode ser traduzida como “horror ao vazio”. Logo, necessário se faz administrar o tempo, de forma que não haja espaço para a operação do vazio, que muitas vezes nos levam a improdutividade, a falta de norte, dando espaço para o tédio e até mesmo a depressão, principalmente em tempo de Pandemia. A arma usada por Warren Buffett é uma caderneta em branco que mostra nas entrevistas. Em suas próprias palavras: “Você tem que controlar seu tempo. Diante das demandas de reuniões e coisas assim, sentar e pensar pode ser uma alta prioridade”.
Controlar o tempo, implica em organização e método constantes, sob pena de navegarmos no vazio. Preencher nosso tempo com trabalho é uma arma que impede de vivermos no tédio. Vivermos ocupados, a toda velocidade, agarrados na urgência, é uma forma de desintegramos o tempo. A definição de tempo, vem do latim tempus, a palavra tempo é a grandeza física que permite medir a duração ou a separação das coisas mutáveis/sujeitas a alterações. No entanto, a ideia de passado, presente e futuro diz respeito a um tempo singular, ocorrendo somente uma única vez. Ou seja, uma pessoa vivencia uma situação agora, no entanto não a sente, uma vez que ela tornou-se algo do passado.
Uma declaração feita por Einstein em 1955 foi que a diferença em ter passado presente e futuro trata-se de “uma ilusão”, ou seja, estas três etapas se tratam de projeções mentais, existem apenas na consciência humana. A cronologia permite datar os momentos em que ocorrem determinados acontecimentos. Trata-se de uma linha de tempo onde se pode representar graficamente os momentos históricos em pontos e os processos em segmentos. Essa é a razão dos especialistas afirmarem que o “achar que o tempo passou rápido” na realidade tem a ver como a nossa percepção. Há coisas rotineiras que fazemos onde o tempo parece durar uma eternidade, enquanto outras mais agradáveis onde o tempo parece passar muito rápido. Mas quando voltamos atrás e relembramos esses momentos, parecem que os momentos agradáveis foram mais longos. O certo é que o tempo passa e continua inexplicado.