Casos ocorreram na Maternidade Grimaldo Barros de Paula e no Pronto Atendimento Microrregional
CARATINGA- As mortes de dois recém-nascidos no sábado (25) e no domingo (26) estão sendo questionadas por familiares. Os fatos aconteceram no Pronto Atendimento Microrregional (PAM) e Maternidade Grimaldo Barros de Paula. Em ambos os casos, as famílias alegam negligência nos atendimentos.
Morte de recém-nascido de apenas nove dias
A primeira morte ocorreu na manhã de sábado (25). O recém-nascido tinha apenas nove dias. A família que é do Bairro Zacarias, em Caratinga, questiona o atendimento recebido até que a criança desse entrada no PAM de Caratinga.
De acordo com a avó do bebê, Sintia Aparecida Campos de Jesus, de 36 anos, a criança começou a apresentar sinais de problema de respiração. “Ele estava meio cansadinho, mas mamou a noite toda na sexta-feira. De manhã (sábado), por volta de 7h, ele já não quis mamar mais. Tentei dar mamadeira, ele não pegou. Fui trocar a roupa dele pra levar para o hospital”.
Para a família, um desencontro de informações teria provocado a morte do bebê. A avó afirma que procurou atendimento inicialmente no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, onde teve a primeira negativa de atendimento. “Eles falaram que não estavam atendendo. Não quiseram me atender. Voltei pra trás com ele no colo. No meio do caminho ele faleceu, porque até lá ele estava respirando. Entreguei na mão dos médicos do PAM e em seguida me falaram que ele tinha falecido. Não tive explicação nenhuma. Também não deixei abrir ele pra fazer exame, um recém-nascido. Não fizemos ocorrência”.
Sintia destacou que o bebê nasceu saudável e até o dia do falecimento não havia apresentando nenhum problema de saúde. Familiares alegam negligência no atendimento.
A reportagem do DIÁRIO DE CARATINGA conversou com a coordenadora do Pronto Atendimento Microrregional (PAM) de Caratinga, Amanda Maia e a enfermeira Luciana Maria Lourenço.
Segundo apurado pela equipe, a família do bebê esteve na portaria do hospital, mas teria sido orientada a procurar o PAM, pois, o local é a porta de entrada para atendimentos. “Fomos informados que a mãe não foi ao PAM, mas direto para a maternidade. As pessoas costumam pensar que por ser ligado a bebê tem que ser na maternidade, mas o certo é passar pelo PAM primeiro. Ela esteve na maternidade, quando foi orientada a ter ido ao PAM, esse trajeto pode ter feito com que se perdessem minutos preciosos para salvar a vida do bebê. Além de que não sabemos como ele estava em casa, ela relatou que ele não estava querendo mamar, pode ser que já estivesse em óbito”, afirmaram.
De acordo com a coordenação do PAM, a criança foi atendida pela unidade de saúde. No laudo, a causa da morte está como indeterminada. “Entrou para a emergência, foi feita manobra, tentaram reanimá-lo. Mas, após 40 minutos foi constatado o óbito. Portanto, houve atendimento pelo PAM”, finalizou.
Morte de bebê prematuro
Outro caso envolvendo a morte de um bebê foi registrado em Caratinga. Após cinco dias de espera pelo parto, Mayara de Souza Rodrigues da Paixão, 24 anos, deu à luz ao bebê no último sábado (25). No entanto, a criança (que nasceu prematura) faleceu no dia seguinte. A mãe segue internada em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A família reside em Santa Rita de Minas.
Para a mãe de Mayara, Alaíde Alves de Souza, a causa da morte do bebê e da gravidade do estado de sua filha teria sido a demora em realizar o parto. Segundo ela, a equipe médica que estava na Maternidade Grimaldo Barros de Paula se negou a fazer o procedimento, devido à falta de estrutura no local. Eles pretendiam a transferência da paciente para outro hospital.
Segundo Alaíde, após muita insistência o parto foi realizado. “Eles atenderam, mas demoraram a tirar a criança. Se tivesse tirado no momento em que ela estava gritando, pedindo ajuda, por socorro; tinham salvado ela e o bebê. Mesmo que prematuro, dá pra colocar na incubadora e ele sobreviver. Não tinha nem sete meses ainda”.
Ela relata os momentos de sofrimento vivenciados pela filha, que segundo relata, esperou bastante tempo por socorro. “Ela ligava pra mim lá em casa: ‘Mãe, me ajuda, me acode. Estou sentindo muita dor’. Eu falei que não tinha condições de ir porque estava na roça, não tinha carro. Consegui vir hoje, porque meu marido ficou lá em casa com os outros meninos dela”.
Alaíde questiona o atendimento realizado na maternidade, lamenta o estado de saúde da filha e questiona a demora na tomada de decisão sobre a transferência ou não de Mayara. “Foi falta de esforço deles, mesmo que não tivesse vaga, transferisse para outro lugar que tivesse. Mas, rápido. Foram deixando, esperando vaga. O que resultou. Minha filha continua internada, não está bem, toda entubada na UTI. Ela não se movimenta, não está reagindo. Fiz carinho nela, ela não reagiu. Me falaram que ela está com risco de vida mesmo. Espero que Deus tome providência nisso tudo pra mim, é a única filha que tenho. Se ela falecer vai deixar duas crianças no mundo sem mãe”.
De acordo com avó do bebê, o sepultamento ainda não havia ocorrido, pois o pai da criança ainda estava providenciando os documentos necessários. O DIÁRIO DE CARATINGA esteve na maternidade em busca de informações, mas, os responsáveis estavam em reunião tratando do caso e até o fechamento desta edição não houve resposta.