CARATINGA – No dia 16 de março, os funcionários da Aliança Assessoria e Negócios foram demitidos. Conforme depoimentos de pessoas ouvidas pelo DIÁRIO, que não terão seus nomes revelados, não foi dado aviso prévio e simplesmente foi pedido para que pegassem seus pertences, pois a empresa não mais iria contar com os serviços dessas pessoas.
Passados dez dias, a falta de informação provoca receio e eles temem que não recebam suas verbas rescisórias. “Falaram que iriam entrar em contato. Mas, pelo menos, comigo ninguém fez contato. A Aliança sempre foi correta, pagando em dia, mas até hoje não recebemos o salário de fevereiro. Tento contato, mas não obtenho resposta. Esse silêncio é que incomoda. Estou meio perdido com tudo isso”, desabafou um ex-funcionário que prestava serviço para a Aliança em Caratinga.
E esse receio é sentido nos locais onde a Aliança tinha suas agências. A empresa contava com agências em 18 estados brasileiros. Em páginas da internet, como a Reclame Aqui, são dezenas de comentários de pessoas questionando a atitude da empresa. “Trabalho há 8 anos com consignado e nunca passei por um problema semelhante ao que tive com a Aliança Negócios. Desde dezembro estou sem receber as minhas comissões e preciso desse repasse para também cumprir com os meus compromissos…Peço auxílio a outras pessoas para que possamos ingressar com uma ação coletiva contra esta empresa”, diz uma pessoa que trabalhava para a Aliança e reside em Lagoa Seca/PB.
De Aracaju/SE, outra pessoa protesta: “Desde dezembro de 2014 essa empresa vem dando desculpas que deu uma pane no sistema financeiro e que estava regularizando a situação e nada de suas promessas de regularizar os pagamentos de comissões. Agora fechou as portas devendo todos os seus parceiros em todo Brasil e sem nenhuma satisfação. Pedimos justiça”.
Uma pessoa de Foz do Iguaçu/PR também está revoltada com essa situação: “Estamos mais que indignados com o procedimento da empresa Aliança. Somos uma microempresa que foi enganada por esta empresa. Estamos sem receber desde dezembro/2014. Eles agora fecharam as portas e estamos sem saber como mandar uma notificação judicial para os mesmos. Temos o endereço de São Paulo, mas não sabemos se ainda estão abertos. Se alguém tiver algum endereço válido, por favor, nos comunique”.
Circula na internet um informativo creditado a Aliança Assessoria e Negócios, embora este informativo não esteja no site oficial da empresa. A nota diz que a Aliança passa por um processo de “reorganização” e que pretende honrar seus compromissos.
No mesmo informativo constam nome e endereço de um advogado que estaria representando os interesses da empresa em Caratinga. A reportagem entrou em contato com o escritório desse advogado e foi informada que ele não mais representa a empresa.
A reportagem também tentou contato com representantes da Aliança, mas sem sucesso.
A Aliança ainda não explicou o que levou a paralisação das atividades. Existem comentários que no ano passado a empresa perdeu o convênio com o BMG e o faturamento teria caído pela metade, o que teria contribuído para a que a Aliança fechasse as portas.
DIREITOS TRABALHISTAS
A reportagem conversou com um advogado. Ele disse é possível receber as verbas indenizatórias, mas um profissional do Direito teria que analisar cada situação. “São casos diferentes. Existem funcionários e comissionados. A primeira coisa é provar o vínculo empregatício. A partir daí pode-se mover a ação trabalhista. A situação dos comissionados é mais complexa. Cada caso deve ser analisado para depois ser emitido um parecer”.
De imediato, o advogado orienta que seja movida uma ação trabalhista. “Assim o juiz autorizará a retirada do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), caso tenha sido depositado, e também autorizará a emissão da guia para recebimento do Seguro-Desemprego”, explicou o advogado.
“Sem documentação em mãos é difícil passar alguma orientação. O ideal é procurar um advogado da área trabalhista, pois ele seguirá os trâmites para o que o ex-funcionário possa receber suas verbas rescisórias”, concluiu.