CARATINGA – Na tarde de ontem, a Câmara Municipal de Caratinga recebeu populares, empresários e representantes da Copasa. O objetivo foi atender a uma solicitação do vereador Rômulo Costa, o “Rominho”, para que fossem esclarecidos os problemas envolvendo as inundações registradas este ano em Caratinga e a paralisação das obras de esgotamento sanitário do município.
A intenção ainda era apurar se as obras de canalização estavam relacionadas com as ocorrências de alagamentos. Na edição de ontem, o DIÁRIO entrevistou moradores e comerciantes que se sentiam prejudicados com as consequências da chuva de fevereiro.
O presidente da Câmara, Sergio Antônio Condé, esclareceu que não se tratava de audiência pública, mas de uma reunião. Foram realizadas apresentações sobre o que já foi realizado e o que ainda será feito, além de ações da Copasa no município.
As obras incluem a implantação de seis mil metros de redes coletoras e 25 mil metros de interceptores ao longo do rio Caratinga e dos córregos Sales, Santa Cruz e São João, em fase de canalização. Ainda, a construção de uma moderna e completa Estação de Tratamento de Esgoto – ETE, com capacidade para tratar 100% dos esgotos coletados na cidade.
O chefe do Departamento Operacional Leste (DPLE), Franklin Otávio Coelho Mendonça, explicou que as obras foram paralisadas no dia 26 de janeiro por problemas relacionados à indefinição no programa de investimento da empresa. Foi necessário paralisar os contratos e a possível solução do caso é esperada em assembleia de acionistas, que deverá acontecer no próximo dia 29 de abril.
De acordo com Franklin, a primeira etapa de obras possibilitou o atendimento a 73,48% da população de Caratinga. A segunda etapa pretende atender ao percentual restante, representado pelos interceptores, que têm por função, como o próprio nome indica, interceptar os esgotos que eram lançados diretamente nos cursos d’água.
Quanto às obras de canalização, o chefe do DPLE destaca que algumas interferências impossibilitaram a execução completa do serviço. Construções irregulares diretamente sobre os leitos dos córregos em interferência de pontes. Se tratando da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), a Copasa destaca que toda a estrutura de concreto já está pronta. “Na fluência dos córregos Sales e São João há construções que invadiram os leitos. Esta é uma situação atípica que exige tratamento especial da equipe técnica da Copasa. Tivemos que fazer reposicionamento dos interceptores construídos nas bordas da BR-116”.
Em resposta aos questionamentos da relação entre as obras de canalização e as inundações registadas recentemente, Franklin reforça que os canais aumentam a capacidade de escoamento, mas as construções e pontes têm interferido significativamente. “Eles representam barreira ao fluxo das águas. Precisamos buscar soluções para a questão das pontes, pois apresentam uma séria obstrução. Temos que pensar em uma solução mais adequada para a bacia dos córregos. Lembrando que a maioria das situações de entupimento de rede e obstrução é devido a depósito de resíduos diversos”.
O gerente do distrito do Caratinga, Albino Júnior Campos, falou sobre as ações da Copasa no município. Ele deu destaque em esclarecer a questão da cobrança da taxa de esgoto, muito questionada na cidade, dizendo que a empresa age de acordo com a resolução.
Ao final da reunião foi aberto espaço para que a comunidade se manifestasse. A maioria se mostrou insatisfeita em relação aos esclarecimentos. Joel Moreira afirmou que algumas questões não foram abordadas e que sentiu falta de objetividade na reunião e de que fosse dada voz à população.
Clausiano Peixoto, responsável por uma representação junto ao Ministério Público, para apurar as causas das inundações, muitas delas inéditas para alguns moradores; questionou o que a Copasa e o poder público teriam como projeto para solucionar estes problemas. “A Copasa disse que havia solicitado ao município adequações para minimizar o impacto de eventuais enchentes. A Defesa Civil respondeu apenas que tem um sistema de alerta. Precisamos saber se há um pré-projeto para solucionar essa questão”.