Margareth Maciel de Almeida Santos
Doutora em Sociologia Política (IUPERJ)
Membro do Instituto Nacional dos Advogados do Brasil (IAB-RJ)
Quem assistiu BARBIE?
Eu assisti com as minhas filhas e genros, mas confesso que quero ir de novo. Penso que é uma forma de refletirmos como o mundo foi feito para os homens e não para nós mulheres, pois agora é que está começando a mudar a questão da mulher no poder. Pode-se dizer que houve um certo avanço, mas ainda vemos mulheres ocupando o mesmo cargo dos homens e ganhando menos. Confesso que o filme não é totalmente positivo, mas a reflexão é de suma importância para aplicarmos conceitos sobre as políticas públicas trazendo referências aos acontecimentos históricos e reforçando a necessidade de desenvolver os direitos da mulher.
No contexto, o filme nos mostra a boneca BARBIE, tendo várias profissões, podemos chamá-la de “mulher pós-moderna”. Toda máquina de propaganda em relação ao empoderamento da BARBIE, foi montada para nos mobilizar com a finalidade de refletirmos da necessidade de se ter uma “ sociedade mais igualitária”, visto que a atual é feita por homens e para os homens, sendo que as mulheres ficam prejudicas em oportunidades. Além disso, BARBIE se apresenta acompanhada pelos homens mais bonitos, evidentemente apaixonados. Charme é a qualidade para a BARBIE. Vejam:
A BARBIE estereotipada, ficava perfeita o tempo tudo. Uma mulher magérrima, alta, loira de olhos azuis que foge do padrão da mulher comum, principalmente da mulher brasileira. Não posso nem pensar em me comparar com a BARBIE pois sou morena, baixa, olhos negros, e nada de magra. Tem períodos que me esforço para ser, mas adoro comer. Fiquei pensando em nós mulheres mais velhas, muitas são excelentes mães que muitas vezes sentem a necessidade de assumir o papel social, mas por se dedicarem tanto a família, ficam as vezes privadas de irem para o mercado e manter o glamour. A invenção da boneca BARBIE, me pareceu por meio do filme a querer ensinar as meninas a vestirem o cor-de-rosa e possui a função de fortalecer também os interesses capitalistas. Por outro lado, a boneca BARBIE se sentia afetada pelos pensamentos de quem brincava com ela. Se mostrou preocupada pois quer ensinar que as mulheres devem ser educadas, o que vai muito além do belo e o perigo das crianças quererem ser perfeitas como a BARBIE? E a felicidade está na perfeição?
Ai meu Deus? E quem disse que a mulher forte como ela é, guerreira, precisa hoje ser sustentada por um homem? Ainda existem as que são, por falta de oportunidades ou outras querem mesmo se dedicar à família, mas se ela faz os serviços domésticos, penso que deve ser bem remunerada (esse é um ponto para uma boa prosa) em todos os sentidos, porque a manutenção de um lar, e mesmo para a mulher de dupla jornada, manter a juventude principalmente para a mulher de classe média, é um esforço para vencer as marcas da idade. Haja esforços!
As múltiplas maneiras de que a publicidade se utiliza para vender os produtos necessários para manter a juventude, por meio de cremes, colágenos, é de uma tal força que nos faz correr ao encontro dessa beleza física e nos questionar como a bruxa da Branca de Neve: “- Espelho, espelho meu, quem é mais bela do que eu?”. Mas confesso que nós mulheres somos vulneráveis diante dessas propagandas, mas penso que fazemos não por causa do outro, mas sim para reforçar ainda mais o nosso SENTIR-SE MULHER e SER MULHER PARA NÓS MESMAS. O mito da não necessidade é irreal, pois afinal ser mulher por meio de sua capacidade, e ainda uma gota de botox, irá nos ajudar a sermos mais resistentes as tempestades. Inteligência emocional! Saibamos usá-la. O pior é que ainda não enxergamos certos fatos em nossa volta e a imagem da realidade está atrelada ao nosso ideal de felicidade.
Por outro lado, o conceito de poder, embora haja uma relativa mudança em grupos sociais, pode-se dizer que hoje a BARBIE PÓS-MODERNA, percebeu que pode trocar o salto alto por uma sandália confortável, onde ela pode pisar, não com o estereótipo daquela mulher que quer impressionar por meio da sua beleza, mas sim por meio da sua capacidade. No entanto, foi preciso muita luta, para a mulher entrar no mercado de trabalho e nada foi de forma natural para ela se descobrir, e descobrir, me desculpe a repetição do verbo, mas para exaltar que foi por meio de muito custo e muito empenho que nesse universo masculino o trabalho fora de casa se somava e soma ao trabalho doméstico. Desempenhar trabalhos importantes e convencidas sobre os problemas de desigualdade de gênero a mulher conta como sendo uma figura que a complete como ser humano, ou seja quere ser respeitada.
A BARBIE precisa ir ao mundo real, e encontrar respostas porque o mundo foi feito para os homens, porque a sociedade patriarcal permite o assédio sexual, subvertendo os princípios dos direitos humanos? Porque as oportunidades para mulheres são desiguais?
E olhem que a resposta para isso segundo o filme, e vemos no mundo real é que quando os Kens passam a brigar entre si, enfraquece a sociedade patriarcal, e o filme traz cenas específicas que eles se tornam menos empoderados. A empresa criadora da Barbe, é comandada pelos homens não havendo nenhuma mulher, inferiorizando a capacidade de a mulher pensar de forma clara e precisa e que essa BARBIE estereotipada é fruto de idealizações masculinas. Essas nos fazem buscar um padrão de beleza, que como eu disse acima, nos faz sentirmos mais poderosas, mesmo que reconheçamos a nossa capacidade.
Após termos ido assistir BARBIE, viemos para casa e adorei ouvir as críticas tanto positivas como negativas da minha família. Afinal, família é tudo!
Sobre o filme algumas curiosidades que penso ser relevantes nesse artigo. A boneca BARBIE, “foi criada no final da década de 50, sua representação limitada de gênero desperta críticas ao reforças estereótipos de feminilidade relacionados à aparência perfeita, moda e beleza, possibilita uma gama de influência por meio das mídias sobre crianças, jovens e nós idosas estabelecendo padrões de estilo de vida baseados em marcas”.
Mas uma coisa me deixou com a pula atrás da orelha: Será que os homens são mais unidos do que nós mulheres?
PAZ E BEM!