(Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade. Antes que venha o tempo da aflição e cheguem os anos, de que tu digas: esta idade não me agrada. Eclesiastes – cap. 12 – vers. 1)
Muitos dos meus amigos acham interessante esconder a idade. Entendem que ao declarar a idade correta, constante da carteira de identidade, sentem-se discriminados porque a velhice, para a maioria, é considerada ponto negativo em muitas circunstâncias.
Em alguns momentos, a discriminação é uma verdade. Exemplo: quando um coroa vai procurar um emprego, é difícil acontecer o aproveitamento. Fazem pouco da sua experiência. Um tabu é a história da competência sexual. Os idosos nem sempre conseguem dar conta do recado. E sofrem com a chacota que é feita, principalmente quando um velhinho cisma de se aproximar de alguma gata de pouca idade.
Interessante. Já tendo chegado aos 80, não me preocupo tanto com o fator idade. Sei das minhas limitações. Não exagero, principalmente porque além dos janeiros, ou seriam julhos (?), sou também safenado e prefiro ficar na minha: nada de voos mais altos.
Mas, se tem uma coisa que me aperreia é o excesso de não pode a que fica penalizado, desde quando se completa 50 anos, na hora que está à mesa para as refeições. Para controlar o colesterol, os triglicérides, a glicose, as alergias, a pressão arterial e outros tantos detalhes do organismo humano, o cidadão se vê frustrado diante de uma mesa de guloseimas. Não se tem mais prazer em comparecer a um restaurante porque os impedimentos são tantos que, de repente, o cara fica restrito a, apenas, tomar um copo de água natural. E olhe lá!
Pior é quando se vai atender a algum convite para um almoço ou jantar na casa de um amigo. Se o prato destaque é, por exemplo, uma feijoada, o próprio anfitrião fica chateado quando o convidado lhe confidencia as inconveniências que podem advir caso ele saboreie as delícias dos ingredientes colocados junto ao já saboroso feijão preto.
Na sobremesa é outra decepção. A madame, dona da casa, distribui um doce caseiro, feito com todo o carinho por ela mesma. E vem o descaso porque há de se controlar a glicose diante da possibilidade da diabetes.
Ou seja, assuntos sobre comidas nem sempre devem ser abordados em uma crônica de jornal. Deixam o pessoal de água na boca, principalmente aqueles que têm restrições catalogadas.
É por isto que eu digo: a pessoa tem que aproveitar até a faixa dos 30, 35 anos para fazer o que pretende. Até para o seu paladar. Depois, tudo fica mais complicado…
*Jornalista – Comentarista Esportivo “Beleza Pura”, convidado especial do programa Resenha Popular da Rádio Caratinga.