IPATINGA – O deslizamento de terra em um canteiro de obras públicas no Bairro Nova Esperança matou um trabalhador e deixou outro ferido no início da tarde desta sexta-feira (22). Funcionários de uma empreiteira contratada pela Prefeitura de Ipatinga realizavam a construção de um muro de arrimo na Rua Nove, quando o barranco acima das intervenções ruiu e soterrou integrantes da equipe. O ajudante de pedreiro João Ferreira Sobrinho, 44, foi retirado do local sem vida.
O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta de 13h15. Trabalhadores da empresa Minas Leste Engenharia haviam acabado de retornar do horário de almoço quando o trágico acidente foi registrado. Equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Defesa Civil, Polícia Militar, Polícia Civil e técnicos da Secretaria de Obras do município compareceram ao local. Uma multidão de curiosos se aglomerou na área do acidente.
Outros operários foram surpreendidos pelo desabamento, mas tiveram tempo de sair ilesos. Robson Gomes de Souza, 46, no entanto, também foi soterrado, mas os colegas conseguiram resgatá-lo antes mesmo da chegada dos bombeiros. Ele foi atendido pelo Samu com escoriações leves e levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no bairro Canaã, onde foi liberado ainda nesta sexta-feira.
A retirada do corpo de João Ferreira Sobrinho, por sua vez, demandou intenso trabalho dos bombeiros. Por mais de uma hora foram feitas escavações para o resgate do trabalhador, que estava a dois metros de profundidade, quando foi morto por asfixia. O corpo foi recolhido ao Instituto Médico-Legal de Ipatinga. Oriundo da região de Quartel do Sacramento, zona rural de Bom Jesus do Galho, João Ferreira trabalhava há cerca de 40 dias na obra. Ele era casado e deixa seis filhos. “Fizemos um trabalho de revezamento, bastante cansativo e desgastante”, resumiu o comandante do Corpo de Bombeiros Militar de Ipatinga, tenente Hoberdan Inácio.
Abalado, o ajudante de pedreiro Mateus Augusto da Silva, 24, relatou como viu tudo ocorrer. “Na hora eu estava com a pá enchendo o carrinho. O barranco caiu muito rápido, eu e outro colega ficamos com terra até a cintura, mas conseguimos sair. Minhas botas inclusive ficaram na terra. Eu não vi mais nada no momento, nem que o João estava ao meu lado antes de a terra descer. Foi tudo muito rápido”, comentou, emocionado.
Em nota, a Prefeitura de Ipatinga lamentou o acidente e manifestou solidariedade à família da vítima, com a prestação da assistência necessária.
TRAGÉDIA ANUNCIADA
Indignados, vizinhos alegaram falta de segurança nas obras executadas pela Minas Leste. “Um barranco de mais de três metros de profundidade estava solto, sem contenção, e trabalhadores ainda faziam a sapata na parte baixa. A terra estava úmida e o risco era iminente”, afirmou um pedreiro que mora próximo do local e preferiu não se identificar. Morador da casa que fica em cima do barranco que desmoronou, Genilson José de Almeida acrescentou: “o corte do barranco para o muro de arrimo foi feito na vertical, quando deveria ter sido chanfrado. Choveu na semana passada e trincou o barranco. Mas não há fiscalização da Secretaria de Obras, tampouco um técnico de segurança vistoriando o trabalho. O que chamam de fatalidade poderia ter sido evitada”, disparou.
A Prefeitura de Ipatinga informou que as intervenções estavam a cargo da Minas Leste – licitada no fim do ano passado, com fiscalização da empresa Consominas. Engenheiro da obra, Clécio Rodrigues rebateu acusações de insegurança no canteiro. “Todos os procedimentos de segurança eram tomados. Os trabalhadores utilizavam capacetes, EPI, mas foi uma fatalidade”, disse. Ele afirmou desconhecer o que possa ter levado ao desmoronamento do barranco.