CARATINGA- O ano era 2019. Um professor foi vítima de um assalto na rua Antônia Maria Rezende Fernandes, bairro Dario Grossi, atrás do CTC (Caratinga Tênis Clube). Durante o assalto ele foi alvejado na região do abdome e precisou passar por cirurgia.
O personagem desta história é Luiz Gustavo Sevidanes de Assis Laureano. Após este episódio, Luiz, movido pela vontade de viver e promover uma mudança em sua qualidade, retomou a prática de atividades esportivas e mais do que nunca, demonstra sua gratidão por estar ao lado da esposa Laís Rocinski e do filho Theo.
Confira a entrevista:
Você foi vítima de uma violência em 2019. Como foi passar por esse momento e o que isso mudou em sua rotina?
Foi difícil, sentia muita dor, tive que ir ao médico algumas vezes para tentar sanar essa dor; embora o tiro tenha sido no abdômen, a minha perna sofreu algumas lesões internas, tive que ir ao anestesista fazer algumas sessões para aliviar a dor, fisioterapia e o esporte foi o que mais me ajudou. Depois de meses, quando pude voltar a praticar esporte e entrei no Crossfit, eu me recuperei bem rápido. Tive um acompanhamento muito bacana da equipe e isso me ajudou bastante.
Qual momento mais marcante que você se recorda daquele período, entre a sua internação e alta hospitalar?
O momento mais marcante foi poder rever minha família, principalmente, meu filho, que na época tinha cinco meses de idade, ver a alegria dele ao me ver novamente me deu mais força para me recuperar.
Ainda tem alguma sequela ou já se recuperou completamente?
Tirando a marca do tiro e a marca da operação, eu não tenho sequelas, consigo trabalhar normalmente e praticar as minhas atividades físicas, o que fica é mais no psicológico. Sigo com a minha vida, mas sempre atento ao meu redor pensando que algo poderia acontecer comigo novamente e, principalmente, quando estou com a minha família, penso mais nela do que em mim mesmo.
Como se deu a sua trajetória no esporte (desde quando começou e o seu retorno)?
Pratico atividade física desde os 16 anos de idade, nunca fui uma pessoa sedentária, gosto de estar sempre fazendo alguma coisa. O meu caminho no Crossfit se deu por sempre ir na academia e fazer funcional, que é algo parecido, mas, de menos intensidade e também por achar o esporte interessante e muito ligado ao Jiu-jitsu, me ajuda muito condicionalmente e nos treinos. Já no Jiu-Jitsu, eu me interessei por sempre querer praticar esse esporte, já havia praticado Muay-Thai por pouco mais de dois anos e queria um esporte parecido com o grappling. Acabei conhecendo o mestre Charles Bomfim e ele me apresentou o esporte, mas, por conta do trabalho, acabei parando com os treinos e alguns anos depois conheci o meu sensei Ney Lourinho e comecei a treinar com ele. Me apaixonei pelo esporte ainda mais e acabei me dedicando ao mesmo.
Você acredita que o esporte tem marcado uma nova fase na sua vida? Por que?
Com certeza, o esporte é um incentivo a mais, poder competir e ver a minha evolução, sabendo que um dia vou chegar na faixa preta sendo um ótimo competidor, e o melhor nisso tudo, é saber que vou acompanhar meu filho desde novo aos treinos, colocar ele para competir e fazer dele um campeão.
Pretende se profissionalizar no Jiu-Jitsu ou encara como um hobbie?
Imagino que quase todo mundo que ama e pratica um esporte pretende se profissionalizar, mas também sei que a caminhada é árdua e a minha idade também é um fator que atrapalha um pouco. Embora eu conheça alguns lutadores que ficaram conhecidos nacionalmente com uma idade mais avançada, geralmente quem segue esse caminho vive do esporte, treinam três vezes por dia de segunda a segunda. Já eu, tenho meus compromissos fora do tatame como professor e pretendo seguir esse caminho, mas, uma coisa que acho bacana é que quando vamos em grandes competições, conseguimos fazer lutas com atletas profissionais e amadores. Isso é um ponto muito positivo que vejo no esporte.
À época, seu filho tinha apenas cinco meses e você sempre fala sobre a gratidão de acompanhar o crescimento dele. Qual lição você tirou após enfrentar este momento difícil?
Esse foi o segundo acontecido em minha vida. Em 2001 havia sofrido um acidente de carro e fiquei preso às ferragens, entre a vida e a morte. A maior lição que alguém pode tirar é saber aproveitar cada momento ao lado de quem você ama, fazer o bem sempre ao próximo. Se puder ajudar, ajude, sem pensar duas vezes, porque o dia de amanhã, nunca sabemos e da terra nada levamos.