Evento começa amanhã e segue até domingo (28). 33 curtas-metragens serão exibidos
CARATINGA- Para quem gosta de cinema, cultura e sente falta de um olhar mais amplo sobre a produção audiovisual, Caratinga sediará um evento nos próximos dias 26, 27 e 28 de julho, com entrada franca. Trata-se da 6ª edição do Festival de Cinema de Caratinga, que será realizado no Núcleo de Documentação e Estudos Históricos – Padre Othon Fernandes Loures (Nudoc), situado à Avenida Moacir de Matos, 291/fundos, centro.
De acordo com o organizador Carlos Eduardo Gomes de Araújo, este ano o festival terá uma programação mais ampla no número de curtas em exibição. “Normalmente, nas outras edições nós selecionamos 13 a 15 filmes. Mas, nesse ano, a oferta de diretores inscrevendo filmes foi três vezes mais do que nós suponhamos, então, nos vimos obrigados a selecionar mais. Nas três noites, sempre às 19h, aqui no Nudoc, teremos um total de 33 filmes de curta metragem, que o tema sempre é Minas Gerais, ou que o filme tenha sido feito em Minas ou mesmo que tenha sido feito fora, desde que o ator ou diretor, alguém da equipe técnica, seja de Minas Gerais”.
Um dos curtas que será apresentado é ‘Juras’, produzido por Marina Azze. O filme conta a história das juras feitas durante toda a vida em busca de aplausos, que não são verdadeiramente objetivos das pessoas. “Interessante que esta atriz, que tem sido requisitada para muitos filmes, não é de Caratinga, mas a mãe dela é daqui, chama-se Inês Azze. Elas chegarão aqui até sexta-feira e ficarão durante os três dias do festival”, frisa Carlos.
Para a organização do evento, Carlos tem contado com pouquíssimas parcerias. Ele explica as dificuldades de fomentar a cultura. “É a estima que os fazedores de filmes de Minas Gerais têm tido com o nosso pequeníssimo festival. Eles sabem que nos centros maiores onde eles estão já é difícil mexer com a cultura, ainda mais cinema. Nesse momento, por exemplo, o cinema está vivendo algumas ameaças no Brasil, então os diretores, produtores e atores demonstram uma afeição e carinho, interessante pelo nosso festival. Estamos aqui na batalha, começamos sempre a produção a cada ano em março, nosso festival é sempre no último final de semana das férias de julho. Eles sabem a dificuldade, fazemos um festival de cinema, brasileiro, de curta metragem e em Minas Gerais. Não é fácil”.
Conforme Carlos, apesar das adversidades, a intenção é seguir realizando o evento, em busca de mobilizar mais pessoas. “Já houve vezes de nós procurarmos apoio, publicidade e a pessoa quase rir na nossa cara: ‘Vai fazer outra coisa. Por que vocês estão mexendo com isso? É perca de tempo’. Não é simples, alguns companheiros desanimam, mas sabemos o que estamos fazendo e que no momento que conseguirmos vencer algum edital para apoio, que está se tornando complicado no Brasil, vamos conseguir dar a esse festival, com relação à região de Caratinga, o porte que tem condição de trazer turismo para a cidade. Ainda assim, a cada edição mais quantidade de diretores estão vindo nos visitar, alguns deles oferecem curso, ano passado tivemos dois cursos e eles vieram por conta própria. Dói um pouco, mas vamos chegar lá”.
Nesta edição, houve uma mudança no local de realização do evento, como explica Carlos. “Havia mais de 15 anos que batalhávamos para o local ali da Praça da Estação, onde funciona a feira, ser também usado por eventos culturais e nunca conseguíamos. Na nossa quarta edição conseguimos com a Secretaria de Agricultura, numa parceria com o Departamento de Cultura, realizar ali, um local central, com imensa quantidade de estacionamento e de acesso super simples. Mas, eles estão em reforma esse ano, então viemos para um local que é menor, mas é mais luxuoso com relação a instalações, que é o Nudoc, que temos uma parceria antiga já de anos. O povo de Caratinga não conhece tanto, então é uma coisa que nos agrada fazer novamente um evento aqui, para que seja mais conhecido. É um espaço bastante interessante, muito bem construído e centralizado”.
Serão 10 curtas exibidos amanhã e no sábado (27) e outros 13 serão apresentados no domingo (28). Toda a população é convidada a participar. “É importante as pessoas saberem que é gratuito, nosso Cineclube Maria Sena nunca faz alguma coisa cobrando. E nós queremos que as pessoas venham e precisamos. Não é legal que os diretores que vão nos visitar, inclusive participar de mesa redonda, fazer palestras, venham de tão longe e não tenhamos um público para apresentá-los. Precisamos que as pessoas da região de Caratinga entrem na página que nós temos no Facebook, que é Cineclube Maria Sena e a Festival de Cinema Caratinga e ajudem a compartilhar, inclusive nas outras redes sociais”.
O organizador reforça a importância de as pessoas divulgarem o evento e ajudarem a impulsionar a cultura em Caratinga. “Disseminar isso, há muitas pessoas que meses depois nos encontram e dizem que gostariam de ter ido, mas não souberam. Ano passado até fizemos milhares de cartazes e 50.000 panfletos, mas esse ano nem coragem de gastar com isso nós tivemos. Então, nós precisamos que as pessoas divulguem. É de graça, no centro da cidade, em frente ao Coelho Diniz e são filmes todos curtos, de cinco minutos no mínimo e no máximo 20 minutos”.
HOMENAGEM
O homenageado que receberá o “Troféu Muriqui” do 6º Festival de Cinema Caratinga será Dyrivaldo Gomes, o Baiano. “Há quatro anos entregamos este troféu artesanal a um batalhador(a) pela cultura de Caratinga, que entendemos não poderia deixar de receber algo assim enquanto vivos. É como um grito nosso de que muitos sabemos de seu valor e do que fizeram por nós. Baiano é pioneiro em nossa região no ensino da capoeira. Compositor exímio vencedor de festivais em Minas Gerais, compôs uma notória letra na qual todas as palavras são iniciadas com a letra ‘D’: “Desilusão em D”. Há décadas trabalha com sonorizações em eventos e shows. Foi líder Estudantil Secundarista nos anos 70 e 80 em Caratinga”, explica Carlos Eduardo.