CARATINGA- Omar Afonso de Oliveira, o ‘Mazinho’, 73 anos, mora na área urbana da cidade há mais de 50 anos. Somente na região do Córrego do Lage/Piedade de Caratinga, são 70 anos de história: “Vim para cá com três anos de idade”, afirma.
Comerciante antigo do Bairro Esplanada, quem passa pela Rua Manoel Gonçalves de Castro conhece há anos a mercearia do Mazinho, ponto de parada para comprar alguma mercadoria, tomar um cafezinho ou bater papo. O pequeno comércio resiste ao tempo, levando comodidade aos moradores daquela localidade.
Mas, antes de se notabilizar no comércio, Mazinho foi leiteiro por muitos anos. Devido à profissão, que exige deslocamento constante passando de porta em porta, ele enfrentou diversas dificuldades com a falta de infraestrutura do trecho Piedade de Caratinga-Caratinga, passando pela Rua Manoel Gonçalves de Castro. A via era a principal utilizada para interligar as duas localidades, daí o apelido ‘Rua da Piedade’ com que é conhecida até os dias de hoje.
Como morador da área rural, ele enfrentava a precariedade da estrada e para chegar até a cidade para trabalhar, o caminho não era nada fácil. “Vendi lenha, vendi leite, trabalhei com leite 30 anos, parei aos 39 anos. Abri aqui já está com quase 30 anos. Conheci isso aqui, não tinha nada, meu burrinho de leite caía aqui em frente, descia rolando, precisava dos outros juntar para nós carregar ele de novo. Nós trazíamos de lá do meu sítio no Córrego do Lage, que tenho até hoje, dá duas léguas. Uma necessidade que nós tínhamos para vir na rua; nós passávamos dentro dos córregos. Na época das chuvas, passava na pinguela e puxava o burro na corda dentro do rio”.
De acordo com Mazinho, com o passar do tempo, os moradores começaram a ter a esperança de que as coisas começariam a melhorar, com a promessa de uma ponte que colocaria fim aos transtornos enfrentados diariamente. “O Antônio de Araújo Côrtes (ocupou o cargo de prefeito de 1967 a 1971), que apareceu lá em casa, foi candidato a prefeito e falou: “O que mais vocês precisam aqui para Caratinga é a ponte para vocês pararem de passar dentro do rio. E seu eu for eleito, com trinta dias no máximo vou fazer a ponte para vocês”. Área do Suíço, Patrocínio, São João, tudo passava e ele fez mesmo, com 30 dias. Acabou aquele problema de termos que ficar dando volta, tinha dia que nós tínhamos que dar volta mais de uma légua para sair aqui na rua”.
Mas, não era só a falta da ponte que dificultava a rotina dos moradores. Outros problemas de infraestrutura representavam dificuldades de acesso. Com o passar do tempo, os chefes do executivo foram realizando obras voltadas para estas necessidades. “Para subir essa serra aí, só tinha jeito de ir a cavalo ou a pé. Da igreja para cima não tinha água nem luz. Aí veio o Moacyr de Mattos (1973-1977), conseguiu pôr a luz e a água até no pé do morro. E eu nunca fui político, mas sempre sou torcedor. Depois foram vindo todos os companheiros, todos muito gente fina. O asfalto foi feito pelo sô Dário (1993-1996), Moacyr calçou, pôs as pedras até na igreja; veio o Fabinho (1983-1988) e colocou as pedras até lá em cima. E o sô Dário veio e pôs o asfalto”.
Para solucionar as principais reivindicações da comunidade é preciso diálogo e uma relação mais próxima da prefeitura. Mazinho observa que com o passar dos anos, a figura do prefeito passou a ficar mais distante da população, se restringindo apenas ao seu gabinete. “Não sou muito de ficar reclamando, mas, depois do sô Dário o negócio bagunçou um pouco, a gente não vê os prefeitos mais, só antes da eleição. Antes era um contato maior, sô Dário passava aqui a pé, com os companheiros dele, as balas no bolso; o Ernani também era mais calado, mas foi um bom prefeito. E esse agora, não posso falar nem mal nem bem, porque ele é conhecido da gente, mas até hoje, desde que ganhou não vi ele mais. Agora ele arranjou ali, que estava uma buracada medonha, esperamos que ele termine os anos dele direitinho”.
Com tantos anos de história, enfrentando as adversidades com um olhar otimista, Mazinho, que coleciona três décadas como comerciante, carrega as amizades e deseja que o Esplanada siga próspero. “Meu apelido mesmo é ‘Mazinho’, mas falou ‘Mazinho Leiteiro’ ou ‘Mazinho da Venda’ qualquer lugar que chegar todo mundo conhece. E desejo felicidades sempre para o bairro, as coisas estão melhorando, antes a gente estava na venda, qualquer um que colocasse uma moto ali, ficava o medo de ser assaltado. Agora, temos também o apoio da Polícia Militar com a Rede de Comércio Protegidos, deu uma ajuda boa, sentimos mais segurança”, finaliza.