Turma de Iniciação Profissional em Panificação Assistente contou com 31 alunos-recuperandos, sendo quatro do presídio de Caratinga
CARATINGA- A formatura do curso de Iniciação Profissional em Panificação Assistente ofertado a 31 recuperandos, dentre Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) e presídio de Caratinga, ocorreu na manhã de ontem.
As aulas foram ministradas por uma instrutora de padaria, panificação e confeitaria, tem por objetivo ensinar aos alunos todas as etapas de produção de várias receitas até o produto final, além de qualificá-los para o mercado de trabalho.
Durante o evento, os convidados puderam degustar todos os produtos preparados pelos próprios recuperandos. Jairo Ferreira Gomes, presidente da Apac, afirma que o curso é fundamental pela perspectiva de ressocialização e inserção no mercado de trabalho. “É o nosso papel trabalharmos essa devolução do recuperando para a sociedade preparado, principalmente para o trabalho. Ficamos muito felizes de parcerias que temos como esta, com essa conclusão de curso. Padeiros, profissionais, que podem terminar suas penas e voltar para o mercado de trabalho com uma profissão. Isso é muito importante, ajuda muito nesse recomeço, para voltar e poder cuidar de sua família”.
Um trabalho que envolve união e que vem colhendo bons frutos ao longo do ano. Jairo ressalta que a Apac tem investido em unidades produtivas, capacitando os recuperandos. “Procuramos cada vez mais envolver pessoas, isso é importante para esse processo de recuperação de pessoas, quanto mais parcerias para nós melhor. Estamos abertos e procurando trazer cada vez mais cursos e profissionalização em várias áreas. Nossos produtos são de excelente qualidade, prezamos por isso. Temos várias outras oficinas, fazemos blocos, bloquetes, vassouras, temos descascador de alho, marcenaria. Então as pessoas podem comprar nossos produtos com toda certeza de que vão ser bem atendidos e ficar bem satisfeitos”.
O paraninfo da turma, João Moreira Costa, da Padaria Santa Cruz acredita que o mercado anseia por profissionais de qualidade e que esta demanda poderá ser suprida pelos formandos. “Essa iniciativa da Apac é muito boa, para qualificar as pessoas para o bem maior, que é o trabalho, principalmente produto de alimentos que é a padaria, sabemos a importância tanto de um profissional nessa área, como faz falta. Parabenizo o pessoal da Apac pelo trabalho e empenho de trazer esse curso”.
Ele conheceu o trabalho desenvolvido pela instituição recentemente e recomenda para os demais empresários. “Fiquei surpreso quando chamado como paraninfo, não esperava, como nunca tinha vindo à Apac, vim a primeira vez na abertura do curso, gostei muito de ver a organização e estou muito feliz de poder participar hoje (ontem) do encerramento. Os empresários devem acreditar no trabalho que aqui é realizado, acho que agora as portas vão abrindo, a importância de ter mais profissional na área é fundamental”.
INTEGRAÇÃO
Quatro apenados do sistema prisional comum participaram do curso. Conforme Moisés Pousas Guedes Faria, diretor geral interino do presídio, este público anseia por conhecimento e abertura de novos horizontes. “Saindo para obter novos conhecimentos, dando asas à imaginação, ele acaba voltando para a sociedade de forma melhor e tendo uma profissão, condição de ser reinserido na sociedade. Quando eles retornam desse curso vemos uma diferença muito grande, quer produzir, não quer mais ficar como antes”.
Moisés enfatiza que detento sente que pode ser útil na sociedade e que pode obter o sustento para a família de forma lícita. “É perceptível, eles vão apara a unidade após o curso com uma mentalidade diferente e eles acabam propagando isso no meio carcerário, passam para os demais presos o que vivenciaram. Isso desperta uma certa curiosidade em toda a população carcerária dentro do presídio, acaba sendo um multiplicador de conhecimento e incentivado”.
A diretora da Apac de Caratinga, Adriana Luppis, ressalta esse ponto importante do curso, que foi a integração Apac e Secretaria de Estado de Administração Prisional (SEAP). “Foi muito gratificante. Os presos que vieram puderam conhecer um pouquinho da metodologia da Apac e com esse processo de irem e retornarem todos os dias, contribuiu muito também para terem um curso profissionalizante, algo que talvez não teriam oportunidade se estivessem só lá”.
PARCERIAS DE SUCESSO
A padaria da Apac tem feito sucesso e a intenção é seguir profissionalizando a atividade. O local já comercializa produtos para o empresariado da cidade, conforme afirma Adriana. “A padaria tem nos surpreendido muito, não só a nós enquanto funcionários, mas ao público que tem adquirido nossos produtos. Temos a venda de pão de queijo, pizza que era algo frequente e agora estamos fornecendo para empresas aqui de Caratinga, em suas inaugurações, todos os produtos que são produzidos aqui”.
Segundo a diretora, além de funcionar como laborterapia -método psicoterápico em que se usa o trabalho, principalmente manual, para afastar os malefícios da desocupação e da ociosidade; a padaria representa mais uma oportunidade de aprendizado para os recuperandos. “É também algo que contribui muito para a sociedade, mostrando que aqui trabalhamos esse processo de ressocialização, para que nosso recuperando possa ser inserido no mercado de trabalho capacitado. Aqui não perdemos em nada às qualidades das outras padarias de Caratinga”.
A Apac está sempre de portas abertas para parcerias com a sociedade. Um destes parceiros é Carlos Miquilino Soares, da Distribuidora Trigalho, empresa que fornece produtos para o funcionamento da padaria da Apac. “Para nós é muito gratificante estar participando desse momento desse evento, porque estamos demonstrando a capacidade que a Trigalho tem de estar distribuindo um produto de qualidade na panificação e contribuindo com a causa da Apac”.