CARATINGA – As serpentes despertam a curiosidade e, principalmente, o medo em muitas pessoas. Associadas a diferentes significados ao longo da história, elas não são do tipo de animais que fazem muitas amizades. Algumas espécies são peçonhentas e demandam certa atenção caso nos deparemos com uma delas.
Os alunos do curso de Medicina Veterinária do UNEC participaram de um Curso de Contenção de Serpentes, que ensinou técnicas de controle, identificação de serpentes peçonhentas, como capturá-las, caso sejam encontradas fora de seu habitat natural, e, ainda, como diagnosticar possíveis acidentes.
O biólogo Wanderlei Pereira de Laia realiza um trabalho de conscientização e educação ambiental na região, além de procurar mudar um pouco a má reputação das serpentes. “Elas fazem parte da evolução humana e sempre tivemos medo delas, mas a maioria das serpentes não nos faz mal, pelo contrário, fazem bem para a sociedade, pois se alimentam de roedores, equilibrando a cadeia alimentar”.
Patrícia da Silva Santos, professora do curso Medicina Veterinária do UNEC, explica que podemos observar uma característica comum entre as serpentes. Elas possuem dois orifícios entre os olhos e a narina, chamada fosseta loreal, sendo popularmente conhecidas como “cobras de quatro ventas”. Nas serpentes peçonhentas, essa estrutura é utilizada para perceber o calor da presa e faz parte das famílias das jararacas, cascavéis, surucucus e corais verdadeiras.
A professora também destaca que há uma diferença entre animais peçonhentos e venenosos. “Ambos conseguem produzir uma substância venenosa por meio de uma glândula, porém o peçonhento possui uma estrutura inoculadora associada a ela”, explica.
Ou seja, uma serpente, uma aranha, um escorpião, uma abelha ou uma água-viva, por exemplo, são considerados animais peçonhentos. Todo animal peçonhento é venenoso, mas nem todo animal venenoso é peçonhento.
Enquanto alguns têm pavor só de ouvir falar, muita gente gosta de serpentes como animal de estimação. E este é um mercado que cresce, representando um desafio para os profissionais de Medicina Veterinária. “Atualmente, as serpentes também são pets. Essa área de atuação é nova e com poucos profissionais, o que significa um campo de atuação grande para os alunos”, comentou a coordenadora do curso de Medicina Veterinária do UNEC, Paloma Sayegh Arreguy.
O Brasil é o terceiro País no mundo em diversidade de répteis e das quase 800 espécies registradas aqui, mais da metade são de serpentes, por isso é importante conhecer e entender esses animais tão presentes em nossa fauna.
Engana-se quem acha que as serpentes têm veneno por acaso. Ele é um mecanismo de defesa, usado também para caçar alimento. Mas cuidado! O biólogo Wanderlei Pereira de Laia alerta para algumas ações importantes: se uma serpente aparecer na sua casa ou no seu quintal e você não tem conhecimento para resgatar o animal, entre em contato com a Polícia Ambiental ou com o Corpo de Bombeiros. Em caso de acidentes, leve a vítima o mais rápido possível para o hospital para que ela tenha acesso ao soro antiofídico. Não passe nada no local da picada e dê bastante água para a vítima, pois o veneno da maioria das serpentes peçonhentas causa insuficiência renal aguda. Lave a região com água em abundância para evitar contaminação por bactérias e não coloque nenhuma substância sobre o local.