Explosão em gasômetro da Usiminas deixou ao menos 30 feridos e levou pânico à população. Foi registrada uma vibração compatível com a explosão de magnitude 1.8 na escala Richter
DA REDAÇÃO – A terra tremeu em Ipatinga por volta das 12h20 de ontem. Uma explosão no gasômetro da Usiminas levou pânico à população. Supostos áudios de pessoas que presenciaram o acidente inundaram a internet. Em alguns desses áudios era anunciada uma tragédia e que grande número de pessoas havia morrido. Foi dito ainda que o gás era altamente tóxico. Porém até o final dessa edição, de acordo com o Corpo de Bombeiros, ao menos 30 pessoas ficaram feridas e ainda não havia relato de óbitos.
“São 30 vítimas por intoxicação sendo que uma dessas vítimas também sofreu um trauma. Essas vítimas estão estáveis e não correm risco morrem de morte. Não houve óbitos”, garantiu o major Alexsandro Nunes, do 11º Batalhão do Corpo de Bombeiros.
Foi cogitado também que o gás seria tóxico e inflamável. Apesar do pânico, segundo major não havia necessidade de evacuação. “Venho tranquilizar a população, pois não há necessidade de evacuação dos bairros adjacentes à usina, uma vez que o acidente está controlado. Houve, de fato, a explosão do gasômetro. Com ela, houve a queima do gás e a dispersão do restante. Houve vítimas não fatais e elas foram conduzidas ao hospital Mário Cunha”, afirmou.
Devido ao acidente, a prefeitura e a Câmara Municipal tiveram seus expedientes encerrados.
Funcionários relatam desespero
Um funcionário da Usiminas, que pediu anonimato, disse era difícil descrever o que houve. Segundo ele, a explosão ocorreu por volta de 12h20. “Só senti uma onda forte devido à explosão, que saiu quebrando os vidros das salas”, relatou.
Ele descreveu a situação como desesperadora. “O gasômetro é como se fosse um botijão de gás gigante da altura de um prédio de 15 andares. Quando ele explodiu, veio uma onda ensurdecedora. Eu estava correndo, e uma moça me pediu ajuda, as pernas delas estavam bambas, ela não conseguia andar”, diz.
Muitos dos feridos que saiam nas ambulâncias sofreram cortes por conta dos estilhaços de vidros. “Está uma loucura na porta na porta da fábrica. Muitas pessoas saíram deixando tudo para trás. Tem gente que não pegou nem a carteira não tem nem como ir embora”, completou.
Abalo
A explosão fez com que um pequeno abalo fosse sentido nas residências e em supermercados de Ipatinga e também de cidades da região. Gessos chegaram a cair dos tetos. Uma moradora do bairro Esperança, em Ipatinga, contou a reportagem do DIÁRIO o que sentiu no momento. “Foi estranho. Tremeu minha casa. E eu moro cerca de seis quilômetros de distância de onde aconteceu a explosão”, relatou.
Já uma residente de Bom Jesus do Galho, que se encontrava no centro de Ipatinga no momento da explosão, relatou o clima de incerteza. “A explosão foi muito forte. Depois vimos aquela fumaça ao longe. Como ninguém sabia o que estava acontecendo, o povo corria para deixar o centro. Vi também comerciantes fechando as lojas. Foi apavorante”, descreveu.
Segundo informações de um funcionário da Usiminas, uma tampa do gasômetro “voou” e atingiu a agência do banco Mercantil do Brasil, localizado nas proximidades da planta da Usina.
1.8 na escala Richter
A explosão do gasômetro foi registrada pela rede sismográfica do país às 12h33 no horário de Brasília. De acordo com Juracir Carvalho, sismólogo da Universidade de Brasília (UnB), neste horário foi registrado uma vibração compatível com a explosão de magnitude 1.8 na escala Richter com epicentro na cidade do Vale do Aço.
Segundo o estudioso, o tremor causado pela explosão não pode ser comparado com terremoto, uma vez que o evento não aconteceu debaixo da terra. “Entretanto, quando há algo como o de hoje, o tremor bate no chão e entra, o que é registrado pelos sensores”, disse.
De acordo com Carvalho, quando há algum tremor dessa magnitude, as pessoas que estão próximas do local sentem vibração nas casas, portas e janelas batendo, e uma onda de impacto, mas que não são suficientes para danificar as residências.
Hospitais mobilizados
O Hospital Mário Cunha, em Ipatinga, foi fechado exclusivamente para atender possíveis feridos do ocorrido na Usiminas. Unidades médicas de cidades da região, como Timóteo e Coronel Fabriciano, também se mobilizaram para atender possíveis pacientes.
Outro acidente
Na última quarta-feira (8), um homem de 38 anos morreu enquanto fazia a manutenção em equipamento de despoeiramento nesta mesma unidade da Usiminas, em Ipatinga.
Nota da Usiminas
Durante a tarde de ontem, a Usiminas emitiu a seguinte nota:
A Usiminas informa que registrou uma explosão em um gasômetro da Usina de Ipatinga. Até o momento, não há registro de vítimas e toda a área de risco da Usina foi evacuada. A equipe de brigadistas da empresa está atuando no local e a canalização de gás já foi bloqueada, não havendo vazamento.
A Usiminas reitera que está fazendo monitoramento de gases nos bairros do entorno da Usina e até o momento nenhuma anormalidade foi registrada.
Com informações de agências e do jornal O Tempo