Você já ouviu falar em pé diabético? O pé diabético é uma complicação comum em pacientes portadores de diabetes mellitus, também conhecido como “síndrome do pé diabético”. Esse problema pode surgir com o passar dos anos e suas causas são variadas, geralmente relacionadas ao mau controle da glicose no sangue.
Quem tem diabetes tem mais chance de ter lesão nos pés por vários motivos. Um deles é a perda da sensibilidade à dor, quando, por exemplo, usar um calçado apertado e não sentir dor. A pele dos pés fica mais seca, aumentando a chance de calosidades. Além disto, a pessoa pode apresentar deformidades nos dedos dos pés, como a sobreposição dos dedos ou dedos em forma de garras. Todas estas alterações podem favorecer o aparecimento de feridas e infecções, muitas vezes levando às internações hospitalares por vários dias, ou até mesmo amputações dos dedos ou do pé.
Assim, alguns cuidados são necessários com os pés. Em casa, sozinho ou com a ajuda de alguém o paciente diabético deve examinar, lavar e secar os pés diariamente; secar entre os dedos; usar hidratante, mas não entre os dedos; cortas as unhas retas; usar meias e calçados adequados; proteger os pés de temperaturas extremas como muito quente ou frio; não cortar os calos; não fumar. Além disto, o portador de diabetes deve controlar o nível de glicose no sangue.
No entanto, apenas estes cuidados não garantem sozinhos a prevenção desta complicação. O cuidado prestado por profissionais de saúde como o médico e enfermeiro é de extrema importância e são eles que farão a avaliação do risco de um portador de diabetes desenvolver o pé diabético. O ideal é que um desses profissionais faça o exame dos pés dos diabéticos, numa Unidade de Saúde ou consultório particular. Eles podem também encaminhar o paciente diabético para outro serviço de saúde, se for necessário. Dessa forma, o diabético e o profissional de saúde podem juntos, conversar sobre o pé diabético, tirar as dúvidas e o tratamento mais adequado será indicado. Para isto, é importante que o portador de diabetes siga as orientações que recebeu para que o tratamento seja um sucesso.
Por outro lado, o “Teto dos Gastos” tem preocupado muito os profissionais de saúde que atuam no cuidado às pessoas que têm diabetes e na saúde em geral. Se atualmente já sofremos com a falta de recursos para a saúde, imagina com a diminuição dos investimentos, que é o que foi aprovado na Proposta de Emenda à Constituição – PEC 241 para os próximos 20 anos? Com a PEC, o governo limitou os gastos públicos com a Saúde, Educação e Assistência Social, desses gastos o maior orçamento é com a saúde.
E qual a consequência disso para o paciente diabético? Ele receberá menos cuidados com a saúde, como por exemplo, menos consultas, exames e medicamentos, pois os preços dos exames, medicamentos e todos os insumos gastos para o tratamento do diabético irão aumentar nos próximos 20 anos, mas com a imposição do limite de gastos com a PEC não será possível arcar com todas estas despesas.
A mensagem que deixo a você, caro leitor, é que talvez nem o diabetes, nem o teto dos gastos te afete hoje, mas já pensou no futuro? Para onde foi “a saúde como direto de todos e dever do Estado”, presente em nossa Constituição de 1988?
Marileila Marques Toledo. Enfermeira pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Mestranda em Saúde, Sociedade e Ambiente pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Membro do Grupo de Estudos do Diabetes da UFVJM.
Luciana Neri Nobre. Nutricionista. Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Docente da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – Campus JK. Orientadora. Membro do Grupo de Estudos do Diabetes da UFVJM.
Edson da Silva. Fisioterapeuta. Doutor em Biologia celular e Estrutural pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Docente da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – Campus JK. Membro do Grupo de Estudos do Diabetes da UFVJM.