Programação trouxe seis palestrantes para discutir questões de ética e cidadania com a comunidade acadêmica
CARATINGA – Entre os últimos dias 01 (sexta-feira) e 02 (sábado), o auditório da Unidade I do Centro Universitário de Caratinga (UNEC) recebeu o Simpósio de Direitos Humanos. O evento reuniu palestrantes das áreas de direito e ciências sociais para discutir questões de ética e cidadania. Participaram do simpósio aproximadamente 230 acadêmicos e profissionais de diferentes áreas, como ciências humanas, exatas e da saúde.
De acordo com o coordenador do Núcleo de Extensão do UNEC, professor José Aylton de Mattos, a diversidade do público enriquece o a busca pelo conhecimento. “Temos aqui diferentes visões políticas sobre os assuntos, e os palestrantes procuram equacionar essas questões e deixá-los à vontade”, afirma. O professor defende ainda que o evento é uma forma de reforçar o compromisso da Fundação Educacional de Caratinga (FUNEC), mantenedora do UNEC, com a formação de profissionais humanizados. “O mundo vive hoje um processo conflitante, os direitos humanos parecem estar relegados ao segundo plano. Percebemos que de certa forma, há muita exigência e pouco cumprimento das responsabilidades. É uma questão ética que deve ser preservada e sempre procurada”, destaca.
O pró-reitor de Ensino do UNEC, professor Roberto Santos Barbieri, conta que o simpósio cumpre um requisito curricular do Ministério da Educação. “Existem temas de caráter sociológico que obrigatoriamente devem constar em um curso. Como nem sempre é possível criar uma disciplina específica para isso, apresentamos o tema de forma transversal, como no caso deste simpósio”, ensina. Ele também acredita que essa é uma oportunidade de levar a comunidade acadêmica a refletir. “A questão da formação de um profissional crítico, que socialize e tenha preocupação com o próximo faz parte do processo na educação superior”.
TEMAS ATUAIS
Foram seis palestrantes que abordaram temas relevantes na realidade profissional de diversas áreas, como violência obstétrica, pessoas em situação de rua e direitos da mulher encarcerada. A apresentação de abertura foi “Ética e Direitos Humanos”, com Leandro Oliveira. O palestrante é mestre em Ciências Sociais Aplicadas pela UFV e acredita que o momento vivido pelo Brasil pede uma avaliação das relações sociais. “Estamos atravessando uma série de crises instaladas no mundo público, crise econômica, crise política, crise de instituições do Estado. Na equação final, terminam por serem crises morais, crises de relação interpessoal, falta de visão para enxergar o outro”, ressalta. “É interessante como existe uma constância histórica: tanto o debate sobre ética quanto o debate sobre direitos humanos sempre emergem quando essas grandes crises estão instaladas, e a sociedade precisa recriar os seus paradigmas para avançar”.
Outro assunto discutido no evento foi “Direitos Humanos e Relações de Trabalho”, por René Braga, doutorando em Direito pela UFMG. Ele considera que o ambiente corporativo brasileiro deve passar por mudanças diante da reforma trabalhista proposta este ano. “Há uma discussão no meio do Direito Constitucional sobre a possibilidade de a reforma ofender algum direito ou garantia individual. Inclusive algumas ações diretas de inconstitucionalidade já foram propostas pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. Esses direitos constituem o que, no nosso ordenamento jurídico, se entende por direitos humanos”, explica.