* Sávia Francklin Mansur
Outro dia, uma colega de trabalho veio até a mim com uma série de dúvidas sobre a alimentação de seu bebê. Fiquei a me perguntar, quantos não teriam as mesmas dúvidas. Foi aí que resolvi aproveitar este espaço para elucidar algumas questões sobre a alimentação após o desmame.
Durante a pesquisa de meu mestrado verifiquei que a maioria das mães, após amamentar por seis meses, sentia-se muito insegura quanto à alimentação a ser seguida neste período. Assim que a criança completa seis meses de idade é necessário que seja iniciada a alimentação complementar, pois o leite materno já não é mais o suficiente para suprir as necessidades da criança. Neste momento é hora de iniciar com as frutas. Sempre ofereça uma fruta por vez. Em caso de haver algum problema, como por exemplo, a criança apresentar algum tipo de alergia, a mãe saberá qual alimento proporcionou o ocorrido. Não é necessária a adição de açúcar às frutas. Elas já possuem o seu próprio açúcar (frutose), que lhe confere o sabor adocicado. E esta será uma prática saudável que irá proporcionar ao futuro adulto o prazer de ingerir as frutas in natura. Façamos um pequeno parêntese aqui em relação às frutas. Não há fruta alguma que não possa ser oferecida à criança. É claro, que, ninguém em sã consciência oferecerá uma jaca a uma criança de seis meses. Sugerimos que o início seja composto pelas nossas frutas tradicionais, como o mamão, a banana, a maçã e a laranja.
Com o passar do tempo, todas as frutas podem ser oferecidas com os seus devidos cuidados – em relação à jabuticaba, deve-se pensar que a ingestão em grande quantidade de suas sementes pode provocar a constipação (dificuldade para evacuar) e que o abacate, devido ao seu alto teor de gordura, quando ingerido em grande quantidade, pode promover uma diarreia. Sabendo equilibrar as devidas propriedades de cada fruta, o cardápio deve ser variado.
Há um alimento que gostaríamos de fazer menção especial: a carne. Este alimento é rico em ferro, o qual se for deficiente, provoca anemia nas pessoas. Esta doença provoca a incapacidade nos indivíduos, podendo levar até à morte. Este nutriente é muito “sensível”. Se fizermos alguma combinação errada, do tipo, misturar carne com leite, o ferro não é absorvido pelo organismo. Uma mistura perfeita, para que possamos aproveitar todo o ferro presente nos alimentos é ingeri-lo juntamente com um suco ácido, do tipo, limonada. Ainda tratando do ferro, lembramos que a criança dever ser estimulada a ingerir carne nas refeições de sal, ou seja, no almoço e jantar. O que acontece é que a mãe, com receio da criança engasgar com a carne, a retira da alimentação da criança, provocando uma deficiência deste nutriente. Ao contrário do que se pensa, a carne provoca menos alergia do que o ovo e em se tratando de nutrição, não há substituição para ela, a não ser a própria carne. Ao iniciar a refeição da criança, deve-se iniciar a oferta pela carne, pois em caso da criança parar de comer (o que é muito comum), o nutriente nobre já terá sido ingerido e os outros nutrientes, como o carboidrato, por exemplo, é totalmente passível de substituição. E como não poderíamos deixar de dizer, o exemplo dos pais é de suma importância. Colocar a criança à mesa com todos os membros da família, mesmo que esta criança faça uma “baguncinha” é importante para que ela se acostume com o hábito de se sentar à mesa e no futuro venha a valorizar estes momentos.
Uma criança na faixa dos 10 meses de idade já pode e deve se alimentar de tudo o que sua família come. Por isso, coloque seu filho à mesa com toda à família e usufrua deste momento com paciência e muita alegria!
Agradeço à Renata pelas dúvidas e pela confiança profissional e por ter proporcionado a oportunidade de discorrer sobre o assunto.
* Sávia Francklin Mansur – Nutricionista
Graduada pela UFV- Viçosa, MG; Pós Graduada em Saúde Pública pela UFV.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade pelo UNEC, Caratinga, MG.
Professora do Centro Universitário de Caratinga – UNEC, Caratinga, MG do Curso de Nutrição.
Coordenadora do Setor de Nutrição da SMS de Manhuaçu.
Responsável Técnica pela Unidade de Alimentação e Nutrição – SND – da SMS de Manhuaçu
Mais informações sobre o autor(a): http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4209839P0.