Nossa família Leitão e a comunidade DOCTUM estão sofrendo a dor da separação de nosso inesquecível Uriel de Almeida Leitão Junior, o JUNINHO como era amado em nosso meio e conhecido na cidade.
Primogênito entre os filhos do Rev. Uriel de Almeida Leitão, partiu na quarta-feira passada, dia 25/05/2016, após uma parada cardíaca, e depois de uma segunda cirurgia de coração em Juiz de Fora. Na quinta-feira seus onze irmãos e familiares, os seus sete filhos juntamente com amigos de muitos anos estiveram juntos na Primeira Igreja Presbiteriana celebrando sua vida.
Esta celebração se estendeu por mais de hora e meia, e foi continuada no Cemitério local, num clima de amor, gratidão a Deus, hinos, lágrimas e expressões carinhosas e de muito conforto. Cada um dos irmãos teve a oportunidade de expressar seus sentimentos cheios de amor e ternura, bem como sobrinhos, e, de forma muito comovente, os seus filhos.
Nenhuma palavra jogada fora! Todas, vindas do mais profundo de cada um, momentos que passaram numa pressa incrível e que permanecerão como um legado para sempre.
Da perspectiva teológica, todos nós nos dobrávamos ante a soberana vontade de nosso Deus, o Deus no qual nossos pais e avós confiaram e fizeram história, e com quem também cada um de nós escreve seu capítulo.
Nosso querido Juninho deixa uma história rica em vários sentidos, mas, sobretudo, de superação: ele conseguiu vencer inimigos ferrenhos como o vício, e experimentou a graça do perdão e da reconciliação numa extensão muito abrangente. Cada um de nós sente um vazio que nada e ninguém nesta terra pode preencher, uma dor que só o tempo poderá curar.
Ninguém podia prever o acontecido. Fomos todos pegos de surpresa. Lembrando nosso artigo da semana passada: O respeito aos que já morreram, nossa família e muitos amigos têm evidenciando de forma muito bela este respeito e amor pelo nosso querido irmão!
Uma das perguntas que surge quando pensamos no nosso fim é sobre a missão que temos, e como podemos cumpri-la. Muitos infelizmente têm sua vida abortada, e deixam tarefas difíceis para outros assumirem, e muitas vezes isso pode nos impedir de expressar nosso amor e respeito por esta pessoa que Deus levou. É onde alguém até pode ficar com raiva de Deus, como se ele tivesse falhado com aqueles que ficaram.
Saudades – lágrimas, dor, tristeza, morte – tudo isso sempre foi e é parte da nossa vida. Nossa mentalidade, porém, muito ligada às coisas e eventos materiais, tem dificuldade de reconhecer algum sentido nessas coisas ‘negativas’, ou mesmo, como elas se relacionam com o nosso dia a dia. É como se nossa ‘pauta’ diária tivesse sido invadida por elementos totalmente estranhos.
A Teologia, por necessidade muito prática, depende e envolve também a vida dos humanos do seu início ao seu fim. Há, contudo, quem viva pensando que nunca será levado deste mundo. Tal atitude pode ser muito arriscada, pois faz com que preparativos óbvios e necessários para o nosso desenlace poderão ser esquecidos ou, mesmo ignorados.
Como é bom poder ter aquela conversa conciliadora com alguém que amamos, mas com quem talvez possamos ter dificuldades de relacionamento! Pessoalmente tive esse privilégio com meus genitores antes de sua partida, o que com certeza amainou a dor da separação.
Todos nós ali, ao redor do esquife de nosso amado Juninho, e, de forma especial os filhos, tínhamos certeza de um amor mútuo, verdadeiro, que nos unia, e que não era afetado pelas barreiras e limitações do tempo, e que tornava esta dor um pouco menos difícil de suportar.
A fé cristã considera como certo o fato da morte de cada um de nós. A Teologia Bíblica nos leva a encarar nosso fim de forma consciente, mesmo que, para tanto, dependamos total e exclusivamente deste elemento pessoal, mas de origem sobrenatural: a fé, a confiança em Deus.
Minha convicção pessoal é que o valor mais elevado e mais sublime do cristianismo está em dar àquele que crê uma esperança palpável, real. Esta é resultado, primeiramente, da escolha que o Salvador Jesus fez através de sua obra redentora. E, em segundo plano, mas indispensável, de usarmos nossa maravilhosa capacidade de fazermos escolhas, aceitando a oferta de reconciliação com Deus e com a vida pela intermediação do Salvador.
Aí, pela fé, cremos que nossa missão está cumprida – que o que falta Deus suprirá de forma direta, ou indiretamente, dando oportunidade de servir em amor ao nosso próximo, na certeza que Deus “enxugará todas as nossas lágrimas”.
E é por essa razão que com espontaneidade fluem de nosso íntimo louvores a Deus, e porque celebramos a vida daquele que parte!
Nosso teólogo-mor, Jesus, esteve presente em algumas instâncias quando essa dor aflorou, e nós podemos ver como ele a tratou.
Um diálogo é narrado (no Evangelho de João) entre ele e uma amiga muito especial, a sempre fiel e verdadeira, Marta. Diante da afirmação-meio-julgamento dela de que “se tu, Senhor, estivesses aqui, meu irmão não teria morrido”, o Mestre responde: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, mesmo que morra, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, jamais morrerá.” (João 11.25)
Neste texto há duas afirmações muito especiais. A primeira é que a morte do ponto de vista de Jesus (e de quem o confessa) perdeu todo o poder de destruição: ela apenas se tornou uma passagem para a dimensão eterna da vida.
Mas, em segundo lugar, existem pessoas vivendo em nossa dimensão que estão praticamente mortas, por causa da falta de perdão, por exemplo. Para tais pessoas PERDOAR AQUELE que te fez mal é um milagre tão grande que nos catapulta para outro nível, semelhante ao da eternidade. Isso é milagre, é obra de Jesus, ele que trouxe o perdão para nós e nos ajuda a perdoar!
Viver amando e perdoando incondicionalmente é que é o diferencial do cristão – caso contrário, não é amor, são címbalos ruidosos, é música desafinada, é heresia e confusão, e nada mais.
Muitas vezes vivemos numa comunidade cristã onde não há temor de Deus, e se julga de forma impensada e ‘fácil’ as pessoas que fraquejam. Pior: mesmo que tal história tenha sido falsa (a imaginação é livre!), ou que a pessoa acusada se corrija, a difamação e os julgamentos continuam muitas vezes a impedir o poder fenomenal do perdão. Tal sociedade é doente, e mais: ela não tem a menor chance de experimentar o poder da ressurreição e vida oferecido por Jesus! É aí que a religião atrapalha a Jesus e o seu povo, pois ele disse “Não julgarás” e “com a medida que julgares tu serás julgado também”.
Uma comunidade de fé, segundo a Teologia Bíblica, experimenta milagres de restauração e de ressurreição constantemente. É por isso que a celebração da vida de nosso Juninho foi tão marcante, mesmo no meio de tanta dor e lágrimas.
Obrigado, povo de Caratinga, e em especial nosso amigo e colega colunista, Dr. Ildecir A. Lessa, pelo seu amor e pelo seu carinho para com o nosso irmão. E unamo-nos contra a difamação que corrói, e destrói, pois o que o fraco mais precisa é de uma mão que o abrace e o apoie.
Segundo a Palavra de Deus, revelada em e vivida por Jesus Cristo, o amor jamais acaba.
A FACTUAL – Faculdade de Teologia de Caratinga Uriel de Almeida Leitão é mantida pela Rede de Ensino DOCTUM. Visite nosso site WWW.doctum.edu.br ou ligue para (33)9-9915-9002 ou (33)3322-6226.