CARATINGA – O Departamento de Extensão do Centro Universitário de Caratinga (UNEC) inovou na quinta edição do tradicional Encontro de Bioética, que este ano trouxe como tema central a “Tanatologia: Um Estudo Científico da Morte”. Este tipo de estudo da vida sob a ótica da morte ganhou popularidade na década de 1960 através das experiências da psiquiatra suíça Elizabeth Kubler-Ross, que desafiou a mentalidade da morte como tabu através de seus trabalhos com pacientes em fase terminal de doença.
“Ela estimulou o processo de comunicação desses pacientes acerca do processo da morte e do morrer, e a significação da vida a partir desse momento final”, esclarece a professora Ana Paula Pacheco Clemente Sanchez, mestre em Bioética e palestrante do evento. “Quando falamos de morte, falamos de perda, e perda sob diferentes sentidos, e podemos ter uma oportunidade importante de aprender muito diante disso sobre o viver com dignidade até o fim dos nossos dias”, ela aconselha.
O evento durou dois dias, com abertura na sexta-feira, 28, e o curso de tanatologia no sábado, 29. O curso agregou características específicas, particularmente no que diz respeito aos direitos e deveres dos sujeitos desta relação profissional paciente-cliente, requerendo aprimoramento do atendimento, da gestão e da condução destas ações. “Assim torna-se possível o desenvolvimento de competências próprias dos profissionais, habilidades e atitudes, visando o aprimoramento e a eficiência. Através desses novos paradigmas, minimizar a dor e o sofrimento no final da vida, resgatando a dignidade de bem viver e de uma boa morte”, reforça Sanchez.
Atualmente, o profissional da área de Saúde deve saber desempenhar novas funções. Assim, além da tradicional tarefa de cuidar do paciente-cliente, este profissional precisa também desenvolver competência da administração de seu consultório, de sua clínica e na gestão de seus parceiros. “O curso visou aprofundar conhecimentos na área temática focada, gerar mudanças de atitudes e capacitar profissionais para a resolução dos problemas dos doentes em final de vida e seus familiares”, ressalta o coordenador de Extensão do UNEC, professor José Aylton de Mattos.
O médico Igor de Oliveira Claber Siqueira, acostumado com o tratamento de pacientes em estágio terminal de doença como especialista em Medicina da Família e Comunidade, também participou do evento como palestrante. Ela abriu os trabalhos dando exemplo de um profissional extremamente seguro da área. “Médicos costumam ir a congressos falar de sucesso, de procedimentos bem sucedidos, mas se esquecem de que podem aprender com erros, que podem acarretar a morte no nosso caso, porque lidamos com vida. Quando falamos em erros médicos, pensamos pelo lado jurídico, mas aí está uma oportunidade sem precedentes de pesquisa científica, de saber tratar as situações pelo lado positivo até mesmo nas adversidades da profissão”, defende.
Para o estudante de Medicina, Gabriel de Paiva Filho, “o UNEC oferece uma oportunidade bem importante ao tratar de um assunto que está ligado à formação de futuros médicos, porque debate um tema recorrente, que é a morte. Médico trata de saúde, mas também precisa aprender a lidar com a morte”, ele opina.
Outro a aprovar a iniciativa é o empresário Hércio Vinícius, do ramo funerário: “No decorrer do dia a dia a gente aprende a separar o que é trabalho da vida íntima das pessoas, claro que oferecendo total solidariedade em momentos de dor, mas é preciso estar com o psicológico bem forte para saber separar essas questões. Agora temos a oportunidade de aprender mais com a teoria sobre como lidar com a morte, um fim que todo mundo sabe que chegará um dia”.