Pai e filho morrem em colisão. Irmão de vereador é suspeito de atropelar e matar durante fuga da Polícia
INHAPIM – O que era para ser uma manhã normal de eleições acabou com um cenário de tristeza para uma família de Inhapim. Pai e filho perderam a vida por volta da meia-noite de domingo (5) quando foram surpreendidos por uma picape Saveiro, na estrada que liga o bairro Santo Antônio à sede do município. Michael Vieira de Souza, de 22 anos, pilotava uma moto e estava com seu pai, Francisco Marcos de Souza, de 43 anos, na garupa.
A polícia de Inhapim já estava à espera da Saveiro, na entrada da sede do município, depois de ter sido informada que o veículo havia saído do Bairro Santo Antônio em alta velocidade. A picape, no entanto, nem chegou à zona urbana, por causa do acidente.
Durante patrulhamento, a guarnição avistou o veículo Fiat Strada, de cor preta, placa GYI 3651. Foi dado sinal de parada do condutor, Vitor de Souza Lima, de 18 anos, que não acatou e continuou em alta velocidade, sentido ao centro de Inhapim. Foi acionado o cerco e bloqueio, mas, a viatura perdeu o veículo de vista. Em seguida, o carro foi avistado pelos militares, abandonado na Avenida Presidente Tancredo Neves. No mesmo local, outra situação também chamou a atenção dos militares. Duas vítimas estiradas no asfalto e uma motocicleta, fora da via, completamente destruída. Era um anúncio de uma tragédia.
Testemunhas informaram que o veículo conduzido por Vitor, que é irmão de um vereador de Inhapim, colidiu de frente com a motocicleta, que foi arremessada a alguns metros do local do acidente. Vitor fugiu. As últimas notícias são de que ele se embrenhou em um matagal e tomou rumo ignorado.
Devido à colisão, condutor e passageiro da moto vieram a óbito. Michael faleceu no local do acidente e o pai, Francisco, foi socorrido pela ambulância do Hospital São Sebastião de Inhapim, mas não resistiu aos ferimentos e também faleceu. A perícia compareceu e realizou os trabalhos de praxe. Os corpos foram liberados para a funerária e os veículos apreendidos ao pátio credenciado.
FAMÍLIA PEDE JUSTIÇA
A Reportagem esteve na manhã de ontem, na casa de Michael e Francisco, onde era aguardada a chegada dos corpos para o velório. A família estava desolada com a perda de pai e filho em um acidente trágico. Eles clamam por justiça e querem que o condutor do veículo, suspeito de provocar o acidente, seja localizado.
O cunhado de Francisco, João Porto, fez questão de alertar para a necessidade de prudência ao volante. “Eu acho que aqui no Bairro Santo Antônio é um lugar até bom, mas tem muita falta de prudência. Certos rapazes novos hoje não estão tendo responsabilidade com a própria vida, não têm amor à própria vida e nem à vida do outro ser humano. O meu cunhado e meu sobrinho vinham do trabalho e um cara irresponsável, bêbado, deve que estava drogado, passou por aqui a mais de 100 km por hora, subindo o morro, atropelou e matou os dois. Isso é uma irresponsabilidade. Acho que o rapaz novo não deveria beber tanto assim, deveria ter responsabilidade com a vida do próximo, já que não tem com a vida dele. Acho que deveria ter um posto policial aqui também, porque se tem um posto, o cara passa correndo, a gente liga para a polícia. Teria que fazer assim. Já aconteceram com várias famílias. Aconteceu com a minha e pode acontecer com a de outro. A família quer justiça. Que pegue ele e prenda ele. Irresponsabilidade tirar a vida de duas pessoas trabalhadoras, nós queremos justiça”.
A batida foi violenta. No asfalto ficaram as marcas de sangue. A motocicleta teve perda total. Para João, marcas da imprudência do motorista. “Ele tirou duas vidas. Ele desceu o morro desgovernado, atropelou e matou os dois. Se ele quisesse sair, ele saía, mas ele foi do lado do motorista”.
Érica de Souza é irmã de Francisco. Muito abalada, agora ela deseja que a apuração do caso tenha continuidade e termina com a prisão do suspeito. “A gente quer justiça, porque isso não pode ficar assim. O povo já está falando o seguinte, porque é ‘filhinho de papai’ não vai ter justiça. A gente esteve na delegacia e conversou com os policiais, pediu justiça. Há um ano, dois anos atrás aconteceu a mesma coisa, quase ele mata, não matou. Agora foi o meu irmão e meu sobrinho”.
Carlos Roberto de Souza, irmão de Francisco, destaca que o irmão não se envolvia em confusão. Para ele, a dor da perda será muito difícil de ser superada. “Era muito boa pessoa, trabalhador, não tem como dizer como ele era e meu sobrinho também. Muito difícil. O momento é muito triste, para todo mundo. Foi um ato de responsabilidade”.