Vitor Emanuel Gonçalves obteve o primeiro lugar na categoria Iniciação Científica, voltada para alunos do Ensino Médio e Técnico
DA REDAÇÃO- O vargealegrense Vitor Emanuel Gonçalves, que é estudante do quarto período do curso técnico de Automação Industrial do Instituto Federal Fluminense (IFF)- Campus Macaé, receberá o prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia pelo projeto “Automatização do Cultivo Hidropônico como Solução às Demandas da Agricultura 4.0: Utilização da Internet das Coisas (IOT) e Serviços em Nuvem”. O tema foi Indústria 4.0.
De acordo com informações do Campus Macaé, a pesquisa concorreu com outras realizadas nos demais países que compõem o Mercosul. “Nesta edição, Brasil, Uruguai e Argentina foram os países que se destacaram nas cinco categorias: iniciação científica, estudante universitário, jovem pesquisador, pesquisador sênior e integração”, frisou.
A cerimônia de premiação acontecerá em Brasília, no dia 31 de outubro. Em entrevista ao DIÁRIO, Vitor fala sobre sua trajetória estudantil ainda em sua terra natal Vargem Alegre e dá detalhes sobre o trabalho premiado.
Você é natural de Vargem Alegre, município com 6.480 habitantes e estudou em escola pública. Como avalia esse período de estudos no interior?
Vargem Alegre é uma cidade bem pequena, contando apenas com uma escola que dispõe do ensino fundamental II e ensino médio. Estudei na Escola Estadual Reverendo Boanerges de Almeida Leitão do sexto ao nono ano. A escola possuía uma estrutura muito boa para uma escola estadual da rede pública – isto ficou ainda mais evidente para mim quando eu pude ver a realidade das escolas públicas de outras cidades que conheci. A escola teve alunos brilhantes e que hoje trilham um caminho de muito sucesso. Além disso, tinha um excelente corpo docente. Tenho profunda admiração e respeito pelos meus mestres de lá, aliás, gostaria de aproveitar a oportunidade para mandar um grande abraço para eles: Marinez (que foi minha professora de matemática), Rondineli (professor de geografia), Anderson e Elza (que me deram aula de história). Também gostaria de agradecer a senhora Zidelny, à Marlúcia e Simone, muito obrigado pelo incentivo, pelas conversas, pelos livros que me deram de presente e pelas oportunidades. Por último, e não menos importante, finalizo mandando um grande abraço para os meus conterrâneos.
Quando começou a estudar na IFF? Você acredita que um curso técnico faz a diferença na vida do estudante?
Iniciei meus estudos no Instituto Federal Fluminense – Campus Macaé em 2016. Aqui, diferentemente de outros institutos, o ensino médio integrado ao técnico possui duração de quatro anos. Já no último ano, os alunos começam a trabalhar em empresas do segmento de petróleo e gás atuando como estagiários.
Creio que o ensino médio técnico possui uma função social importantíssima na vida do estudante, principalmente o estudante que se encontra em situação de vulnerabilidade econômica, pois através deste é possível conquistar uma melhor projeção financeira. Ademais, para os estudantes que já possuem uma certa afinidade com a área relacionada ao curso, é uma excelente forma de obter desde cedo um maior contato e proximidade com a carreira a ser escolhida.
Você receberá o prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia pelo projeto “Automatização do Cultivo Hidropônico como Solução às Demandas da Agricultura 4.0: Utilização da Internet das Coisas (IOT) e Serviços em Nuvem”. Fale um pouco sobre a pesquisa que você realizou e qual o objetivo deste trabalho
Primeiramente, gostaria de dizer que esta pesquisa não seria possível sem o apoio, e total confiança concedida a mim, do meu orientador, o professor André Bellieny. Durante o projeto, contei com a ajuda inestimável do meu amigo Alison Queiroz, estudante de Engenharia de Controle e Automação do IFF-Macaé, que atuou como coorientador. Ao professor Ubirajara, que prestou auxílio na revisão final do texto, obrigado. Agradeço também ao professor e coordenador do curso Luiz Alberto Roque que sempre me apoiou em meus projetos. Todas estas pessoas foram essências para o êxito da pesquisa.
O trabalho tinha por finalidade automatizar um sistema de cultivo hidropônico, neste caso, em específico, a cultura de alfaces. O objetivo foi criar um sistema nos moldes da Agricultura 4.0, por isso foram implementadas soluções em nuvem (serviços fornecidos pelo IBM Cloud) e conceitos de Internet das Coisas. A nível de hardware, para controle e aquisição de dados, utilizou-se o módulo NodeMcu ESP32 que foi gerenciado através do serviço IBM IOT (que é executado via nuvem pelo IBM Cloud). Para o desenvolvimento da aplicação foi utilizado o ambiente de desenvolvimento Node-RED. O projeto também propõe o reconhecimento visual de imagens, mediante o serviço Visual Recogniton, do IBM Watson, para a classificação das alfaces como saudáveis ou não.
Além desta premiação, você já participou de outras? Quais foram suas conquistas?
Em 2018, obtive o primeiro lugar no concurso “Ideias Inovadoras em Educação e Trabalho”, para Instituições do Ensino Profissionalizante dos Países de Língua Portuguesa, categoria estudante, promovido pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação e Cultura. O projeto intitulava-se “Protótipo para monitoramento de temperatura e umidade em atividades agrícolas de pequeno e médio porte”. Nesse projeto, contei com a orientação do professor Luiz Alberto Oliveira Lima Roque.
A cerimônia de premiação ocorreu durante a Reditec: Reunião Anual dos Dirigentes das Instituições Federais de Educação Profissional e Tecnológica. Como premiação, fui contemplado com a oportunidade de conhecer e visitar algumas instituições federais. Visitei o Cefet – Campus Maracanã, Colégio Pedro II, IFRJ – Campus Rio de Janeiro e o IFF – Campus Cabo Frio.
Você também é escritor de livros técnicos. O que gosta de abordar?
Durante o período como bolsista no Laboratório de Automação, tive a honra e o privilégio de produzir dois livros em parceria com o meu orientador, o professor Luiz Alberto Roque. Em um período de quase dois anos, atuei principalmente na área de robótica, mas também tive uma vasta experiência em CLPs e Linguagem Ladder.
Os dois livros produzidos foram acerca dos kits robóticos da LEGO. A ideia fundamentou-se no desejo de partilhar o conhecimento desenvolvido no laboratório para que os alunos possuíssem um material que os auxiliassem nos seus estudos. O primeiro deles foi: Introdução ao kit robótico LEGO® EV3: Programe seus robôs com linguagem de blocos, lançado pela editora Casa do Código no ano de 2018. O mais recente foi o “Programando robôs lego com linguagens NXT-G e NXC”, lançado pela editora Itacaiúnas este ano.