Atendimento no Hospital São Sebastião ficou inviável após greve que atinge 85% dos funcionários
INHAPIM – Continua a paralisação dos funcionários do Hospital São Sebastião. A falta de pagamento dos salários, que vem se arrastando desde o final do ano passado, incluindo o décimo terceiro referente ao ano de 2015, que também não foi pago, motivou a decisão de mobilização de pelo menos 85% dos trabalhadores.
Em busca de respostas e exigindo uma mudança administrativa, os profissionais deram sequência ao início da paralisação, ocorrida na manhã de terça-feira (29/3) e realizaram uma manifestação no dia seguinte. Paralelamente, aconteciam reuniões entre diretoria do hospital e representantes do município, em busca de uma solução para o impasse.
Diante do movimento, a administração municipal precisou tomar algumas providências, para garantir o atendimento à população, como explica o procurador do município José Dalles. “No início da deflagração da greve dos servidores, a administração pública municipal já determinou um regime de plantão nas unidades básicas de saúde. Imediatamente, a unidade de saúde central atendeu a população até a meia noite e nós estamos já tomando providências para que esse plantão seja de 24 horas para que a população não fique desassistida”.
O procurador do município destaca que os repasses da Secretaria Municipal de Saúde para o plantão do hospital estão sendo efetuados regularmente. “A Secretaria Municipal de Saúde, na condição de gestor do SUS (Sistema Único de Saúde) local, tem poder e dever de fiscalizar e nós temos o feito, não estamos nos omitindo. Além disso, efetuamos repasses de subvenções mensais ao hospital, que estão rigorosamente em dia”.
No entanto, o recurso para pagamento de funcionários da Sociedade Beneficente do Hospital São Sebastião (Sobei) enfrenta um entrave: documentação irregular. “É preciso deixar bem claro para a população, que o município de Inhapim não pode efetuar repasses de recursos para que seja feito pagamento de pessoal da Sobei, porque não dispõe dos documentos necessários para que sejam feitos esses repasses. A Sobei hoje deve à Previdência Social e ao FGTS. Os repasses que são feitos hoje são para manutenção do serviço de plantão, que é um serviço do município”.
José Dalles ainda chama atenção para o atraso no repasse de verbas pelo SUS. “Parece-me que são três meses de repasse que estão atrasados. Então, é uma situação dificílima, reconhecemos isso e estamos tendo em parceria com a Sobei e agora também o a parceria do Aminas para que seja regularizado o serviço público de saúde, que é essencial para a nossa população”.
O conselheiro da Sobei, José Normando dos Santos, reconhece que o hospital está enfrentado uma séria crise. “O hospital hoje não tem nenhuma condição de funcionamento. Está com o centro cirúrgico interditado. Não tem nenhuma certidão negativa, documento que habilita o hospital a buscar recursos públicos e existe um grande débito junto à previdência social e ao fundo de garantia. Hoje o prejuízo mensal do hospital de Inhapim, está girando em torno de R$ 100 mil. Isso somado um passivo, ou seja, a uma dívida que já beira os R$ 6 milhões. Então a situação do hospital não é só com relação ao funcionalismo”.
Mudanças na administração seguem em negociação. Cogitou-se o nome da Fundação Educacional de Caratinga (Funec), mas, segundo o conselheiro, há um avanço de uma possível parceria com a Associação Mineira de Assistência à Saúde (Aminas), que administra o hospital de Bom Jesus do Galho. “Essa parceria depende de um estudo que vai ser feito pela Aminas a partir de alguns documentos que nós estamos fornecendo, para que eles apresentem esse plano emergencial, que incluiria, num primeiro momento, a normalização dos pagamentos vindouros e uma negociação dos pagamentos vencidos. Esse plano emergencial a ser apresentado ainda contempla a questão dos funcionários”.