Nesta semana ele completou 118 anos. Seu Daniel nasceu em Iapu, morou no Sul, onde conheceu Getúlio Vargas; e agora vive na zona rural de Inhapim
INHAPIM – Tem um provérbio chinês que diz: o segredo da longevidade é comer a metade, andar o dobro e rir o triplo. Talvez o senhor Daniel Soares de Ramos nunca ouviu esse provérbio, mas parece tê-lo seguido durante toda sua vida. E que vida, pois no último dia 15 ele completou 118 anos, ou seja, 43.070 dias. Somando os dias a mais nos anos bissextos vividos por ele, a conta chega à casa dos 43.100 dias.
A quarta-feira (15) foi de festa no distrito de Novo Horizonte, zona rural de Inhapim. O cidadão ilustre ganhou bolo e presente das mãos do prefeito Márcio Elias. A comunidade se reuniu para homenagear o homem que transmite paz em seu semblante e admirar o ser abençoado com a lonjura dos dias. Afinal, “O cabelo grisalho é uma coroa de esplendor, e obtém-se mediante uma vida justa” (Provérbios 16:31).
OS ENSINAMENTOS DE SEU DANIEL
O DIÁRIO já entrevistou Seu Daniel. A reportagem foi publicada em 15 de junho de 2015. Hoje reproduzimos alguns trechos dessa entrevista, onde ele passou muitos ensinamentos, principalmente em relação aos hábitos saudáveis. Também foram ouvidos vizinhos e amigos, que demonstraram total admiração por Seu Daniel.
Daniel Soares de Ramos nasceu em 15 de maio de 1901. Ele é natural de Iapu, mas conta que morou no Rio Grande do Sul até chegar aos 40 anos. Seu Daniel revela que chegou a conhecer o presidente Getúlio Vargas, a quem ele chama de ‘Padrinho’. Depois de morar no sul do país, se estabeleceu em Tarumirim; e diz que chegou a cidade montado em um cavalo.
Ele não se casou. Teve um irmão. Seu Daniel nunca teve vícios. “Nunca fumei, nunca bebi. Sempre deitei cedo e levantei cedo. Quando eu era mais novo gostava de capinar. Era bom no trabalho da roça. Tenho saudade de andar por este mundo de Deus. Buscava lenha longe”, recordou.
Embora não torça pra nenhum clube, gostava de jogar futebol. “Era center alfo”, diz se referindo como eram chamados os jogadores de meio-campo quando esse esporte ainda engatinhava no Brasil.
Mas mesmo com dificuldades para andar, seu Daniel não dispensa uma caminhada. “Gosto de andar pela rua. Depois eu coloco uma cadeira e fico sentado em frente a minha casa”, disse à época.
E seu Daniel é muito querido. Como atestam os vizinhos. Nelson Vitorino de Oliveira é o seu cuidador. “Seu Daniel é esperto e sabe o que tá fazendo”, elogia, acrescentando que no cardápio do idoso não podem faltar canjiquinha, carne de boi moída, arroz, mandioca e verduras. Ao ouvir tais palavras, seu Daniel franziu a testa, demonstrando um esforço para raciocinar, e lista: “Couve, taioba e almeirão”.
A vizinha Francisca Almerinda de Paula também é só elogios. “É uma ótima pessoa. Muito ativo. Acorda cedo e vem a minha casa. Todo munda gosta do seu Daniel”.
Sobre os tempos atuais, para seu Daniel, “o mundo tá muito virado”. “Nunca bebi, nunca fumei. Esse povo novo não dá valor a saúde que tem. Os médicos ensinam que se a gente não valorizar a saúde, a coisa fica complicada”, finaliza seu Daniel, repassando o ensinamento recebido.
Outro provérbio chinês diz: Espere o melhor, prepare-se para o pior e aceite o que vier. Esse sim é o segredo de Seu Daniel, sempre aceitou os desígnios. Nunca reclamou, coleciona amizades e dá lição de sabedoria. O filósofo Cícero afirmou: Para se ter vida longa é preciso viver devagar. Essa é outra máxima aplicada a Seu Daniel, pois vive sem se precipitar esperando um novo amanhã em Novo Horizonte.
Parabéns Seu Daniel pelos seus 118 anos muito bem vividos.