Campanha para reforma da casa da garota repercutiu em toda a região. Thamires faleceu na última segunda-feira (25)
IMBÉ DE MINAS- Foram muitas pessoas que sonharam junto com a garota Thamires Lorraine de Oliveira Gonçalves. A menina de sorriso sincero e olhos esverdeados, que foi diagnosticada em julho deste ano com leucemia desejava ter a sua casa reformada.
A partir de uma reportagem do DIÁRIO DE CARATINGA, que depois contou com a colaboração de Manoel Pedrozo, o ‘Manoel Bruto’, foram quatro meses de campanha, muitas doações foram realizadas. O sonho da casa foi realizado, mas, a garota Thamires faleceu na noite da última segunda-feira (25). Ela morou por duas semanas na casa nova. Faltava apenas a pintura de unicórnio na parede do quarto, tão sonhado pela menina, aos 11 anos de idade.
A Praça do Bairro Vitória estava lotada na manhã de ontem, nas imediações do Centro Comunitário, onde acontecia o velório. Uma cidade em luto, comovida com a partida prematura. O secretário de Saúde Erick Gonçalves fala sobre a assistência que foi prestada a Thamires e sua família. “Acompanhamos o caso desde o início, quando houve o diagnóstico dentro do nosso município. Realizamos encaminhamento para o setor responsável pelo tratamento da doença, específico, que é o Hospital Márcio Cunha e com isso ela ficou internada um tempo, se reabilitou, nós trouxemos ela novamente para a sua residência. Foi um fato que teve uma campanha que foi trabalhada com órgãos da imprensa de Caratinga, por cidadãos de Caratinga também que mobilizaram toda a região para trazer uma estrutura melhor dentro da sua residência. Após isso a Thamires ia semanalmente para fazer seu tratamento no Márcio Cunha e fomos acompanhando o caso”.
Erick lamentou a morte da garota e disse que ela foi “uma guerreira”. “Sabemos que a leucemia não é uma doença fácil, tem um poder de mortalidade muito grande e ela foi resistindo. Temos que entender que às vezes a saúde da gente está nas mãos de Deus também, mas todo o suporte que ela necessitou, principalmente médico, do equipamento bom que é o Hospital Márcio Cunha, a Thamires teve. Infelizmente, é uma perda para o nosso município, hoje a cidade está toda de luto, vimos crianças que eram da sala da Thamires, todo mundo muito comovido e a região também. Perder uma criança não é fácil, principalmente por uma doença tão grave como essa”.
Emocionado, Manoel Bruto, que participou ativamente da campanha da reforma da casa, explica que a reforma estava na reta final. “Na verdade, o término da campanha ainda estava por vir, infelizmente, aconteceu essa fatalidade agora. Quando começamos a campanha era um sonho que ela tinha, de morar na casinha dela e realmente o sonho foi concretizado, graças a Deus, porém, a festa de inauguração da casinha não deu tempo de ser feita. Infelizmente, vai ser no céu. Foi muito grande a perda porque a gente que está envolvido, acaba levando um pedacinho da gente”.
A última conversa com Thamires, revelava a felicidade de ver o sonho se realizando e a gratidão à solidariedade, como conta Manoel. “Tenho um áudio dela, ela queria que fizesse um desenho de unicórnio, estava tudo prontinho para a gente vir cá, fiquei sabendo da internação dela. Ela me disse assim: ‘Quando o pintor vier, pegar a chave na casa da minha tia’. Estava tudo preparado, mas, ontem (segunda-feira) à noite, me ligaram que não tinha notícia muito boa, que ela estava muito ruim. Fiquei sabendo logo depois que ela tinha falecido, então foi muito rápido. A gente tinha esperança dela estar bem, fazer uma festa, inaugurar a casinha, mas os planos de Deus nem sempre são como queremos. Aprendemos muito com ela, cada pessoa que perco, que estamos cuidando, é uma grande perda, mas umas levam um pedaço maior da gente”.
Para as pessoas que abraçaram a campanha e acreditaram no sonho da família, Manoel Bruto deixa sua mensagem. “Não tenho nem palavras para agradecer. Foi uma demonstração de carinho, porque quando colocamos na imprensa os pedidos, choveu gente querendo ajudar e realmente chegaram junto. Sem ajuda do pessoal nada teria acontecido. É uma sensação de dever cumprido, porém, não conseguimos devolver a saúde, a vida. Só temos que lamentar (lágrimas). Quero agradecer a todos que estiveram envolvidos e a luta não para, vamos continuar”.