Em nossa série, temos examinado a justiça de vários pontos – e todos eles, comuns a todos nós.
Continuando, então: a justiça que começa dentro de casa, se estende ao trabalho e à vida social. Contudo, ela carece de um horizonte maior.
Ela não termina em nossa capacidade de compreender o outro — porque somos humanos, e falhamos.
É aí que entra a dimensão da justiça universal, que nos lembra que Deus é o juiz último, perfeito e misericordioso.
Êxodo 23 nos oferece duas imagens poderosas para pensar essa justiça:
- “Se vires o jumento do teu inimigo caído sob o fardo, ajuda-o a levantar-se.” (23:5)
E 2. “Não mates o inocente e o justo; afasta-te da falsidade.” (23:7)
Na vida cotidiana, essas instruções dadas a Moisés há mais de 3200 anos se traduzem em ações simples e profundas:
– Ajudar alguém que nos prejudicou, sem esperar recompensa.
– Evitar espalhar fofocas ou opiniões injustas.
– Reconhecer que não temos todas as informações antes de julgar.
Mão na consciência: essas atitudes parecem ser pequenas, não é?
Mas, e qual é o tamanho de uma semente de uma árvore enorme? Precisamos ver esses “conselhos” como sementes de uma justiça que transcende o nosso ego humano.
E veja que lição tremenda: QUANDO PRATICAMOS O CUIDADO COM O OUTRO mesmo quando ele erra ou nos desagrada, ESTAMOS PARTICIPANDO DA JUSTIÇA DE DEUS.
Porque Ele não julga precipitadamente; Ele vê o coração e oferece espaço para crescimento.
No contexto brasileiro, isso pode se aplicar a inúmeros momentos do dia a dia:
– O motorista que cortou seu caminho, mas está com pressa.
– O colega que não entregou o relatório, mas está sobrecarregado.
– O vizinho barulhento, mas que tem problemas que desconhecemos.
O julgamento humano, limitado, muitas vezes gera conflito e sofrimento.
A justiça maior nos ensina a agir com prudência, empatia e responsabilidade, sabendo que Deus conhece o todo.
Em termos práticos, é transformar o que poderia ser ressentimento em ação construtiva: um sorriso, uma oferta de ajuda, uma palavra que reconcilia.
É perceber que cada gesto de misericórdia e discernimento constrói um mundo mais justo, um passo de cada vez.
No final, a justiça verdadeira não é sobre punir ou vencer, mas sobre restaurar e libertar.
Quando julgamos com o coração, inspirados pelo amor e pela sabedoria milenar, nos tornamos instrumentos da justiça divina.
E assim, do lar ao universo, podemos ver florescer um mundo onde ninguém é deixado caído sob o fardo — e todos recebem a chance de se levantar.
Que alvo excelente para iniciar cada dia!
Rev. Rudi A. Kruger – Faculdade de Teologia Uriel de A. Leitão – rudi@doctum.edu.br








