“Chicote” é um marco na literatura policial de Minas Gerais
Aproveitei o feriado de carnaval para concluir uma leitura fora da minha zona de conforto: “Chicote”, um livro policial de Nuno Rebelo. Conheci a obra através das redes sociais e a sinopse já me deixou ansioso pela leitura. Na coluna de hoje, compartilho algumas razões para você também participar desta investigação.
Título: Chicote
Autor: Nuno Rebelo
Páginas: 293
Editora: 7 Autores
Público: +18
Onde comprar: Amazon (disponível em formato físico e digital)
1. Enredo bem desenvolvido
O casamento de Felipe e Paula está fadado ao fracasso. Ambos são infelizes na relação, mas continuam juntos por pura imposição social. O jogo começa a virar quando Felipe conhece Tatiana, uma mulher bela e interessante que o encanta desde o primeiro olhar.
Após uma noite quente, o importante advogado volta para casa e deixa Tatiana sozinha em seu apartamento. Na manhã seguinte, o corpo da amante é encontrado pela polícia com marcas de chicote e violência sexual.
Felipe é o principal suspeito, não apenas por ter sido a última pessoa a conversar com a vítima, mas também por ter um cartão de visitas com seu nome marcando as páginas de uma bíblia ao lado do cadáver.
Outras mulheres são encontradas em situação semelhante, repetindo sempre o mesmo padrão: chicote, bíblia, cartão de visitas.
Grego e Romano são os investigadores responsáveis pelo caso. Eles passam a lidar com um serial killer desconhecido e ficam na cola de Felipe para tentar provar o seu envolvimento.
2. Personagens inspirados em pessoas reais
Assim como na vida real, todos os personagens possuem diferentes graus de sofrimento psicológico. Eles são humanos e, portanto, falhos. Nenhum deles é um herói perfeito e intocável criado para salvar a história. Chega a ser difícil confiar até mesmo nos policiais.
Os perfis intimistas aproximam o leitor da obra e provocam questionamentos sobre pensamentos e atitudes cotidianas.
3. Valorização de Minas Gerais
Toda a história se passa em Belo Horizonte. O autor descreve cenários famosos como a Avenida Afonso Pena e a Igrejinha da Pampulha.
Como leitor, estou acostumado a ler livros que retratam as capitais do Rio de Janeiro e de São Paulo. Essa foi a primeira vez que li um romance policial completamente mineiro.
As cenas bem descritas são prova da boa relação de Nuno Rebelo com BH e de sua atuação no Direito. O autor é mestre em Ciências Jurídico Internacionais e ministra disciplinas como Direitos Humanos no ensino superior.
4. Os fãs de Agatha Christie vão amar
Quem já embarcou em alguma aventura com Hercule Poirot ou Miss Marple provavelmente tentou descobrir o desfecho de um caso. Os clássicos da rainha do crime prendem o leitor do início ao fim. Nuno Rebelo também consegue fazer isso por meio de intrigas, pistas e mistérios que surgem a cada novo capítulo. Eu criei várias teorias e fiz de tudo para decifrar!
5. Responsabilidade social
Nuno não poupou palavras ao descrever as cenas de sexo e de violência. Por essa razão, a leitura contém gatilhos para pessoas sensíveis aos temas citados. Entretanto, o autor foi responsável por incluir uma carta ao leitor na qual cita os objetivos do livro: provocar a reflexão dentro de uma narrativa que pretende cativar o leitor pelo suspense, pela ação, pela crítica social, pela trama e, especialmente, pela conduta humana.
Eu curti muito a experiência de leitura! O livro possui continuação e já estou em busca do meu exemplar. Recomendo a todos os leitores maiores de 18 anos.
DANIEL DORNELAS é escritor, produtor de conteúdo e estudante de medicina. Apresenta no Entre Livros na TV UNEC e no Super Canal.