MANHUAÇU – Uma greve que é nacional, desde a noite desta segunda feira (23), ganhou a adesão dos caminhoneiros de Manhuaçu e região. Após quatro dias de paralisação em diversos Estados brasileiros, um grupo de aproximadamente 40 caminhões resolveu parar no entroncamento da BR-262 com a BR-116, próximo a Realeza. A paralisação continuou até a tarde desta terça-feira (24), quando uma média de 500 caminhões já haviam aderido. Mas, após uma visita da Polícia Rodoviária Federal ao local, o movimento se dispersou.
Segundo um dos caminhoneiros pertencente ao grupo que começou o movimento em Realeza, Demerval Satlher, assim como a paralisação nacional, a principal reivindicação é o aumento do preço dos fretes, além de uma diminuição no preço do combustível, que, de acordo com ele, está muito abusivo. “Nosso frete, deve ter uns seis anos ou mais que está defasado, não houve reajuste nenhum. E o óleo só vem subindo o preço nesse tempo. Hoje, um frete não sobra mais 30% dele de lucro. Quem tem prestação para pagar, família para sustentar não está aguentando, está difícil. O dinheiro que ganhamos hoje não é suficiente e a despesa na estrada só subiu”, relata o caminheiro.
Inconformados com a situação, o grupo se reuniu, pois acreditam que sem o transporte dos caminhões, o Brasil para. “As mercadorias chegam de caminhão. A Presidente falou que não tem problema caminhões pararem porque temos ferrovias e hidrovias, mas quero ver chegar aqui uma balsa ou um trem. Aqui temos caminhões com cargas de petróleo, de arroz, açúcar, gás e enquanto estiver parado aqui vai faltar”.
De acordo com Demerval, os manifestantes pretendiam ficar em paralisação no local até uma decisão uma resposta às reivindicações. “Estamos aguardando as negociações junto não Governo Federal”, pontuou. Logo após a entrevista, uma dupla de policiais rodoviários federais parou a fim de conversar com os caminheiros. Sem poder se pronunciar a imprensa, pois apenas a PRF de Brasília tinha autorização, segundos os próprios policiais, eles conversaram com os manifestantes.
Um deles chegou a pedir que eles voltassem para casa e que havia relatos de caminhoneiros que não queriam aderir a greve e que tinham medo de seguir e serem apedrejados. Os adeptos ao movimento justificaram dizendo, assim como afirmado em entrevista, que o movimento era pacífico.
“É uma manifestação pacífica, a pessoa adere se quiser, sem briga, sem confusão”. Se um caminhoneiro não aderir e quiser passar, como ocorreu agora a pouco, ele pode passar. É o direito de cada pessoa, de ficar e reivindicar ou de ir. “Mas hoje todos aqui estão com esse ideal, pois como está é prejuízo para todos nós”, ressaltou um dos caminhoneiros. O DIÁRIO acompanhou a paralisação durante essa tarde e durante todo o período não houve registro de confusões ou uso de violência.
COMO COMEÇOU De acordo com Demerval, quando começaram as primeiras manifestações em outros Estados, como Mato Grosso e Santa Catarina, os caminhoneiros da região pensaram que também que tinham que aderir, pois estavam em um ponto muito importante das rodovias, que é o entroncamento da BR-116 com a BR-262, uma das duas principais rodovias do Brasil. “Juntamos uma turma e resolvemos correr atrás dos nossos direitos. Logo foram chegando mais caminhões e aderindo”, explicou.
NO BRASIL Em quatro dias de greve no Brasil e presente em 11 Estados brasileiros, a produção e abastecimento de algumas regiões já foram comprometidas. Em Betim, região Metropolitana de Belo Horizonte, a FIAT já dispensou funcionários durante dois dias consecutivos para frear produção. Os manifestantes protestam contra o aumento do preço do diesel e o baixo valor dos fretes nas viagens.