Thales Castro conta como saiu de Córrego Novo e foi tentar a carreira de jogador de futebol no Japão
DA REDAÇÃO – “Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?” pergunta a canção da banda Skank, que tem letra de Nando Reis. Thales Procópio Castro de Paula, 17 anos, desde a infância acalentou esse sonho. E as respostas sobre o direcionamento de sua vida, ele está encontrando em um lugar distante. Thales Castro deixou a cidade de Córrego Novo para ser jogador no Japão, a ‘Terra do Sol Nascente’. Hoje ele defende o Syugakukan, clube da cidade Yatsushiro, localizada na província de Kumamoto.
Thales Castro começou no Acesita Esporte Clube, da cidade de Timóteo. Despois esteve na base do Clube de Regatas do Flamengo. Após passagem no time carioca, se transferiu para o Paraná Soccer Technical Center (PSTC), de Londrina (PR). Essa equipe é notória reveladora de talentos, vide os casos de Kléberson (campeão mundial pela Seleção Brasileira em 2002), Fernandinho (atual Manchester City), Jadson (atual Corinthians), Dagoberto (defendeu, dentre tantos clubes, São Paulo e Cruzeiro) e Rafinha (atual Bayern de Munique). O ingresso no PSTC foi o passaporte para Thales Castro ir para o Japão.
Como o mundo ficou pequeno com as redes sociais, pelo WhatsApp, Thales Castro, que é volante, conversou com a reportagem do DIÁRIO. Ele falou sobre sua carreira, da saudade que sente dos pais Nelson de Paula e Maria Aparecida Castro de Paula. O adolescente se mostrou ‘pés no chão’. Sabe de suas potencialidades e reconhece que a carreira de jogador de futebol exige sacrifícios.
Como surgiu a possibilidade de ir para o Japão?
Eu tive uma passagem pela base do Flamengo e depois fui para o PSTC. Este é um clube formador de atletas e revelou grande nomes. Então, um empresário japonês, que tem parceria com o PSTC, foi nos visitar e assistiu alguns jogos. Me destaquei nessas partidas e fui chamado para ir pro Japão. Também foi enviado um vídeo para que o treinador pudesse me avaliar. E no dia 21 de março deste ano eu me apresentei ao clube Syugakukan.
Qual foi a reação de sua família ao saber que iria para um lugar tão distante?
Minha família me apoia muito. Difícil é a saudade, mas sempre fui desapegado em relação a querer voltar para casa. Sei que é muito complicado sair de casa muito novo. Mas estou em busca de um sonho. Tenho que batalhar por ele. Não é fácil, às vezes choro. Mas desse jeito vou ganhando força para ficar aqui. Minha mãe fala para voltar, mas também apoia para que eu fique no Japão. Enfim, recebo esse apoio para realizar o meu sonho.
Como está sendo sua adaptação?
Minha adaptação está sendo mais fácil do que eu esperava, pensei que seria mais complicado. Para se ter ideia, agora no Japão está muito calor, até mais do que no Brasil (risos). É muito abafado. E o futebol jogado aqui é mais compacto, mais rápido, muito toque de bola, ‘vai e volta’. Não para um segundo. As linhas são mais compactadas. Na categoria de base digo que é um futebol mais maduro do que o jogado em alguns times brasileiro. Tem que ter amadurecimento, além de garra e muita vontade, esse é o estilo japonês.
Idioma e culinária do Japão são bem distintos para nós brasileiros. Como estão esses aspectos em sua vida?
Não tenho tradutor. Tenho que estudar e me virar, mas graças a Deus tenho me desenvolvido bem nesse aspecto também. Sobre a culinária, precisei de um tempo para me acostumar, pois é bem diferente a do Brasil. Eu gosto do gohan (arroz) com frango. O frango daqui é muito bom (risos). Gosto também de sushi.
Sobre as expectativas de sua carreira, seria ficar no Japão e se profissionalizar ou essa é apenas uma etapa?
No que Deus preparar para mim, irei lá dar o meu máximo e conquistar meu espaço. Mas meu foco agora é me profissionalizar e ajudar minha equipe, me doando o máximo a cada dia. Como se dizem no Brasil, “matando um leão por dia”. O Syugakukan é um clube-escola. Os jogadores são observados pela J-League. No momento estou sendo monitorado, com chances de ir para o Shimizu S-Pulse quando completar 18 anos. Caso isso aconteça, também seria uma forma de retribuir a minha família tudo que fez por mim até agora. Sou grato a Deus por tudo.