Boletim de Vigilância em Saúde ainda alerta que os casos de acidente por animais peçonhentos relacionados ao trabalho são considerados “grande problema de saúde pública e motivo de preocupação das vigilâncias Epidemiológica e Sanitária”
CARATINGA- A edição de março de 2018 do Boletim de Vigilância em Saúde, elaborado pela Equipe Técnica de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Caratinga traz os aspectos epidemiológicos dos acidentes ofídicos em Caratinga.
De acordo com o documento, o objetivo é fornecer dados estatísticos sobre acidentes por serpentes no município, obtendo informações no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). “O estudo também identifica sua relação no meio rural e esclarecendo os aspectos sinantrópicos dos acidentes. O trabalho contribui também para o conhecimento específico sobre animais de importância médica da região, gerando informações sobre biologia clínica e terapêutica dos acidentes, abordando conceitos sobre reconhecimento, tratamento, profilaxia e epidemiologia”, afirma.
O boletim registra acidentes por serpentes ocorridos no município entre os anos de 2007 a 2017. Foram estudadas as variáveis de idade, sexo, zona de ocorrência, ano do acidente, gênero da serpente, ocupação, manifestações clínicas, local da picada, acidente relacionado ao trabalho, gravidade, terapêutica empregada e evolução do caso.
O ESTUDO
O registro foi de 402 acidentes ofídicos em Caratinga no período de 2007 a 2017, sendo 367 casos pelo gênero Bothrops (popularmente chamadas de jararacas, cotiaras e urutus), apresentando índice de 91,29% dos casos notificados. “Quanto à origem, 71,39% dos casos ocorreram em área rural. A maior incidência encontrada em pessoas do sexo masculino coincide com dados da literatura de Bernarde & Gomes (2012) e Silva & Fragoso Filho (2009). A faixa etária predominante foi a dos 20 aos 49 anos”.
Em sua maioria, os acidentes foram classificados como leve ou moderados. “Foram 157 casos leves, 210 moderados e apenas 25 graves, O que apresenta apenas 6,22% dos casos notificados. Segundo as manifestações clínicas locais tivemos 400 com dor, 304 com edema, 48 com equimose e apenas dois apresentaram necrose”.
“A sazonalidade foi registrada nos meses de dezembro a junho. Nenhum óbito foi observado na casuística estudada. Quanto ao local da picada, verificou-se a predominância dos pés como o membro corporal mais atingido, com 181 casos notificados. Em seguida, as mãos e os dedos das mãos, como as mais atingidas por picadas de serpentes, com 53 e 52 casos respectivamente”.
Já a verificação do acidente decorrido e o atendimento da vítima, com relação ao tempo em horas, “apresentou 157 casos atendidos com menos de uma hora, 184 de uma a três horas, e apenas três dos casos notificados levaram mais de 24 horas para atendimento”.
CASOS RELACIONADOS AO TRABALHO
Além disso, em Caratinga, os acidentes ofídicos representam 125 casos notificados relacionados ao trabalho, o que representa 31,09% dos casos. “Destaque para as atividades de agricultura, pecuária e de construção civil. Vale destacar que os dados relacionados as atividades laborais foi implementada no ano de 2017”.
O estudo ainda deixa um alerta que os casos notificados de acidente por animais peçonhentos relacionados ao trabalho são considerados grande problema de saúde pública e motivo de preocupação das vigilâncias Epidemiológica e Sanitária, “por se tratar de um agravo relacionado a saúde do trabalhador e de fiscalização sanitária”. “Pois temos o risco da ocorrência desde a produção ao transporte dos hortifrútis, como por exemplo um caso notificado em Caratinga no ano de 2017 no qual um trabalhador foi picado ao transportar uma caixa de mamão para um supermercado da cidade”.