BASCA conquista vice-campeonato em competição regional e prova que o basquete é um esporte viável em Caratinga; mas, para modalidade crescer, é preciso mais apoio
CARATINGA – O basquete é uma modalidade esportiva que exige um conjunto de capacidades reunidas em cada jogador, como a força, a velocidade, a agilidade e raciocínio rápido. Mas para ser bem-sucedido é necessário apoio, ter oportunidades. E mesmo diante desses obstáculos, o BASCA (Basquete Caratinga) tem conseguido êxito, como o vice-campeonato obtido na Copa Fabriciano de Basquetebol Amador. A competição contou com equipes do Vale do Aço e Governador Valadares, mesmo com estrutura inferior, o BASCA mostrou sua força em quadra e ganhou quatro dos cinco jogos do torneio, que foi vencido pelo time de Governador Valadares.
A equipe do BASCA treina duas vezes por semana, às terças e às quintas-feiras. E na última quinta-feira (18), o DIÁRIO acompanhou esse treinamento, na quadra da Associação Comercial e Industrial (Acic), e conversou com os atletas Artur Vieira, Pedro Queiroz e Glauter Feliciano da Silva, e também com o coordenador técnico Paulo Avelar.
‘Prata da casa’
Artur Vieira, 18 anos, é ‘prata da casa’. O jovem avalia que o basquete em Caratinga está na fase inicial. “Ainda não está tão consolidado como os outros esportes, como o futebol e o vôlei. Mas é um esporte que está crescendo bastante, principalmente depois desse campeonato (ele refere-se a Copa Fabriciano de Basquetebol Amador), que aumentou nossa visibilidade. Até então só quem conhecia era a pessoa que estava dentro do projeto, porém depois desse campeonato, abriu para novas pessoas, elas estão conhecendo e estão vindo jogar com a gente”.
Ele pratica basquete há dois anos. “Três anos atrás só sabia do basquete que assistia pela TV, a NBA. Não conhecia ninguém que jogava basquete em Caratinga, isso até o Paulo Avelar fazer um projeto na minha escola, que é a Isabel Vieira, no Bairro das Graças. Esse projeto incluiu a nova geração no basquete. E com incentivo de professores devido a minha estatura, resolvi entrar para o basquete. Desde que entrei, esse projeto cresceu muito. No início tinha poucos jogadores, mas hoje em dia ganhou mais adeptos e está bem mais forte do que na época que comecei”.
Artur comenta que sua estatura, 1,97m, foi fundamental para gostar de basquete. “Por ser alto, não me dava bem em esportes como o futebol, devido a minha altura não me destacava muito, mas os professores falaram que justamente pela minha altura teria certa vantagem e assim me interessei pelo basquete. Mas depois que entrei realmente a altura te dá uma vantagem, mas o basquete é para todas pessoas, independentemente da altura, idade, sexo. É um esporte para todos”.
Artur aproveita e dá um conselho para quem quer praticar essa modalidade esportiva. “Para pegar o jeito do basquete você tem que treinar, treinar e treinar. Não é um esporte que você entra sabendo jogar. Como o projeto do BASCA está crescendo bastante é só nos procurar e aprender a jogar, assim como eu aprendi há dois anos”.
Talento e experiência
Um dos segredos do BASCA é mesclar a juventude com a experiência. O talentoso Pedro Queiroz, 38, é uma das referências da equipe. Ele joga basquete desde 1996, ainda quando morava em Belo Horizonte. “Quando cheguei em Caratinga, em 2012, uma das primeiras coisas que fiz foi buscar jogar basquete na cidade. Aí encontrei essa turma que está reunida aqui hoje, que já jogava nas escolas”.
Pedro fala sobre o apoio ao basquete. “Uma situação percebida ainda é a dificuldade que temos na cidade de estrutura, de apoio. A gente luta muito para conseguir uma bola para treinar ou então um local adequado com tabelas, um aro descente. Então, a maior dificuldade que temos hoje em Caratinga é o apoio, que é muito reduzido. Mesmo assim, estamos aqui crescendo. Temos o apoio fundamental do Paulo (Avelar) que está no projeto desde o início e ajuda demais nessa manutenção da equipe”.
Ele analisa a participação do BASCA na competição realizada em Coronel Fabriciano. “Foi muito interessante essa participação na Copa Fabriciano de Basquetebol Amador. Antes, o time tinha um retrospecto negativo, mas com o empenho, treinamento, cessão de quadra feita pela Acic, com o Paulo (Avelar) correndo atrás e conseguindo bolas, local para treinamento. Então foi o primeiro torneio que tivemos uma campanha positiva e a gente conseguiu o vice-campeonato. Perdemos apenas para Governador Valadares, onde é feito um trabalho muito forte, com mais de 20 anos de existência. Essa participação foi interessantíssima, ainda revelamos novos atletas, geração do ano 2000 acima, que vão ajudar muito o basquete em Caratinga”.
15 anos de basquete
Glauter Feliciano da Silva, 29, joga basquete desde 2006, quando começou na Escola Estadual Isabel Vieira. “Nesses 15 anos a trajetória não foi muito fácil. Desde o começo, a questão de quadra, nunca tivemos uma infraestrutura. Porém, o Paulo Avelar ajuda muito a gente. Se hoje tem basquete em Caratinga é porque ele não deixou morrer. Ele está sempre lutando pelo basquete, às vezes tira até do próprio bolso para poder ajudar”.
Sobre o campeonato disputado em Coronel Fabriciano, Glauter disse que o BASCA já havia disputado outras vezes, mas agora obteve um resultado muito bom. “Em 2021 conseguimos treinar um pouco mais, não tanto quanto o necessário, mas treinamos um pouquinho mais e conseguimos trazer essa segunda colocação para Caratinga”.
“Hoje podemos dizer que Caratinga tem um time de basquete. Só de ter disputado e conseguido o vice-campeonato, pessoal divulgou, vemos que mais meninos vieram jogar. Isso chama atenção das pessoas para o basquete”, conclui Glauter.
Treinador e coordenador
Paulo Avelar é quem coordena o BASCA. Ele recorda o trabalho iniciado há 13 anos. “Comecei um trabalho na Escola Estadual Isabel Vieira, no Bairro das Graças, em 2008, com praticamente esse grupo, que é a base do time que representa a cidade de Caratinga. Na época eram estudantes, na faixa de 15, 16 anos. Há três anos retomei o trabalho com eles. Voltamos a nos reunir, voltamos a treinar para participar de campeonatos da região e representar a cidade de Caratinga”.
Sobre a questão do apoio, Paulo Avelar faz suas ponderações. “Temos apoio da Prefeitura com o Bolsa-Equipe, que é um valor para disputar campeonatos e temos apoio da Acic. Provavelmente no próximo ano já teremos parceria mais ampla para atender toda comunidade de Caratinga. Esperamos criar uma escola de basquete aqui na Acic do mesmo jeito que já existe uma escola de vôlei”.
Paulo Avelar ainda fala sobre um de seus anseios. “Gostaríamos de ter apoio de uma universidade para dar sequência ao estudos desses meninos e fazer um trabalho mais amplo”.
O coordenador também falou sobre o bom resultado alcançado em Coronel Fabriciano. “Ano passado fomos convidados e neste ano fomos para competir, deparamos com uma equipe muito boa, que é de Governador Valadares. Essa equipe é composta por pessoas que têm uma base muito boa de basquete, têm local de treinamento, eles têm uma estrutura melhor do que a nossa. Mesmo assim conseguimos fazer frente a essa equipe. Ganhamos das equipes de Timóteo, Coronel Fabriciano e de Ipatinga. É um resultado muito bom e que eu acredito que no futuro vai conseguir abrir portas em Caratinga pra gente”.
Finalizando a entrevista, Paulo Avelar faz seus planos. “Ainda não fechamos a parceria com a Acic, nós precisamos fechar essa parceria ou mesmo com uma universidade aqui de Caratinga. A partir do momento em que firmamos essas parcerias, iremos até as escolas e convidaremos os alunos para montar equipes. A partir desse grupo, aí sim teremos condições de organizar torneios aqui na cidade e não só representar Caratinga em torneios jogados em outras cidades. Queremos ampliar o número de praticantes de basquete”.