Casal se conheceu há cinco anos através de programa de rádio
CARATINGA- Eles se conheceram de uma maneira inusitada: através de um programa de rádio. E o mais surpreendente? Deu casamento. Essa é a história de José Geraldo de Oliveira, 52 anos e Maria de Fátima Carvalho Oliveira, 50 anos.
A história do casal só foi possível com a ajuda de um cupido. O programa “Namoro no Rádio”, transmitido pela Rádio Caratinga, tem o objetivo de ajudar aquelas pessoas que estão em busca de um parceiro ou parceira. O ouvinte liga para a rádio e passa seu nome, idade e características, que são lidas pelo locutor Cleon Coelho. Quem está do outro lado tem a oportunidade de entrar em contato com aquele que tiver o perfil que mais lhe agradar.
Foi assim que José chegou até Maria de Fátima há cinco anos. Ela conta que demorou um pouco para se despertar para um novo relacionamento, mas que não perdeu as esperanças de encontrar uma pessoa que correspondesse às suas expectativas. “Tinha um relacionamento de mais de 20 anos, com o pai dos meus filhos. Separei e fiquei um tempo sozinha, mais de três anos. Falei que não queria arrumar ninguém para não ter uma decepção, como no último relacionamento. Comecei a sair, passear, dançar, que eu gosto muito. Passaram-se três e anos e pensei, vai chegando uma certa idade, vou arrumar uma pessoa, porque tenho um casal de filhos, que já são maiores e têm a vida deles. Deus vai colocar uma pessoa boa no meu caminho, mas não qualquer coisa, preparado por Deus mesmo”.
O ENCONTRO
E foi em um dia de trabalho, que ela decidiu perder o medo e arriscar uma participação no programa de rádio. “Estava trabalhando em uma casa de família, liguei o rádio e passou na minha cabeça de ligar para o programa do Cleon e deixar meu nome lá, para alguém me conhecer. Não expor como eu querendo conhecer alguém. Pedi para passar meu telefone. Ele teve que falar no ar para alguém ver e me ligar. Ele deixou meu nome, idade, na época 45 anos e meu jeito”.
Do outro lado, na zona rural, estava José Geraldo, que nem tinha o hábito de ouvir rádio. Mas, nesse dia, ele saiu de um serviço que estava fazendo para o filho e resolveu passar em casa. “Ele acabou ligando o rádio e na hora estava passando meu perfil. Ele interessou só que não ligou na hora. Não fez nada, só depois de três dias. Acho que tinha até perdido telefone, ligou para o Cleon, falou meu jeito e ele passou o telefone. Nesse meio tempo outro já tinha me ligado, mas não deu em nada, porque pelo papo não agradei. É porque tinha que ser ele mesmo”.
Mas, mesmo com o telefone em mãos, não foi tão fácil localizar Maria de Fátima. “Me ligou, passou mensagem e eu não tinha visto. Falou: ‘Oi, Maria de Fátima. Gostaria de te conhecer’. Na época ele era separado, vi a mensagem e interessei. Ele deixou o número, liguei e marcamos um encontro em frente o Menino Maluquinho. Nesse dia ele estava em uma festa de casamento lá na roça, saiu para vir no meu encontro. Eu ia numa festa e também não fui para encontrar com ele”.
E já no primeiro encontro os dois sentiram que iriam dar certo. José foi precavido e logo decidiu lançar uma ‘pegadinha’ para saber se realmente valia à pena investir em Maria. Ela deu exatamente a resposta que ele esperava. “Na hora que vi ele falei: ‘É esse!’. Parecia que já nos conhecíamos há muito tempo. O santo bateu, amor à primeira vista. Conversamos, ele me chamou para ir no casamento onde ele estava na roça com ele. Falei: ‘Não vou. Nem te conheço. Estou conhecendo você agora’. Através disso que ele gostou de mim, porque não fui aquela mulher pra frente (risos). Ele quis me testar. Ele falou que se eu tivesse aceitado hoje em dia a gente não estaria nem junto”.
José acrescenta que a negativa dela demonstrou que não era mais preciso esperar. Ele havia encontrado sua amada. “Foi mais interessante, na hora que chamei pra sair. Pensei, vou levar o capacete e vou convidar, se ela aceitar nós vamos sair e nunca mais nós encontramos. Ela falou que não ia, porque não me conhecia e que: ‘Você vai pra festa e depois nós conversamos’. Falei: ‘Não vou pra festa’, porque já vi que era ela mesmo que eu queria. Ela era a pessoa que eu estava procurando. Nós não tínhamos muito tempo a perder. Acho que a gente já tinha sofrido o que tinha que sofrer”.
DO NAMORO AO CASAMENTO
Os dois foram se entendendo e logo que se conheceram, a relação evoluiu para namoro. José Geraldo afirma que ia todos os dias até a casa da namorada, que morava no Bairro Santa Zita, em Caratinga. “Ela falava que eu não precisava ir todo dia, porque era longe, mas eu falei: ‘Não fico sem te ver não. Quero te ver todo dia’. E assim foi até que a gente foi morar junto. A gente foi conversando e encontrando, falei pra ela: ‘Pra mim já te conheço o suficiente, sei o que quero’. Ela falou: ‘Também acho que você é a pessoa que eu quero’. Perguntei se ela tinha superstição e ela me perguntou: Por quê?’. Falei assim: ‘Porque se você não tiver nós vamos morar junto no mês de agosto mesmo’. Muitas pessoas têm uma impressão com mês de agosto, que dá desgosto, mas pra mim não tem isso. Em dezembro a gente casou no papel e até hoje minha cunhada e madrinha de casamento costuma brincar com a gente, quatro anos e nenhuma briguinha. Não mesmo”.
Para Maria de Fátima, de lá para cá a vida tem sido só alegria e a expectativa é de que seja ainda melhor, com mais um passo no relacionamento. “No início eu não levava ele para minha casa, porque os meus filhos moravam comigo. Preferi esperar para ver o que ia dar. À medida do tempo fomos nos conhecendo e deu certo. Ele tem três filhos do primeiro relacionamento dele que gostaram muito de mim, ele também gostou dos meus. Hoje a gente vive há mil maravilhas; faz aniversário no mesmo dia. Quando fez três meses, casamos no civil e estamos lutando agora para o casamento na igreja”.
Sobre terem se conhecido através de um programa de rádio, para o casal, apesar das pessoas ainda ficarem surpresas com isso, o método funcionou. José Geraldo e Maria de Fátima destoam de uma nova geração de relacionamentos: primeiro eles marcaram o encontro, sem ao menos terem visto uma fotografia um do outro. Hoje em dia, as pessoas querem ver o ‘possível’ parceiro em fotos pelas redes sociais antes de marcarem o encontro. “As pessoas têm um preconceito disso aí, acha que quem participa do namoro é gente feio e não é. Participa gente boa. O segredo no meu modo de entender está na verdade. Falei para ela a verdade, que moro na roça. Tem gente que às vezes tem vergonha de falar que mora na roça. Ela também não pensou em sair comigo, senão eu não ia gostar. Ela foi sincera e não aceitou. Então, é isso. Respeito. Ninguém deve ter medo de ninguém, todo mundo deve respeitar um ao outro”, afirmou José.
Maria de Fátima faz questão de ressaltar que como parte dessa história “tão bonita”, está Cleon Coelho, que até hoje participa da vida do casal. “Sempre estou indo visitar ele (Cleon). Ele foi ao meu casamento no civil, vai à nossa casa de vez em quando almoçar e agora a gente vai casar na igreja e ele vai participar também”.
Para ela, o importante é ter paciência e depois colher os frutos. O namoro no rádio se tornou casamento e desde aquele momento, eles continuam sintonizados na mesma frequência. “Nós gostamos muito de dançar na 3ª Idade, não perdemos. Não estamos indo agora por causa da Quaresma, mas passeamos para todo lugar. Estamos em todas, graças a Deus. É coisa de Deus, Deus prepara. Até os nossos passados são parecidos. Não deu certo com as outras pessoas que vivemos, não fomos valorizados. Não pode é perder as esperanças, às vezes minha irmã brinca: ‘Quero conhecer o Zé igual esse’. Igual esse vai ser difícil (risos)”.