APAC recebe lideranças religiosas em busca de ampliar parcerias em assistência espiritual
INHAPIM – A Associação de Proteção e Amparo aos Condenados (APAC) de Inhapim recebeu na última quinta-feira (18), lideranças religiosas da Igreja Católica. O momento, que contou com a participação do bispo Juarez Delorto Secco, buscou reforçar a importância da assistência espiritual para os recuperandos e mobilizar mais voluntários.
A presidente Giovana Ferreira destaca que em 10 anos de funcionamento da APAC, esta foi a primeira edição do Café com as lideranças da Igreja Católica. “A intenção é colocá-los mais à par de todo o caminhar da instituição e da importância da Igreja Católica prestar serviço aqui dentro também, porque aqui tem católicos e tem evangélicos, então eles precisam de acompanhamento. É uma forma de a gente estar sensibilizando os coordenadores, as lideranças, aos sacerdotes, de estar junto conosco aqui. Faz parte dos 12 elementos, a espiritualidade, faz a diferença na vida deles, na caminhada deles aqui dentro”.
Padre José de Fátima Rosa frisa que o evento é importante para enfatizar que ninguém é irrecuperável. “E o motivo da gente trabalhar aqui na APAC tem demonstrado toda a alegria e o conforto muito grande para os nossos detentos, os nossos recuperados. Então, nós temos aqui a questão da espiritualidade, não só católica, mas também dos nossos pastores, que vêm trazer aqui um benefício muito grande. Nossos catequistas, pessoas que rezam, eu que celebro missa, atendo as confusões, e aqueles que querem também fazer a sua Primeira Comunhão. Este momento para nós tem sido de muitas bênçãos neste local. Lutamos para trazer a APAC para Inhapim, exatamente esse terreno que hoje tem feito bem a muita gente, muitos jovens que estão aqui se recuperando, reestabelecendo e retomando a sua família”.
Para padre José de Fátima, é uma graça muito grande a espiritualidade dos recuperandos, diante do humano, do psíquico e também daquilo que é essencial na vida de uma pessoa humana. “Nós ficamos felizes e até mesmo por esse momento que está acontecendo aqui, onde temos a presença do bispo, vários padres aqui, várias lideranças de nossa forania, povos aqui da nossa região. É uma bênção e uma riqueza muito grande para todos e para cada um de nós, principalmente nós que trabalhamos, vendo assim o valor, a riqueza da pessoa humana, a gente sentir. Ninguém é irrecuperável. Temos que colaborar. Vejo que é uma moçada bacana, uma juventude maravilhosa”.
Fernanda Assis, encarregada administrativa da APAC, analisa que pessoas da comunidade possam se juntar a esse propósito como voluntários. “Que hoje é o que a gente mais precisa aqui na instituição. Voluntários para assessorar a gente, para nos ajudar e também ajudar na ressocialização dos recuperandos. O objetivo principal nosso, além de trazer, mostrar o nosso trabalho de ressocialização, é também trazer a comunidade cristã para dentro da instituição, para que eles possam também fazer um trabalho voluntário e ajudar na ressocialização dos nossos recuperandos. A sociedade precisa de entender que no Brasil não existe prisão perpétua. Então, uma hora, esses homens vão sair, retornar para a sociedade. Aqui é uma chance deles melhorarem e corrigirem aquilo que eles fizeram no passado. Obviamente que não tem como voltar atrás e apagar o que eles fizeram, mas tem como nós entregarmos para a sociedade homens diferentes, homens melhorados e homens ressocializados. Então, essa é a importância”.
O bispo Juarez Delorto Secco enfatiza o papel da APAC e da espiritualidade no ambiente prisional. “A APAC ajuda a pessoa a se ressocializar, a se arrepender dos seus pecados, dos seus erros e buscar uma vida nova. E essa vida nova, acreditando em Jesus, aquele que veio pra salvar e não condenar, dá uma nova oportunidade pra pessoa. Nesse sentido, dessa oportunidade, que a gente possa abraçar e acolher esse novo momento na vida deles, A espiritualidade é justamente isso. Porque a fé, ela ilumina a vida da pessoa, e transforma. E deixar-se transformar pela fé, acreditando em Jesus, e que assim possa ser feliz. Uma nova oportunidade que vai nascer, com a graça de Deus”.
Dom Juarez segue explicando que “Deus acredita em nós. Nós podemos acreditarmos nos outros e ver que as pessoas têm outros momentos também de oportunidade. E que possam pagar pelos seus erros, mas que também possam ter oportunidade de voltar para a sociedade. É muito importante isso. A fé, a igreja católica. Nossa Senhora, que interceda por eles, que possam retomar o caminho. Isso que é mais importante. A igreja é sempre missionária. Então, a gente está aqui, em nome de Jesus, o evangelho, não só eu como Pastoral Carcelária, os padres estão aqui também. A presença dos padres, do bispo aqui, significa também esse alívio, essa presença de Deus, que traz sobriedade, que traz confiança no trabalho e na missão”.
O pároco da Paróquia São Sebastião de Inhapim, Ely da Terra Cristo, descreve o trabalho pastoral realizado na APAC de Inhapim mensalmente. “Temos a celebração eucarística toda primeira terça-feira do mês, às 15h. Também alguns agentes pastorais que sempre estão presentes aqui para um momento de encontro, de louvor, de oração com os recuperandos, que é o que nós temos feito enquanto trabalho paroquial da comunidade cristã. Sempre temos convidado as comunidades, as pessoas para estar aqui presentes, justamente para que seja um momento de valorização do ser humano que está aqui, acima de tudo isso”.
Um ambiente de recuperação, é um ambiente de esperança, como cita padre Ely. “Sempre, na medida do possível, temos tentado fazer esse esforço, de presença quanto a igreja, claro, mas também como amigos. Hoje mesmo, várias pessoas das comunidades, lideranças da paróquia, estão aqui presentes, para esse contato mais especial de apresentação da APAC, como um lugar realmente onde temos irmãos, pessoas que merecem nossa atenção, nossa ajuda, e é claro, a gente tenta fazer a nossa parte para que possa recuperar o máximo possível esses irmãos, tendo essa oportunidade de reintegrar à sociedade. É claro que não é só a igreja católica, mas também nossos irmãos evangélicos vêm e a gente vê realmente uma abertura muito grande. De vez em quando pedem uma confissão, uma conversa pessoal. São pessoas que estão num processo muito bonito de recuperação e que ainda têm esperança, com certeza”.