(Noé Neto)
Para aqueles que acreditam na vida após a morte do corpo, o paraíso pregado por algumas religiões ou a evolução em nova encarnação pregada por outras, dependem do progresso e da postura diante desta vida, por isso ela é tão importante. Para aqueles que não acreditam em vida pós morte corpórea, a vida atual é ainda mais importante, pois é a única chance que se tem de ser feliz. Então, independente de credo ou religião, para muitas pessoas, a vida é o bem mais precioso que temos.
Alguém pode assustar quando eu digo “para muitas pessoas” e questionar, não seria para todas as pessoas? Não! Infelizmente não.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) a cada 40 segundo uma pessoa tira a própria vida. É simplesmente assustador! O suicídio é uma grande epidemia mundial. E o pior é que as pessoas não falam sobre o assunto, é um tabu em meio a números tão alarmantes.
No Brasil, segundo o site Setembro Amarelo, 32 pessoas suicidam por dia. O número é maior do que o de vítimas da AIDS ou de diversos tipos de câncer. É apavorante pensar que muito pouco, ou quase nada, é feito para mudar esse quadro.
Quando me deparei com estes dados, me fiz algumas perguntas que gostaria que o amigo leitor também fizesse comigo:
- I) Quantas pessoas próximas a mim (amigos, familiares, vizinhos, etc) já cometeram suicídio?
- II) Quantas destas pessoas mostraram antes sinais de que precisavam de ajuda e ninguém notou, ou se notou não deu a devida importância?
III) Quantas vezes o tema suicídio já foi debatido em minha escola, no meu grupo de amigos ou no trabalho?
A triste conclusão que cheguei é que infelizmente já passei por essa situação na minha família, no meu trabalho, com amigo muito próximo e na minha vizinhança. E o pior, não em todos, mas em muitos casos, os sinais eram claros e ninguém deu a devida importância.
Mas o que considero mais grave é a resposta para a última pergunta. Nunca vi o tema ser debatido com propriedade em nenhuma das escolas que trabalho ou que estudei, nunca conversamos sobre isso em minha família e esse é um assunto proibido nas rodas de amigos.
O que tudo isso mostra é que a ignorância sobre o assunto o agrava a situação a cada dia, pois de acordo com a Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (Abeps), 9 em cada 10 casos poderiam ser prevenidos se as pessoas não tivessem tanto preconceito e conhecessem mais o assunto.
Diante de tudo isso, convido você a refletir:
- I) Quanto vale a vida?
- II) Vale à pena calar-se e manter o assunto como um tabu?
III) Até quando ficaremos de braços cruzados e mãos atadas diante de uma verdade tão cruel?
Deixo a sugestão de começarmos com as ações do setembro amarelo, assim como fazemos com o outubro rosa e o novembro azul. Essa é uma campanha com diversas ações promovidas pelo Centro de valorização a vida (CVV), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação brasileira de psiquiatria (ABP). Vamos nos vestir de amarelo, colocar um laço amarelo na roupa, amarelar os monumentos da cidade, mas principalmente, vamos falar sobre o assunto, vamos conhecer e debater, pois só conhecendo poderemos combater esse que tende a ser o mal do século.
Prof. Msc Noé Comemorável.
Escola “Prof. Jairo Grossi”
Centro Universitário de Caratinga – UNEC
Escola Estadual Princesa Isabel