PM e comerciantes fazem balanço positivo da “Rede de Comércio Protegido”. Iniciativa serve para proporcionar segurança e combater à criminalidade
CARATINGA – Os comerciantes são alvos preferenciais dos criminosos, pois o dinheiro circula com frequência. O ‘entra e sai’ de clientes deixa a certeza de um “ganho” lucrativo para os bandidos. Por isso, é preciso ficar atento e buscar alternativas para manter o estabelecimento comercial mais seguro.
Assim, comerciantes e a Polícia Militar já atuam em rede há quase quatro anos com a chamada “Rede de Comércio Protegido”. A ideia é simples, mas efetiva, com o objetivo principal de reduzir o índice de
crimes cometidos na região central, sobretudo, em estabelecimentos comerciais. Inicialmente, cada grupo de seis comerciantes deveria instalar uma câmera de segurança, totalizando aproximadamente 70. Assim, eles atuariam como “fiscais de segurança” em parceria com a PM e trocariam informações entre si.
De lá para cá o projeto evoluiu, a começar pelos recursos tecnológicos. Os contatos online, que em 2012 eram feitos por meio da rede social MSN, hoje deram espaço ao
WhatsApp, aplicativo instantâneo e mais rápido, acessado diretamente do celular. Através desse grupo, os comerciantes podem observar a presença de pessoas estranhas, registrar as características e passar para a polícia. Tudo isso em tempo real. Além disso, o número de pessoas que fazem parte da rede aumentou e a PM acredita que os índices de criminalidade reduziram consideravelmente.
O DIÁRIO DE CARATINGA conversou com o chefe de seção de Comunicação Organizacional do 62° Batalhão de Polícia Militar de Caratinga, o tenente Fabrício Pizzani, e também com os comerciantes para fazerem um balanço sobre este projeto, além de outras estratégias da PM no combate à criminalidade.
GARANTIA DE SEGURANÇA PÚBLICA
A Polícia Militar tem diversas áreas de atuação na cidade: trânsito, guarnições tático móvel, patrulhamento motorizado com atendimento comunitário e a mais recente, o Grupo Especializado em Prevenção Motorizada Ostensiva Rápido (Gepmor). Diuturnamente, militares são escalados utilizando pelo menos seis motocicletas, para fazerem o trabalho preventivo nos principais “corredores”, ou seja, locais de difícil acesso e com trânsito intenso, frente à necessidade de deslocamentos rápidos. “É um serviço que realmente tem impacto de maneira positiva na nossa cidade, com diversos resultados que já podem ser percebidos, principalmente no que se refere à redução da incidência criminal na cidade”, afirma tenente Pizzani.
Outra atividade desempenhada pelos militares é por meio do policiamento comunitário, que basicamente é exercido pela equipe da base móvel comunitária, permitindo um contato mais próximo entre PM e comunidade. Um “braço” deste trabalho é a Rede de Comércio Protegido, que hoje já conta com dois grupos de WhatsApp, somando em média 350 comerciantes cadastrados. “Buscamos trazer a comunidade a participar juntamente com a polícia, das atividades inerentes à segurança pública. Dentro disso, temos esse projeto já com resultados altamente positivos. São diversos comerciantes integrados, unidos através de uma comunicação efetiva e eficaz com a polícia militar. Eles participaram
conosco de uma reunião, foi feito visita pela equipe da base comunitária individualizada a cada estabelecimento. Eles têm conosco uma ficha de cadastro preenchida, são pessoas que se somam conosco para buscar melhorias na segurança pública, principalmente, no comércio”.
O projeto conta com apoio da Associação Comercial e Industrial de Caratinga (Acic), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e Conselho Comunitário de Segurança Pública. O projeto conta com dois smartphones e um notebook com acesso à internet, que permite aos
militares o registro de ocorrências policiais até mesmo dentro da base comunitária móvel. “Ou seja, buscar que nosso policiamento esteja na rua, o contato direto com a comunidade. São estratégias que foram implementadas na cidade justamente com o objetivo de maximizar os nossos resultados. Após a implantação, a redução da criminalidade na nossa cidade já é uma realidade. A Polícia Militar trabalha com índices, indicadores, podemos perceber essa diminuição principalmente na área central da cidade”.
Ao comerciante que desejar aderir ao serviço, o tenente afirma que não há custo. “Basta procurar a equipe da base comunitária móvel ou a CDL, que também é responsável por captar novos adeptos à rede. O nosso objetivo é proporcionar segurança pública tanto aos comerciantes como pessoas que vêm de fora para fazer compras, para ter a nossa cidade como referência. Contamos efetivamente com a participação dos comerciantes, aqueles que quiserem aderir conosco, procurem-nos, façam contato, que serão inseridos no grupo e no nosso cadastro, participando das reuniões que realizamos também”.
COMERCIANTES SATISFEITOS
Os comerciantes estão satisfeitos com o projeto e acreditam nos bons resultados, a partir da parceria com a PM. Fabio Peixoto, da Rede Inova, acredita na agilidade e contato mais próximo com os militares. “Depois que entrei na Rede de Comércio Protegido senti mais segurança pela presença da polícia, a proximidade com a gente que é comerciante. Estamos sentindo mais rapidez, quando aciona é rápido. Todos os comerciantes ficam sabendo ao mesmo tempo. Você manda as imagens e eles vão e conseguem recuperar rápido, os produtos, em caso de furto. Já aconteceu comigo aqui e outros colegas vizinhos comerciantes e a solução é muito rápida. A segurança é 100%. Apesar de a rede ser fechada para os comerciantes, é indiretamente segurança para os nossos clientes”.
Eduardo Gomes de Oliveira, da Chilli Beans, também chama atenção para as vantagens da rede. “É uma segurança a mais para nós que trabalhamos no comércio. Podemos nos inteirar com os demais cadastrados no programa e inibir alguma ação dos meliantes, que às vezes passam aqui, suspeitos e temos a oportunidade de intervir com antecedência. Funciona muito bem, a polícia tem sempre visitado as lojas, a presença deles aqui também inibe bastante essa ação”.
A loja já foi alvo de furtos e Eduardo acredita que o grupo contribuiu na recuperação do objeto. Já tivemos um relógio furtado aqui na nossa loja, o nosso sistema de câmeras conseguiu identificar horas depois e com a rede de câmeras também dos demais comércios da vizinhança, conseguimos identificar o suspeito. Por divulgar no grupo a foto, vídeo, eles reconheceram e a Polícia conseguiu chegar até ele e recuperar o nosso produto”.
Clóvis Anselmo, do Paleta Restaurante, destaca os benefícios que vão desde o comerciante aos clientes. “Essa interação entre a Polícia Militar e o comércio é muito boa, porque traz segurança para todos. Até mesmo para os clientes é bom, porque aqui mesmo já tivemos vários casos de a pessoa esquecer alguma coisa, voltar, ficar na dúvida e acaba sendo fácil esclarecer. E também, claro, a questão da segurança, o cliente chega, principalmente mulheres, com bolsa ou alguma coisa, tem liberdade para deixar, sabe que a pessoa agir de má fé é mais difícil. Quem ainda não participa fica o conselho, porque quanto mais pessoas participarem, mais segurança a gente tem”.