Serviço de Acolhimento Familiar CIDES-LESTE faz exposição no Fórum de Caratinga
CARATINGA- O Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico e Social do Leste de Minas (Cides-Leste), através da equipe do Serviço de Acolhimento para Crianças e Adolescentes em Família Acolhedora, está realizando a exposição “Olhos que acolhem”, no Fórum de Caratinga.
As fotos expostas são registros do cotidiano de crianças em acolhimento familiar dos municípios consorciados, afastadas da família de origem por medida de proteção. Retratam a vivência em lares de famílias acolhedoras, cadastradas e capacitadas.
Atualmente o Cides-Leste possui 14 famílias acolhedoras habilitadas, cinco famílias acolhedoras em processo de habilitação e 14 inscrições. Adryelly Alacrino, coordenadora do Serviço de Acolhimento Familiar, enfatiza que o objetivo é a mobilização e sensibilização da sociedade em busca de novas famílias acolhedoras. “A exposição vem sensibilizar pessoas da comunidade, famílias, a conhecer essa modalidade de acolhimento. Essas crianças que são retiradas do seu seio familiar tem um acolhimento temporário, organizado em lares”.
O Serviço de Acolhimento Familiar consiste em selecionar e capacitar famílias para serem os guardiões legais de uma criança ou adolescente por determinado período. A assistente social Edivânia Batista destaca a importância do projeto. “Acima de tudo vem provocar a comunidade para que ela entenda que através do seu ato de acolher alguém que tanto necessita naquele momento, onde crianças e adolescentes estão vivenciando situações de risco, de violação de direitos e vêm as famílias, que por meio do seu afeto e amor podem proporcionar todo o processo de desenvolvimento dessa criança e adolescente. Venha ser família acolhedora, o seu ato de acolher há de transformar muitas vidas”.
O psicólogo Edervânio de Souza explica a questão do apego, uma vez que o acolhimento familiar tem caráter temporário, até se chegar à definição da situação da criança ou adolescente: retornar para a família de origem, encaminhar para a família extensa ou habilitar para a adoção. “É muito importante dizer sobre a questão do vínculo. Um dos questionamentos mais recorrentes das pessoas da sociedade é em relação ao apego que vai ser formado entre a família acolhedora e a criança. E depois essa criança precisa retornar para sua família de origem ou ser colocada para adoção. E o que mais importa nesse momento é justamente esse vínculo, porque isso que proporciona o desenvolvimento. Existem estudos que dizem que o apego é tão construidor do desenvolvimento humano, quanto qualquer outro tipo de alimento”.
O Acolhimento Familiar é lei. Desde 2009, foi elevado ao grau preferencial no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), com as alterações incluídas pela Lei 12.010, mais conhecida como Lei Nacional de Adoção.
Segundo o Artigo 34 do ECA, § 1º, “a inclusão da criança ou adolescente em programas de Acolhimento Familiar terá preferência a seu acolhimento institucional, observado, em qualquer caso, o caráter temporário e excepcional da medida, nos termos da Lei”.
A promotora Flávia Alcântara acrescenta que, e acordo com o ECA, qualquer criança em situação de risco, retirada de sua família biológica, deveria ser colocada preferencialmente em Acolhimento Familiar. “O acolhimento institucional e familiar está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente como uma medida de proteção, que deve ser aplicada a crianças e adolescentes que estão em situação de risco. Elas são temporariamente afastadas da sua família de origem, a fim de que as equipes técnicas possam trabalhar com essa família, para que a criança retorne para a família de origem ou para a família ampliada, numa condição mais favorável, a fim de que seus direitos sejam preservados. E no Estatuto, numa alteração que ocorreu em 2009, passou a privilegiar o sistema de acolhimento familiar, então, a família acolhedora tem preferência sobre o serviço de acolhimento institucional, porque se entende que o acolhimento familiar protege mais os interesses da criança e do adolescente que estão nessa medida extrema de afastamento da família de origem”.
A diarista Roseli Lopes recebe em seu lar, pela segunda vez, uma criança e afirma que o acolhimento é uma lição diária. “Pra mim é uma experiência muito gratificante. É um ato de amor muito grande. Já estou na fase do segundo acolhimento, às vezes você pensa se vai dar conta, se vai conseguir, mas, quando você olha para a criança, ela transmite um amor muito grande, alegria. E vamos convivendo dia após dia com essas crianças e aprendendo com elas. Está sendo uma experiência maravilhosa, que estou passando para muitas pessoas. Não é fácil, mas, não é impossível e vale a pena, a gente buscar dedicar a essas crianças”.