* Antônio Fonseca da Silva
Neste primeiro texto do ano, depois das festas de formatura, comemoração do natal, renovado nosso espírito cristão, da celebração de mais um ano novo, e das esperadas férias escolares, não poderia deixar de escrever uma crônica sobre uma conversa que tive com um amigo que me indagou, quase em tom de punição: – Mas você não tirou férias? Acrescentou, ainda, em tom de seriedade que o tempo passa muito rápido e que precisamos aproveitar a vida. Tal diálogo me fez pensar profundamente sobre o tempo. Do grego: Chrónos. E assim muitas falas sobre o tempo me vieram à cabeça. Do senso comum, algumas antigas e repetidas por nossas mães que sempre nos ensinaram e nos ensinam com ditados populares: O tempo não para, o tempo não perdoa, como o tempo passa, tempo é dinheiro, o tempo voa, não tenha pressa, mas também não perca tempo.
Outras falas ouvimos dos grandes nomes da história, que refletem saudosismo e ensinamentos: “Hoje lembro com saudade o tempo que ficou, o tempo passa tão depressa só que em mim ficou Jovens tardes de Domingo, tantas alegrias, velhos tempos, velhos dias” ― Roberto Carlos; “Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito.” ― Clarice Lispector; “As três coisas mais difíceis do mundo são: guardar um segredo, perdoar uma ofensa e aproveitar o tempo.” ― Benjamin Franklin; “Para todos os males, há dois remédios: o tempo e o silêncio.” ― Alexandre Dumas;, “Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de abraçar e tempo de afastar-se; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz.” ― Eclesiastes 3; “A vida já é curta e nós a encurtamos ainda mais desperdiçando o tempo.” -Victor Hugo; “Com organização e tempo, acha-se o segredo de fazer tudo e bem feito.” – Pitágoras.
Muitas fontes e uma incógnita: “o tempo”. Vivemos, sentimos, mas não o detemos. Ao analisarmos cada uma das citações entendemos sua lógica e veracidade, mas ao usarmos o tempo percebemos que seu uso é relativo. Para alguns, aproveitar o tempo é navegar nas redes sociais, para outros é curtir um happy hour com os amigos, para outros é praticar seu esporte preferido, para outros é estudar, para outros é viajar… a lista é extensa. Certo é que, à sua maneira, cada um tem um tempo e o uso que faz dele tem a ver com sua percepção da vida e de sua estada no mundo. Assim, mesmo que de forma inconsciente cada um opta pelo uso que faz do tempo e o define de acordo com suas crenças, convicções e ações, o que de certa maneira reflete umas dessas citações relativas ao tempo. Para alguns o tempo que passa é um fardo, lamentam as limitações do corpo ignorando o enriquecimento da mente e da alma, relembram um tempo passado como algo antigo não se orgulhando de ter vivido aquele momento. Talvez tais lamentações tenham a ver com a forma que essas pessoas viveram o seu tempo, se não cuidaram do corpo as limitações serão maiores, serão menos ágeis, terão menos saúde, se não fizeram aquilo que gostariam de ter feito lamentam o tempo perdido.
Quanto a mim posso dizer que aprecio muito três citações aqui transcritas e posso afirmar que tento segui-las: “Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de abraçar e tempo de afastar-se; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz.” ― Eclesiastes 3, “Para todos os males, há dois remédios: o tempo e o silêncio.” ― Alexandre Dumas; “Com organização e tempo, acha-se o segredo de fazer tudo e bem feito. – Pitágoras. Pois acredito que cada um recebe uma missão e tem que tentar cumpri-la da melhor forma que encontrar.
O leitor deve estar impaciente para saber o que respondi a meu amigo. Disse a ele que cada um aproveita suas férias fazendo o que gosta, uns viajando, outros ficando em casa, e outros fazendo muitas outras coisas, eu fico de férias trabalhando, pois acredito que quem faz o que gosta vive de férias.
* Antônio Fonseca da Silva é Reitor e professor de Linguística do Centro Universitário de Caratinga – UNEC. Mestre em Administração pela Fundação Pedro Leopoldo. Mais informações sobre o autor: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4137123U3