A maioria dos nossos craques, do passado e do presente, é negra. Isso é um fato que não pode ser negado e precisa ser mais valorizado. Porém, o preconceito sempre existiu por parte de “torcedores” que puxam o coro da elitização do nosso futebol, uma das maiores paixões do povo brasileiro. Desde Bangu e Vasco, pioneiros na luta contra o racismo no futebol, esse mal nos assombra e parece ganhar cada vez mais força com a ala imbecil das arquibancadas.
Lamentáveis casos de racismo são registrados semanalmente em nosso país. E enquanto não houver punições severas para estes criminosos disfarçados de torcedores e também para os clubes, nada vai mudar. O que acontece com quem pratica injúrias raciais é a comoção de quem relativiza os casos e transformam o errado em vítima. Frases como “eu não sou racista, tenho amigos negros” são comuns para quem tenta pagar de correto numa situação que não cabe argumentos e sim cobranças.
É de grande importância jogadores, treinadores e personalidades se posicionarem para mostrar a força que o movimento negro vem ganhando. Vale destacar que desde quando os primeiros atletas negros foram inseridos no futebol, o sucesso sempre incomodou aqueles que se achavam superiores. E vai seguir incomodando, pois o futebol é do povo e é ele que mantém acesa a paixão do torcedor que sai cedo de casa para acompanhar o time da maneira que for possível, do torcedor que tira uma grana do suado salário para comprar uma camisa, um ingresso, qualquer objeto que o faça demonstrar seu amor pelo clube e pelo futebol.
Jogadores negros são os representantes do povo dentro de campo. As histórias de vida são parecidas, chegar no topo não é fácil para ninguém, mas o caminho é duas vezes mais longo para o negro. Abrir mão da infância, adolescência, para se dedicar aos treinos. Pagar o ônibus com o dinheiro que era pra comprar comida. Umas das inúmeras dificuldades que passam até chegarem ao objetivo e dar retorno à família. E quando chegam, é uma vitória de todos. Representatividade é isso e importa.
Gratidão a Roger Machado, Marcão, Pelé, Adilio, Andrade, Taison, Balotelli, Lukaku, Moise Kean, Daniel Alves, entre outros. O futebol resiste. O negro resiste.
Matheus Soares