Ildecir A.Lessa
Advogado
O assunto é hospital. É nele que as pessoas doentes, debilitadas na saúde e acidentadas recebem tratamentos. Mas, onde surgiu a ideia de construir hospitais, se na antiguidade não existia nada semelhante? Na modernidade, o hospital representa a solicitude natural humana para com o sofrimento das pessoas. O nome hospital vem do latim “hospes”, que significa “convidado”. Deriva daí, “hospitalis” (hospitaleiro) e “hospitium”, uma casa de hóspedes ou quarto de hóspedes. Na origem denota o termo hospital, onde os visitantes eram recebidos. No curso do tempo, o uso do termo ficou restrito a instituições destinadas ao cuidado dos doentes.
O psicanalista francês Foucault disse que, o hospital como instrumento terapêutico é uma invenção relativamente nova, que data o final do século XVIII. Segundo ele, a consciência de que o hospital pode e deve ser um instrumento destinado a curar aparece claramente em torno de 1780. Diversos estudiosos e filantropos dessa época como o inglês John Howard (1726–1790) conhecido como o reformador das prisões e o médico francês Jacques-René Tenon (1724 – 1816) que em 1788 publicou o Tenon “Memórias sobre os Hospitais de Paris” a pedido da “Academia de Ciências” no momento em que se colocava o problema da reconstrução do Hotel-Dieu de Paris.
A tarefa de descrever a origem do hospital que conhecemos ou a reconstrução sociológica da história dos hospitais, requer uma análise das condições políticas, econômicas e culturais da estrutura social, dos sistemas de valores, da organização da cidade, em relação às condições e necessidades da população nos diversos períodos históricos. Na modernidade atual, trabalham em hospital profissionais de limpeza, administração, diretoria, recepção, e principalmente profissionais de saúde, como médicos, pediatras enfermeiros, fisioterapeutas, etc. O planejamento dos serviços a ser oferecidos e o estudo da relação da unidade hospitalar com as demais unidades de saúde é realizado por profissionais de saúde pública e autoridades sanitárias governamentais, política e juridicamente constituídas. Os principais departamentos de um hospital são o seu corpo clínico (diretoria médica) e o serviço de arquivo médico e estatística; o setor administrativo de manutenção e o setor financeiro. O hospital abriga diversos profissionais e setores que se encerram em um só objetivo: estabelecer um conjunto de esforços para servir à saúde e ao bem-estar do paciente. No entanto, um hospital só é capaz de fornecer a seus pacientes o melhor serviço possível com os devidos investimentos administrados de forma adequada e com um planejamento bem pensado. E é por isso que a gestão hospitalar deve levar em conta que, assim como uma empresa, o hospital também depende de fundos e precisa oferecer vantagens a seus clientes. Então por que não aplicar uma estratégia empresarial no hospital, otimizando seus serviços e potencializando os resultados? Não importa se o hospital é privado, devendo oferecer resultados para os proprietários, ou público, quando a obrigação é diretamente com os contribuintes que custeiam a saúde pública: não se pode negligenciar a importância de traçar um plano de negócios. Como uma boa gestão financeira só traz benefícios,um hospital não funciona sem dinheiro. O profissional da área da saúde carrega uma importante missão em suas mãos: cuidar do próximo. Mas para que esses cuidados sejam prestados de maneira satisfatória, é imprescindível, além, claro, da qualificação, proporcionar um ambiente que ofereça as devidas condições para o tratamento. Um hospital sem equipamentos vai fatalmente trazer prejuízo aos pacientes. Dessa forma, é preciso gerir o dinheiro de maneira eficiente. Assim como nas grandes empresas existem profissionais responsáveis pela parte econômica, em um hospital não deve ser diferente. Por isso, é imprescindível contar com pessoal capacitado para oferecer suporte com as contas.
A gestão hospitalar começa com um choque de organização nas finanças, procurando saber onde e como está sendo aplicado o dinheiro, passo vital para determinar como alocá-lo da melhor maneira possível. Traçar uma estratégia empresarial no hospital não é, de forma alguma, uma maneira de desumanizar o atendimento médico, mas, sim, um recurso para maximizar a competência e aumentar o escopo de ação sem perder em qualidade. Afinal de contas, uma gestão de qualidade se reverte em tratamento de qualidade, o objetivo final de todo hospital. O Hospital de Caratinga, que tem como área de atendimento diversos municípios vizinhos, vem ao longo dos anos, arrastando uma crise infindável que se chama: falta de recursos. Para melhorar firmou em 2014 uma parceria com o Unec, com previsão de duração de dez anos. O contrato foi rompido dois anos depois. O hospital é alvo de notícias, diárias, as mais diversas, sempre sobre o mesmo bordão: a falta de recursos. E as ameaças: “o Hospital vai fechar”; “os médicos do HNSA vão parar suas atividades”; “não existem recursos para pagar os funcionários” “não tem material hospitalar”, dentre outras noticias constantes na imprensa local. E nesse hospital, desfilaram administradores de escol, pessoas bem intencionadas da sociedade local, sempre sobre a liderança religiosa e, o resultado é a ineficiência, inobstante o curriculum dos administradores (com destaque para reitor, pró-reitor e, gabaritados funcionários do Unec), que pela administração passaram, conforme largamente noticiado pela imprensa escrita e televisiva. Tudo isso, em aliança com o atual Chefe do Executivo Municipal, que desde o início do governo municipal priorizou a área da saúde! O resultado não teve um final feliz. Os dados divulgados apontam para uma inevitável falência do hospital. Devido o caos financeiro e administrativo instalado, o diagnóstico, apresentado por muitos entendidos do assunto, que não querem manifestar publicamente é: o HNSA está na UTI Financeira e Administrativa: a solução é leva-lo ao intenso processo de privatização! Fica a receita médica…