Ildecir A. Lessa
Advogado
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse no domingo (30/12), no Rio de Janeiro que o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, afirmou a ele que a transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém era uma questão de “‘quando’, não de ‘se’”. A mudança da embaixada para Jerusalém foi defendida por Bolsonaro durante a campanha e também depois de eleito. O presidente eleito Bolsonaro em uma entrevista declarou que fará a transferência.
A linha do tempo registra que, em 1948, judeus em todo o mundo se aglomeravam em praças e ruas, vilas e vilarejos, em suas casas ou no meio do povo, diante de sinagogas ou do lado de fora das bibliotecas. Esperavam o desfecho da reunião da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. Viria de lá a chance de retorno do povo judeu ao seu lar. No assento que presidia a sessão estava o brasileiro Oswaldo Aranha. Não era apenas uma pessoa que, por dever regimental, sentou numa cadeira. Aranha se engajou num xadrez diplomático profundamente complexo. Na autobiografia No Room for Small Dreams, o líder israelense Shimon Peres, Nobel da Paz, recorda o momento. “Nós podíamos ouvir Oswaldo Aranha, o presidente da Assembleia Geral, chamando para a votação da resolução. Nós ouvíamos com toda a atenção, ao lado de comunidades judaicas de todo o mundo”.
Nesse processo, o aperto de mão dos dois líderes – Jair Bolsonaro e Benjamin Netanyahu -, visto historicamente, é a forma institucionalmente apropriada, diplomaticamente adequada e democraticamente legitimada de promover um reencontro necessário. Decorreram 70 anos. Aconteceu em 2018. Benjamin Netanyahu não é Ben-Gurion nem Jair Bolsonaro é Oswaldo Aranha. Mas o Brasil segue sendo o Brasil, assim como Israel persiste, corajosamente, no seu caminho. É o que basta. Afinal, Os judeus são o povo mais tenaz da história. A cidade de Hebron está para provar. Encontra-se vinte milhas ao sul de Jerusalém, a 3.000 pés de altura nas colinas judeias. Ali, na Caverna de Macpela, estão os Túmulos dos Patriarcas. Estão ali os restos mortais de Abraão, antepassado da raça judaica. Está também, o túmulo de sua mulher, Sara. No interior do recinto estão os túmulos gêmeos de seu filho Isaac e de sua mulher Rebeca. Passando o quintal interno, está um outro par de túmulos, do neto de Abraão, Jacó, e de sua mulher Lia. Fora do prédio está o túmulo do filho deles, José. Foi ali que a história de 4.000 anos dos judeus, na medida em que pode ser situada em tempo e espaço, começou. Jerusalém é uma das cidades mais antigas da Terra. Foi declarada capital eterna e indivisível de Israel. O parlamento israelense aprovou, em data de 30 de julho de 1980, projeto de lei declarando Jerusalém como capital una e indivisível do Estado de Israel.
Na seara do Direito Internacional não há instrumentos vinculantes que declarem ilícita a ocupação por Israel, de Jerusalém. Israel tem plena e total soberania sobre Jerusalém, sua capital. O Brasil passando a reconhecer que a capital de Israel é Jerusalém, mudando sua embaixada, estará dando adesão a um acontecimento inevitável. Jerusalém é a capital eterna de Israel. Isso está registrado na Bíblia.
Fica, por outro lado evidente, um sinal da mais forte profecia. Da volta de Jesus. E a posição que o Brasil deve adotar nessa hora, é contribuir pela paz de Jerusalém. Como diz o salmista: “Orai pela paz de Jerusalém! Sejam prósperos os que te amam” (Salmo 122.6). Por isso, Jerusalém é um cálice de tontear.