Meu pai nasceu no dia 25 de junho de 1954, na maternidade do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora em Caratinga. Filho de Elsabeth Mendes Lessa – do lar – e José Lessa Júnior – marceneiro, professor de Religião e escritor (desse exemplo que nasceu o desejo de estudar, ser professor – e amar a leitura e a escrita), com 09 irmãos, teve uma infância simples, entre as Ruas Princesa Isabel e João Pinheiro, brincando – quase sempre jogando bola, nas peladas no campinho do Colégio Caratinga, que era sua brincadeira preferida – e surgiu seu primeiro apelido, “canela dura”. Não era muito hábil com a bola, mas tinha raça e somava em campo, segundo seus amigos de infância, também era “bom de briga”, sempre muito alegre e parceiro, mas como quase todo adolescente e jovem, se mexia com ele, seus amigos ou familiares, ele logo defendia a todos.
Desde menino, sempre gostou de ler, antes mesmo de sua alfabetização, já era encantado com as letras dos jornais que meu avô deixava pelo chão da sala após a leitura, meu pai dizia que era de propósito para “pegar” o gosto da leitura, e meu avô estava certo, até hoje é um exímio leitor, sendo proprietário de uma vasta biblioteca que ocupa duas salas inteiras do Edifício Monte Azul. Em nossa última contagem, eram quase 15 mil exemplares de diversos livros, tornando a meu ver, uma das maiores bibliotecas privadas da região de Caratinga.
Estudou no Colégio Princesa Isabel, Colégio Caratinga, Estadual e CNEC; no primário, foi apelidado pelo colega Argeu Coelho como “macaquinho”, pois adorava imitar as pessoas, principalmente seus colegas de sala e seus professores. Mesmo sendo tímido, nunca deixou de fazer suas imitações. Quem o conhece de vista ou apenas como profissional, não sabe dessa sua outra face, mas é um imitador nato! Quando está rodeado de amigos mais próximos e de familiares, sempre nesse momento, com certeza, você verá imitando alguém e arrancando risadas dos que estão a sua volta.
Nesse período da juventude, seus amigos mais próximos eram: Hamilton, Zé Augusto, Aloísio, Juninho “do Reverendo”, e posteriormente, Wanbert, Lysias, Miguel e Aladim – aos que partiram mais cedo, minha especial homenagem, pois sei que eram extremamente felizes. Ainda na juventude, em 1981, Professor Cláudio retorna à Caratinga e funda um Movimento Revolucionário, convidando meu pai para fazer parte nas reuniões, distribuição de jornais e sendo ativo na luta contra a Ditadura Militar.
Seu primeiro emprego foi como vendedor de Tecidos na loja do Sr. Neuber. Um acidente com seu pai desestabilizou toda família, deixando meu avô tetraplégico e vindo posteriormente a falecer. Todos os irmãos e irmãs tiveram que amadurecer e sobreviver, trabalhando cedo e deixando o sonho de estudar a época. Lutaram muito para manter a casa e continuarem unidos como família. Isso atualmente é uma grande marca da família Lessa, união, carinho e companheirismo! Muitos foram para Belo Horizonte, onde vivem lá até hoje! Meu tio Iltacir, mais conhecido como “Tati” ainda trabalha na Marcenaria que foi do meu avô na Rua Princesa Isabel, outro fato inusitado é a casa da família que continua igual desde a passagem dos meus avós!
Conheceu minha mãe, Maria Lúcia, na Igreja Maranata de Ipatinga, MG. Casou-se em 1980 na referida igreja em Caratinga, na Rua Princesa Isabel. Tem um único filho, Lucas, que vos escreve nesse momento, gentilmente cedido pelo Jornal Diário de Caratinga, onde meu pai é articulista, escrevendo toda semana, geralmente nas edições de domingo, sempre temas de interesse e atualidades do Brasil. Como é extremamente discreto, nunca escreveu nada de sua família ou da sua vida pessoal, mas fez grandes homenagens aos amigos que partiram!
Após esse breve histórico, queria então, a partir do meu nascimento deter-me mais em alguns fatos marcantes da minha memória, até os dias atuais.
Minha infância (até meus 10 anos) fora na Rua João Pinheiro, moramos ao lado do atual Vind´s Hotel, num prédio que está com as mesmas cores de 40 anos atrás. Meu pai trabalhava no Cartório Medeiros com o grande amigo, Chico Medeiros. Sempre admirou o mundo jurídico, trabalhando no Fórum (Caratinga e Governador Valadares) e em Cartórios. Dessa forma, aprimorou na escrita, o que iria, anos na frente, em sua profissão como Advogado, ter um legado entre o pares de extensa admiração. Quando estudei Direito, meu professor de Processo Civil levava para sala de aula, Recursos Processuais redigidos pelo meu pai – confesso que davam-me muito orgulho! Minha mãe foi a grande incentivadora para estudar Direito, inclusive começou a trabalhar parar ajuda-lo e em 1988 formou-se em Direito pela FADIVALE – Faculdade de Direito de Governador Valadares. Começou a trabalhar no Escritório de Advocacia juntamente com outros amigos: Dr. Aladin e Dr. Walner Milward (atual Juiz de Direito em Uberlândia).
Mudamos para o Morro Caratinga, eu estudava no Estadual, depois fui para o CNEC; minha mãe vendia roupas por conta própria e nesse período compra sua primeira loja na Praça Getúlio Vargas que nesse mesmo momento, meu pai começa a trabalhar no Escritório do Dr. Cristovám Moreira de Siqueira, que lembro com muito carinho, de todas as formas em que se ajudaram mutualmente na profissão, juntamente com o Dr. Cláudio Boy, Dr. Sérgio Valente, Dr. Aladin e o Dr. Fernando (contador) e depois seu filho, Dr. Fernando Júnior (advogado e contador). Um fato interessante é que mudamos para a casa ao lado do Escritório, de propriedade do Sr. Otorino, um italiano que falava alto e que eu tinha muito medo e depois, respeito! Portanto, ficamos muitos anos, não sei precisar quantos, morando e trabalhando um do lado do outro, tudo na Praça Getúlio Vargas, até nos mudarmos em definitivo para o recém-inaugurado Bairro dos Rodoviários.
Nos idos de 1990 retorna com minha mãe para a Igreja Maranata, onde atualmente, exerce a função de Pastor e, dentro das doutrinas da Igreja, registro a modalidade do Ministério leigo, ou seja, não recebe nenhum tipo de benefícios financeiros – sendo totalmente e exclusivamente seus rendimentos fruto da profissão como Advogado – sendo um grande orgulho para toda a família! Vivendo sua fé, pela graça e misericórdia de Deus, onde me passou a herança contida na Palavra de Deus: “que o justo viverá pela fé!” esperando assim, a promessa profética da volta do nosso Salvador, Jesus Cristo.
Na enchente de 2003 em Caratinga, uma das lojas da minha mãe e o escritório do meu pai foram totalmente destruídos. A loja foi “levada” pela água e o escritório que ficava no segundo andar, seu teto desabou, sobrando poucas coisas, mas um dos seus bens mais preciosos e que mais ama, seus livros, em quase sua totalidade foram recuperados. Isso o levou a passar mal, ser internado e depois de um descanso (férias) forçadas, mudou seu escritório para a Avenida Benedito Valadares, no Edifício Monte Azul, com sede própria e levando agora seu nome: Lessa Advogados Associados, passando por lá, grandes nomes da advocacia regional: Dr. Sebastião Rezende, Dr. Rafael Alves, Dr. Charles, Dra. Janaína, Drª. Fernanda Pires, Drª. Naíca, dentre outros. Atualmente o escritório é composto por: meu pai, Dr. Lessa, Dr. Sebastião (Calu), Drª. Mariana Restori e Dr. Rafael.
Sempre a frente do seu tempo! Foi um dos primeiros a ter telefone celular, onde comprou seu aparelho que apenas funcionava em Valadares, onde fazia sua Especialização em Direito, foi um dos primeiros a comprar computador e ter internet. Um autodidata, sempre pesquisou e aprendeu sobre as tecnologias, que até hoje o fascinam. Faz cursos de tudo, atualmente está estudando o tema “Inteligência Artificial” e tem me dado muitos exemplos de que não podemos parar, mesmo que as adversidades batam a porta, temos que seguir em frente, conforme a canção de Almir Satler (tema de um dos seus artigos), fazendo várias mudanças, reformas e aperfeiçoamentos em todos os setores de sua vida, em alusão as comemorações, nesse ano, dos seus 65 anos de vida. Sua fala conosco é: “não quero parar”!
Portanto pai, que será “pego de surpresa” lendo esse artigo do Diário, escrito por seu filho, com o título que sempre encerra os seus artigos: “Ildecir A. Lessa – Advogado”, minha intenção com o auxílio do seu grande amigo de 55 anos, Dr. Aladin e de sua irmã Ilnamir Beatriz Lessa (que me ajudaram na confecção do mesmo com informações sobre sua infância), é de expressar e registrar para todos os amigos e leitores do Jornal, meu reconhecimento e enorme gratidão. Reconhecimento por ser meu amigo e parceiro, mais do que pai, sempre ao meu lado, em todos os momentos, principalmente dando força e estendendo a mão nos momentos de tristeza e adversidade, sempre permitindo-me ser quem verdadeiramente sou, dentro dessa nova forma de vida, que hoje confesso, mais feliz e extremamente bem resolvido. Gratidão, principalmente a Deus, o Dono da Vida, que tem permitido sua estadia conosco nessa vida, há 65 anos, sempre com resiliência, muita fé e encorajamento para todos seus amigos e familiares, em especial, minha mãe e eu, que somos acalentados por suas palavras de ânimo e fortalecidos com sua motivação de sempre querer mais e o melhor para nós. Dentro dos meus limites, tenho aprendido com você a “subir para o segundo andar” – uma referência pessoal e interna da família – para evoluir e aprender nessa Existência o verdadeiro sentido da vida: ser correto, ter a verdade e o amor às pessoas. Obrigado pelo carinho e amor, a atenção dispensada nos piores momentos, a realizar meus desejos, quase sempre interrompendo os seus, ou colocando-os na frente, mas também pelos momentos que são maiores, de alegria, de paz e de conversas até tarde da noite, pelo celular (com quase 2 horas de duração), pelas advertências e conselhos. Não sou e não pretendo ser perfeito, mas quero sempre ser quem eu sou e muito verdadeiro em tudo. Encerro dizendo que se fosse para escolher passar tudo de novo, com certeza, assumiria essa missão novamente, contando sempre que, de novo, seria com você. Sem arrependimentos! Te amo pai, e feliz aniversário, que Deus te abençoe com saúde, paz e felicidade.
Juiz de Fora, 25 de junho de 2019 – Ildecir A. Lessa – Advogado – 65 anos!
Lucas Lessa