Apac de Caratinga é a grande vencedora com a música “Livres atrás das grades”
CARATINGA – Uma forma de ressocialização. Esse é o objetivo principal do Festipri (Festival da Canção Prisional), cuja etapa final Vale do Rio Doce, foi realizada na manhã de ontem no Centro Universitário de Caratinga. As músicas são inéditas e de autoria dos detentos. Participaram seis unidades prisionais com um total de 16 inscritos: Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, em Ipaba; Presídio de Ponte Nova, Presídio de Caratinga e as Associações de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac’s) de Caratinga, Manhuaçu e Santa Maria do Suaçuí.
O evento foi prestigiado por familiares dos detentos e autoridades. A segurança foi realizada pelo GIR (Grupo de Intervenção Rápida) de Caratinga.
A diretora do presídio de Caratinga, Maria Alice Mendes Gomes, contou que a unidade está participando do evento pela segunda vez e lembrou que no ano passado os recuperandos de Caratinga foram campeões tanto na melodia quanto na letra e ainda ressaltou a importância do festival. “Vejo que apesar de hoje estar em cárcere, a música é uma forma de liberdade, de expressarem o que sentem e é uma prática de ressocialização que a Seap (Secretaria de Estado de Administração Prisional) tem investido”.
Adriana Luppis, diretora da Apac de Caratinga, enfatizou que é uma alegria muito grande ver o entusiasmo e a preparação os recuperandos, os ensaios, as famílias participando junto. “É um diferencial no sistema prisional, contribui muito para ressocialização deles”, frisou.
O diretor de Ensino e Profissionalização da Seap (Secretaria de Administração Prisional), Lucas Eduardo Pereira Silva, explicou que a Secretaria tem dentro de sua estrutura uma Subsecretaria de Humanização de Atendimento, onde se desenvolvem ações não só para escolarização básica, mas também atividades socioculturais e esportivas, pensando a educação no sentido mais amplo. “O Festipri vem de outro projeto mais antigo, que foi reeditado e a gente vem tentando fazer com que os presos sejam valorizados durante o cumprimento de pena, e preparados para saída deles também pela via da cultura e a música é uma dessas possibilidades. A gente tenta promover este festival todos os anos, que roda todo estado de Minas e tem formato regionalizado. Estamos trazendo a final para Caratinga. A proposta principal é valorizar essas pessoas que estão em cumprimento de pena pelas boas práticas e as aptidões que elas têm. Acreditamos que o cumprimento de pena deve transformar, ajudar a pessoa privada de sua liberdade a ter perspectivas diferentes”, avaliou o diretor.
O juiz da Primeira Vara Criminal de Execuções Penais de Caratinga, Consuelo Silveira Neto, foi um dos jurados e falou da importância do Festipri. “O Tribunal de Justiça vê como muita alegria a realização destes eventos de grande porte, principalmente por Caratinga ter sido escolhida para ser a sede deste festival de música, envolvendo as unidades prisionais e os reclusos da nossa região. Fiquei muito feliz por receber o convite para ser jurado. Sou um apaixonado pela música e ainda poder participar efetivamente deste festival, e conhecer o trabalho que é feito nas diversas unidades da região no que se refere à ressocialização do condenado na utilização da música, como terapia para aqueles que estão reclusos”.
Para o magistrado, esse tipo de festival na vida do detento tem um significado muito importante. “A música trabalha alguns conceitos de transformação e a vontade de superação e com isso a sociedade ganha a ressocialização dessas pessoas”.
VENCEDORES
Os vencedores ganharam o troféu que recebeu o nome do juiz de direito Consuelo Silveira Neto. Em primeiro lugar ficou a Apac de Caratinga, com a música “Livres atrás das grades”. A canção foi apresentada pela banda composta pelos recuperandos Gustavo Barbosa, José Washington Oliveira, Pablo Azevedo, Israel da Costa Prates e por Joel Júnior e Samuel Cabral, respectivamente, voluntário e inspetor da APAC. Em segundo lugar, ficou o presídio de Caratinga, com a canção “Deus me fará mudança”. A música foi apresentada pela banda formada pelos reclusos Thales Gonçalves, Henrique Anselmo, Joubert Ribeiro, Carlos Roberto e Neemias Carlos. Em terceiro ficou a Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, em Ipaba, com a música “Mudança”.
OS PARTICIPANTES DE CARATINGA
Carlos Roberto Lopes de Freitas, 26 anos, está no presídio há cinco meses. Ele foi o compositor da música que levou o segundo lugar do festival, “Deus me fará mudança”. Carlos falou da experiência de participar do festival e da letra da música. “Me animei para demonstrar o que sentia realmente, quando estamos presos vemos que perdemos muitas oportunidades e ali vamos rever nossos princípios, tivemos ajuda da direção para conseguir formar uma banda. Na letra quis dizer que a gente colhe as consequências dos nossos atos e depois colhemos os frutos e lá dentro temos a oportunidade de refletir, para pensar no que erramos e no que pode melhorar”.
Gustavo Barboza Fernandes, recuperando da Apac, disse que é uma satisfação mostrar a capacidade de fazer alguma coisa e dar a volta por cima. “Mesmo a gente estando preso, estamos livres para expor nossos sentimentos e ideias, estou muito feliz”.
Um comentário
Odimar José Damasceno
E que seja tudo para o louvor honra e glória do nosso Deus! Jesus liberta cura e salva! Parabens aos participantes e incentivadores!